PELA PRESERVAÇÃO DA TRADIÇÃO DOS CONGOS DE JUAZEIRO

24 de Apr / 2018 às 23h00 | Espaço do Leitor

Feijoada musical - Mauricio Dias & convidados - Domingo dia 29 de abril a partir das 12h, no Celeiro, rua 8, bairro Maringá. Ingressos: Super feijoada + um CD especial do compositor Maurício Dias Cordeiro = R $20,00. Casadinha = R$30,00 + CD. Ingressos na Seculte (Praça da Catedral) 3611-4338, 3613-0654, 74-9-8846-8738 - zap 71-99115-1278.

Segundo a professora e antropóloga Odomaria Bandeira, vários africanos ao virem para o Brasil  como escravos acabaram trazendo esta tradição e adaptando com a cultura local. " O que a gente tem hoje dos congos é o que conseguiu sobreviver ao longo de tantos anos dessa história. Porque na verdade a prática dos congos tem muito haver com a prática da escravidão que atingiu o brasil praticamente por mais de 200 anos, e que chegou até essa região. Essa própria presença de Nossa Senhora do Rosário, é bem significativa dessa presença do negro no contexto de escravatura como um segmento social marginal, praticamente sem espaço para manifestar a sua religiosidade".

Em Juazeiro não se sabe a data exata em que os congos tiveram origem. Segundo relatos dos participantes mais velhos  da atual formação dos congos sabe-se apenas que o senhor José Cassiano, que morava na Ilha de Nossa Senhora, foi quem ensinou esta dança aos primeiros componentes do grupo, formado apenas por homens.

Foto: Laysa Delmondes

Seu Cassiano foi portanto o 1º dirigente dos congos de Juazeiro.  Depois de sua morte em 1935,  os senhores: Berto e João Lionídio  deram continuidade a tradição, e desde 1973 até hoje o responsável pelos ensaios é o senhor José Pereira, mais conhecido como Gó Véi.
CONGOS-3_Laysa-DelmondesCom  80 anos,  seu Góvei relembra que antigamente a bandeira do rosário visitava várias localidades do interior  e quase todas as casas da cidade  quando o grupo pedia esmola em forma de cantiga  para arcar com as despesas da festa.

Os cantos  dos congos são uma mistura de louvor à virgem do rosário e melancólicas toadas de marujos. Seu Go véi  é neto do segundo dirigente dos congos  aos 10 anos de idade entrou para o grupo. "Eu andava com meu avó e ele sempre me dizia: José, você vai tomar conta do meu encargo, porque meus filhos não dão para isso. Ai eu fui crescendo, crescendo, até que um dia eu soltando pipa, um pedaço de pau entrou em meu pé e eu fiquei sem poder caminhar. Meu irmão me levava na cacunda para os ensaios dos congos, até que minha mãe fez uma promessa para Nossa Senhora do Rosário: José tem vocação para os congos, se ele ficar bom dentro de um ano, ele entra para os congos. Ai eu fiquei bom e minha fé por nossa senhora só aumentou".

Por Maurício Dias (Mauriçola)

© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.