Do pão com nada até a titularidade: Hoje na Suécia, Nixon revela bastidores do Fla

12 de Apr / 2018 às 17h02 | Esporte

O site oGol fez uma grande reportagem com o juazeiresne Nixon, que hoje atua na Europa, atuando pelo Kalmar da Suécia. Na reportagem, ele cita momentos do início da carreira, passangem pelo Flamengo e seu atual momento. Abaixo, veja a matéria completa com o craque da nossa cidade. 

"Com nome do 37º presidente dos Estados Unidos da América, mas com origens baianas, Nixon começou a carreira no Flamengo. Natural de Juazeiro, a Juazeiro baiana, faz questão de ressaltar, o atacante, hoje no futebol sueco, detalhou seu início de carreira no Rio de Janeiro, com bastidores da Gávea. O jogador ainda tem contrato com o Rubro-Negro, e segue de olho no clube, mesmo de longe.

A reportagem de oGol conversou por telefone com o atleta, e começou falando sobre... O nome. Nixon deixa dúvida sobre se seu nome foi mesmo uma homenagem ao ex-presidente estadunidense.

"Meu pai nasceu exatamente em 1970, e meus avós colocaram esse nome nele. Não sei o motivo deles para colocar no meu pai. Talvez seja porque o nome era bonito (risos). Eu achei o nome 'fera', bonito", brincou.

Assim como o nome, Nixon herdou do pai o futebol. O Nixon pai foi também jogador, mas, por problemas físicos, encerrou a carreira. O filho, então, seguiu o exemplo e começou em escolinhas em Juazeiro. Logo, foi fazer testes na capital baiana, Salvador, mas a distncia da família o assustou.

"Meu primeiro teste foi no Vitória e passei. Mas, quando vi meu pai ir embora, pedi para ir embora dias depois. Depois, fiz teste no Vitória de novo e não fiquei. No Bahia, não fiquei. Foi quando fiz teste no Atlético Paranaense, que tinha parceria com o Porto de Caruaru. Nessa época, eles organizaram e fui ao Porto de Caruaru, onde fiquei um ano e dois meses", recorda.

De Caruaru ao Rio

De Caruaru ao Rio foi um pulo. Ou melhor, um salto imenso: com a ajuda de uma embaixada do Flamengo em Juazeiro, Nixon conseguiu a chance de fazer um teste no Rio de Janeiro, e não decepcionou. O então menino, com 15 anos, foi ao Rio de Janeiro com Luiz Hélio, presidente da embaixada Fla-Juazeiro, e acabou conquistando seu espaço em um dos maiores clubes da cidade.

"Foi boa a adaptação, porque os meninos do Flamengo sempre foram de boa comigo. Fiz amigos, que são da Bahia, que me ajudaram muito. Um deles é de Adustina, que é o Maycon Santana, que tinha ido para o Flamengo na época pela internet... E o Leozinho, que é de Petrolina, que fica do lado de Juazeiro. Quando vi que estava chegando no Flamengo, tendo aquela oportunidade, isso me motivou muito. Ainda mais com pessoas que se tornaram amigas, acabou não sendo tão difícil. Claro que tem a questão da saudade também, mas, quando você está indo atrás do sonho, tem que ter renúncia também", contou.

Nixon contou bastidores de seu início na Gávea. Do início, quando passou cinco meses sem jogar, pela falta de acordo entre o Fla e o Porto na época, até as primeiras chances no time profissional, com Dorival Júnior.

O atacante, que inicialmente jogou pelos flancos, foi ganhando seu espaço como centroavante. Os gols foram o fazendo pular etapas, embora as lesões tentassem o derrubar. O jogador lembra da transformação que sofreu, quando o menino foi se tornando homem, e o ponta virou atacante de área.

"O professor Paulo Henrique entrou nos juniores. Infelizmente, ele faleceu há pouco tempo. E foi ele que me deu as maiores oportunidades. Eu jogava mais pelas pontas, e na época ele começou a me testar como centroavante e eu comecei a ir bem. Fui bem em um campeonato em BH, mas me machuquei e fiquei uns três, quatro meses parado. Logo depois, fraturei o nariz. Fui tendo poucas oportunidades", lembrou.

Do pão com nada ao protagonismo

Mas Nixon recuperou seus espaços, apesar das lesões. Ouviu de Vanderlei Luxemburgo que teria de "comer pão com nada, sofrer, ralar", e seguiu os conselhos. O artilheiro foi aparecendo na base.

"Eles tinham acabado de ser campeões da Copa São Paulo e o professor Luxemburgo, um dia dando uma palestra para a gente, falou que a gente tem que comer pão com nada, tem que sofrer, tem que ralar. E lembro que o Carlos Noval, hoje diretor do Flamengo e uma das melhores pessoas que conheci, falou para mim: 'Nixon, futebol muda muito rápido'. Um mês depois, ou dois, eu já estava jogando, indo bem, fazendo gols e as coisas dando certos... Eu jogando como centroavante. Foi uma fase muito boa. Teve ano que terminei fazendo 30 e poucos gols, no ano seguinte 20 e poucos no Carioca... Até subir para o profissional".

O início de Nixon no profissional foi de certo destaque. O atacante lembra de ter feito uma boa dupla de ataque com Rafinha, no Carioca de 2013. "A gente começou bem, fazendo gol, bons jogos". Até que veio outra lesão. E tome pão com nada!

"Na volta, o Carlos Eduardo tinha sido contratado e perdi espaço. Joguei pouco, fiz alguns gols, mas alguns decisivos, inclusive na Copa do Brasil que conquistamos", recordou.

Nixon só foi conseguir ter mais destaque mesmo em 2014. Naquele ano, o atacante ganhou protagonismo e terminou a temporada como titular, marcando cinco gols nos últimos sete jogos da temporada.

Apesar de ter tido problemas físicos no início, Nixon tentou sempre mostrar serviço. "Sabia que era o último ano de contrato e tinha de fazer por onde". Aos poucos, o jogador foi conquistando seu espaço.

"Com Ney Franco, ele foi me colocando nos jogos. Com Luxemburgo, em princípio eu não comecei jogando, mas um dia o professor Deivid, auxiliar, falou: 'Olha, o homem (Luxemburgo) está de olho em você e está dizendo que você está treinando bem. Continua assim'. Aquilo me trouxe muito nimo, ter a palavra de um grande atacante brasileiro e um grande técnico. E ele começou a me colocar para jogar. Fiz alguns jogos médios, outros bons... Até que joguei um jogo não tão bem e, no jogo seguinte, fiquei de fora. Em seguida, tive lesão. Mas voltei treinando melhor ainda. Nisso, o professor deu oportunidade. No jogo contra o Figueirense, o professor me chamou, eu entrei e fiz o gol da vitória no último minuto. Dali, comecei a ter várias oportunidades. Depois, virei titular. Foi aí que a mídia começou a falar e terminei o ano com moral. Meu contrato foi renovado. Tive várias propostas, mas renovei com o Flamengo", conta.

As pancadas foram aprendizado

Após terminar 2014 em alta, Nixon começou 2015 alternando jogos como reserva e titular. Mas, vivendo um dilema, o atacante acabou afastado dos gramados. A temporada acabou cedo, ainda em março.

"Em 2015, alternava entre o time titular e reserva. Mas em 2014 eu já vinha sentindo dores no joelho. Até que, na pré-temporada de 2015 eu não conseguia mais jogar 100%. Eu lembro que o Runco falou: 'É Osgood-Schlatter'. É o osso do joelho que pode crescer. Alguns doem, outros não. O meu, no caso, incomodou. A gente tentou de várias maneiras, com trabalhos específicos para ver se conseguia melhorar, mas não consegui. Tive de operar. Era para ter um tempo menor de recuperação, mas não consegui, porque doía muito. Mas posso afirmar que amadureci no processo como pessoa e atleta. Quatro meses depois, no primeiro treino com bola, rompi o ligamento do tendão patelar. Mais oito meses fora", lembra.

 

Nixon conta que cresceu, tanto como pessoa, quanto como profissional, no tempo em que ficou parado. Os problemas físicos e o tempo parado afetaram o emocional do atleta, que teve força para se recuperar até voltar aos gramados.

"Até que voltei em 2016. Na volta, muitas pessoas me ajudaram. Passei por um quadro que quase ninguém sabe, questões emocionais. Nessa pré-temporada, o Muricy veio. Voltei bem, o Muricy deu moral, falou bem.. Fui relacionado pela Copa do Brasil, contra o Fortaleza, e o Brasileiro contra o São Paulo. Até que veio a possibilidade de um empréstimo. Flamengo contratou jogadores e eu ia ficar sem espaço".

Nixon, então, começou a rodar emprestado. No América, foram 12 jogos sem marcar. "Fiz uma pré-temporada boa pelo Flamengo, mas cheguei no meio do campeonato no América e não cheguei com o mesmo ritmo dos caras. O América em uma situação difícil na época"...

O jogador conta que chegou a conversar sobre um possível retorno para a Gávea no ano seguinte, mas a situação acabou não se concretizando. "A gente fica meio triste, mas paciência"... Paciência e novos empréstimos.

Em 2017, o atacante jogou o Paulista pelo Red Bull Brasil e, em seguida, jogou pelo ABC após ter frustrada a primeira chance de ir para a Europa. Nixon teve proposta para jogar em La Liga, mas questões burocráticas melaram o negócio.

"Após o Paulista negociei com alguns clubes, inclusive alguns que subiram da Série B para Série A, e também uma proposta da primeira divisão da Espanha. Mas, por questões burocráticas, não deu certo e me complicou. Fiquei dois meses esperando, os clubes acabaram contratando outros jogadores e as portas se fecharam. Treinei pelo Red Bull de novo, joguei um jogo na Série D. Em seguida, cheguei no ABC, fiquei treinando, depois quando fui jogar estava sem ritmo".

Na Suécia, mas de olho na Gávea

Nixon confessa que faltou tempo de jogo nos empréstimos. Em 2018, o atacante tenta mudar isso no Kalmar, da Suécia. Embora as lesões tenham voltado a atrapalhar, o brasileiro se mostra confiante em fazer sucesso no continente europeu.

"Há uns meses, acertei aqui na Suécia. Fiquei feliz pela oportunidade. É um clube bom de jogar, tem história com brasileiros. Você chega, é diferente a cultura, educação, muita coisa... E a questão do clima. Teve um dia que a gente jogou com sensação térmica de -13. Parecia que estava congelando tudo. Isso atrapalhou um pouco, mas quando o frio está normal, dá para superar. No primeiro amistoso, fiz gol contra o Lokomotiv Moscou, só que, em um amistoso, acabei sentindo problema muscular. Já voltei a treinar e, semana que vem, já devo estar em campo", projeta.

O atacante ainda tem contrato com o Flamengo até maio do próximo ano. Mesmo da Europa, o jogador segue de olho na Gávea. As portas do Fla seguem abertas para um possível retorno no futuro.

"Quando vim para cá, renovei com o Flamengo por mais cinco meses e tenho contrato até maio do ano que vem. O clube vai estar de olho eu jogando aqui, indo bem... O Dourado é muito bom centroavante, artilheiro com o Jô ano passado. O Guerrero, sem comentários, grande jogador... Gente boa. Inclusive, na volta da cirurgia ele conversava comigo, dando conselhos... O Flamengo está bem servido de atacantes. Claro, se for para voltar um dia, voltarei sem problemas, porque sei que também tenho qualidades para estar jogando. Portas abertas"...

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