Humanum crucifigunt hominum

30 de Mar / 2018 às 19h05 | Espaço do Leitor

Quando era criança

numa noite de relâmpagos

sozinho , fui escondido

ver a procissão do "senhor morto" na luz mortiça daquela Juazeiro.

Fiéis ou fariseus disfarçados de "Ku klux klam" encapuzados? E eu escondido criança!

Vi aquele manto roxo

Aquela imagem esquálida, lânguida... de sangue coalhado

Eu imediato, longe de ser beato

preferi a imagem do crucificado.

Crianças não suportam ver os seus heróis mortos chorados em lágrimas secas. Véus desanuviados de "filhas de Maria" e Madalenas arrependidas.

Aquele cântico em cântaros!

"Perdão meu Jesus

Perdão Deus de amor

Perdão Deus Clemente

Perdoai Senhor"

Mataram Deus?

Duvidei, me desesperei

Àquilo... jamais divino.

Que horror!

"Até hoje não perdoei os romanos da "via apia"

Como Deus também não perdoou os humanos da "via crucis" .

Não há pecado execrado em "via sacra "?

A humanidade é absolutamente maior em miséria! Vida em mortes violentas e covardes

Enquanto fazem fortuna no dízimo na "Valsa" da falsa fé.

Erguem templos de Salomão?

Não pagam nem direitos autorais.

O universo infindo de lux

Nunca morreu no "gólgota"

E o meu Cristo é outro no "corcovado"  de braços abertos de amor

jamais eternamente crucificado!

Na "sexta feira da paixão " vou comer "vatapá" do meu "orixá"

O peixe vinha na rede do pescador Pedro do "angary".

O vinho de "baco" "cata festa" "capelinha" ou "sangue de boi"

E no sábado do "enforcado" Iscariotes vou me encharcar!

Na minha infância o ovo da Páscoa era de parafina

E depois do cinema eu sonhava e ainda sonho.. me lambuzar no amor de Madalena. Eu te amo Madalena! Disse em segredo na solidão da minha noite finda.

Aleluia era para mim uma lua cheia nua de paixão ainda.

Tempos depois fiz uma canção pensando em Jesus em acalanto para o meu filho Moisés:

olhos azuis como eram os de Jesus - se é que Jesus os tinha?

"E digo mais... não tenho medo de "satanás", saio com ele na porrada, é só ele aparecer?

Eu tenho medo é de humanos covardes!

Por Mauricio Dias

Um ateu demasiadamente protegido por Deus!

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