Na Expo Pontal, Miguel Coelho diz ser “inconcebível” corte de água para agricultores do sequeiro

02 de May / 2019 às 20h30 | Variadas

Feira expôs 80 produtos cultivados no perímetro perenizado. Prefeito afirmou que procurará solução junto a Codevasf.

Uma sobra de água que abastece 12 povoados, tem o curso de 35 km e beneficia 450 famílias. Essa descrição é do Riacho do Pontal, que foi tema nesta quarta-feira (1) da primeira ‘Expo Pontal’ realizada em Lajedo, na zona rural de Petrolina (PE). Agricultores aproveitaram a presença do prefeito Miguel Coelho para pleitearem ajuda: até agosto, essa água deve ser cortada pela 3ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O evento expôs 80 tipos de frutas e derivados produzidos inteiramente na região. Ao todo, são 290 hectares cultivados manga, uva, goiaba, acerola, melão, entre outros. Segundo o presidente do Conselho de Usuários da Água do Sistema Perenizado (ConsuPontal), Averlangem Corcino, a ideia da Expo Pontal foi evidenciar a produtividade daquela área e os prejuízos econômicos que a ação do órgão federal traria para os pequenos agricultores.

“Com a expectativa do Projeto Pontal [oficialmente Deputado Osvaldo Coelho] começar a operar em agosto, a Codevasf vem assumindo que vai cortar a vazão da água para essas 12 comunidades, alegando inclusive que, no programa inicial, não constava essas sobras. O problema é que se isso realmente acontecer, os agricultores dessa região vão perder tudo”, alertou.

Situados originalmente na área de sequeiro, os povoados como Lajedo, Amargosa, Jatobá, Cumprida e Poço do Canto tiveram há 10 anos um salto de produtividade agrícola com a instalação do perímetro perenizado. Uma realidade que o prefeito Miguel Coelho disse estar atento. Ele classificou de “inconcebível” a medida da Codevasf.

“O volume de m3 das sobras é irrisório se comparado ao que é liberado hoje para todo o Projeto Pontal, que ainda não está funcionando. Lá a água está chegando, mas ainda não há produção; aqui está sendo produzido e estão querendo tirar a água. Isso é um contrassenso. Então nós vamos trabalhar junto a Aurivalter [Cordeiro – superintendente da 3ª SR] e junto a todo o corpo técnico para revermos isso”, garantiu o gestor.

Organizadores da exposição, o ConsuPontal e o Sindicato dos Agricultores Familiares (Sintraf) também levaram à Lajedo um professor agrônomo da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Eliezer Saturbano, e um advogado previdenciário, Edvaldo Pereira, para falarem sobre ‘irrigação eficiente’ e ‘aposentadoria rural’, respectivamente.  

Além deles, estiveram também no evento o deputado estadual, Antônio Coelho (DEM), a deputada Dulcicleide Amorim (PT), o ex-prefeito de Petrolina e atual presidente do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Odacy Amorim, o superintendente do Banco do Brasil, Eliezio Ferreira, vereadores (da base e oposição) e lideranças comunitárias. A superintendência da Codevasf não participou nem enviou representante para a Expo Pontal.

Nascido e criado na roça, o senhor Emanuel Clemício, de 47 anos, lembra como era a realidade de Lajedo antes da instalação do perímetro perenizado. “A gente dependia da chuva. Se chovesse, nós conseguíamos plantar, se não, ficávamos sofrendo, vivendo de uma diária ou outra”, disse. O agricultor espera que a presença das autoridades no evento – onde também expôs suas frutas (goiaba e pinha) – se converta em inciativas. “Com o prefeito e tantas pessoas importantes aqui, a gente espera que a água não seja cortada”, finaliza.

Por Jacó Viana

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