ARTIGO - INVERSÃO DE VALORES?

08 de Dec / 2018 às 23h00 | Espaço do Leitor

Uma senhora idosa que atendia pelo nome de Antônia Conceição da Silva, de 106 anos de idade, foi assassinada a pauladas na madrugada de sábado dia 17 de novembro de 2018. O crime ocorreu dentro da sua própria casa, no município de Feira Nova do Maranhão, a 783 km da capital São Luís. De acordo com a Polícia Civil, a principal suspeita é de latrocínio (roubo seguido de morte). Ela estava sozinha dormindo em seu quarto quando um homem, não identificado, entrou por um buraco feito no telhado para assaltar a residência. O neto da vítima, que morava com ela, havia ido para uma festa e, quando retornou, encontrou a avó morta. Ao fugir, o criminoso deixou pegadas na parede da casa. O corpo da idosa estava com sinais de estrangulamento e espancamento.

No dia 05 de novembro de 2018, a morte de uma cadela de rua dentro de um supermercado da rede Carrefour, em São Paulo, gerou polêmica e comoção em todo o Brasil. O assunto é um dos mais comentados nas redes sociais e o caso está sendo investigado pela polícia. O animal, que era abandonado e vivia nas ruas, morreu por hemorragia após ser envenenado e espancado por um funcionário da filial de Osasco, de acordo com ativistas. Testemunhas relataram que um segurança deu pauladas no animal para afastá-lo da loja, pois haveria uma visita de supervisores. Fotos do animal ferido, assim como imagens de sangue no piso do supermercado, circularam nas redes sociais, gerando revolta, com críticas, xingamentos, ameaças e clientes prometendo nunca mais comprar nas lojas da rede.

Agora, pare e raciocine comigo:

No primeiro paragrafo mostrei o caso da morte de uma senhora de 106 anos. Provavelmente ela nasceu no ano de 1912, um ano muito tranquilo onde nasceram com ela nessa época o Escritor Jorge amado e o músico Luiz Gonzaga (O Rei do Baião). Nesse ano também, no Rio de Janeiro o Bondinho do Pão de Açúcar tinha sido inaugurado na época em que o 5º presidente do Brasil Rodrigues Alves governava o nosso país.

Certamente Dona Antônia tinha muitas histórias para contar, ela viveu grandes amores, teve uma família calorosa, conheceu pessoas fantásticas, pois naquela época o Brasil não tinha essa tamanha violência que por consequência tragou sua vida por motivo fútil e de forma bárbara.

Dezoito dias após a morte da idosa, o Brasil se compadeceu de forma excepcional de uma cadela de rua, que na pequenez de sua amabilidade e inocência apenas queria um pouco de comida, atenção e afago. Porém um ser sem coração e sem alma interrompeu sua incansável busca pela vida. Vida essa que não pediu para viver, pois, viver como uma cadela de rua é coisa nada digna de um ser vivo desejar. E o que mais me deixou desbaratinado foi que o animal foi morto por envenenamento e a pauladas, coisa que em minha opinião sobra requintes de crueldade, ainda que seja com um animal. Sim, hoje estamos vivendo dias em que o ser humano perdeu totalmente a noção da importância da vida alheia, ainda que essa seja de um animal. Tornamos-nos animais selvagens?

Mas, vejamos de forma menos animal e mais racional:

Quem me conhece na intimidade, como alguns que comentam meus artigos aqui nessa coluna sabem, sou um cara que adora animais de estimação. E sempre os respeitei como se fossem meus amigos ou como um membro da família, mas, quando eu fiz uma análise entre esses dois fatos, percebi uma distorção gritante entre ambos. Racionalmente notei como nós brasileiros perdemos o afeto natural por nossos semelhantes. Percebi o quanto a imprensa (coisa que obviamente represento aqui) perdeu o olhar crítico que aprendemos no curso de comunicação quando estudamos sobre a "Escola de Frankfourt", que é o pêndulo basilar de toda origem da arte do jornalismo.

Fique tranquilo meu caro leitor (a) que não vou força-lo a ler aqui sermões de amor, bom comportamento e moralismo. Muito longe disso estou, pois nada que me soa "religioso" pode me salvaguardar de olhar com compaixão pela vida de Dona Antônia. E isso digo nem pelo fato dela ser uma mulher indefesa, mas pelo fato do motivo de sua morte ser o âmago da futilidade produzida pela sórdida selvageria do ser humano quando entra para o mundo das drogas! Morreu como a cadela, morreu de pauladas! Segundo fontes da Polícia Civil e testemunhas do local, o criminoso era usuário de drogas!

Eu termino essa Crônica deixando um lembrete:

Atualmente a sociedade vive uma grande inversão de valores, ou seja, uma transformação de não sabermos o que é certo ou errado, positivo ou negativo, moral ou imoral. As pessoas não mais reconhecem seus princípios, crenças e valores dentro de si. Sabemos muito bem que o ser humano é capaz de ver defeito em tudo, menos nele mesmo. Isso vemos todos os dias quando abordamos o tema "política" aqui nesse blog, ao relatarmos o cinismo e o deboche de alguns políticos pegos com "a boca na botija!" Mas nesse mês de Natal, que para muitos é uma festa cristã, procuremos ao invés de presentes materiais, valorizar quem está bem próximo de nós.

Sei meu querido leitor(a) que a impressão que se tem é que o mundo encontra-se de pernas para o ar, uma bipolaridade nunca vista até então. Porém em dias como esses que estamos vivendo, um estender de mão, um gesto de generosidade por mais simples que seja faz muita diferença para quem do outro lado sofre.  Procuremos fazer o bem a quem estiver próximo de nós, isso sem querer nada em troca até porque "evoluir é reconhecer os nossos erros. Não para consertá-los, mas para não repeti-los!" (Amanda Chakur – do Blog "O Pensador").

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ERRY JUSTO

Radialista e Jornalista 

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