Rio São Francisco recebe poluição de mercúrio, chumbo e de agrotóxicos que representam preocupação para a saúde humana, acusa professor da UFAL

04 de Jul / 2019 às 07h33 | Variadas

"Encontramos no rio São Francisco metais pesados, que entram na cadeia alimentar das espécies e vão se acumulando, a exemplo de mercúrio e chumbo. Foi identificado o uso do Endosulfan, um inseticida altamente tóxico e que tem o uso proibido no Brasil. Também foram encontradas diversas espécies exóticas na região, o que demonstra a saúde debilitada do rio”.

A denúncia é do professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Emerson Soares. Ele apresentou o resultado da expedição científica realizada em outubro do ano passado, na região do Baixo São Francisco, entre a foz do rio, em Piaçabuçu e Traipu, municípios alagoanos. 

O relatório foi debatido durante a videoconferência da Agência Nacional de Águas (ANA) de segunda-feira (1º de julho) e discorreu sobre a qualidade das águas do Rio São Francisco. 

Emerson Soares explicou que os estudos foram feitos com base na ictiofauna, ou seja, as espécies de peixes, pois eles servem de base para diversos parâmetros. E os resultados foram preocupantes, segundo ele. 

Para demonstrar sua preocupação com os peixes que são nativos do rio e estão desaparecendo, o pesquisador relatou como piau e xaréu representavam, em 2012, cerca de 60% das espécies do rio e atualmente não constam, sequer, entre as dez mais do rio. 

Os agrotóxicos representam outra grande preocupação, tanto para a saúde do rio quanto para agricultores e pescadores da região do Baixo.

De acordo com o relato do professor na videoconferência, foi identificado o uso do Endosulfan, um inseticida altamente tóxico e que tem o uso proibido no Brasil. 

A presença do produto pode ser responsável por diversos efeitos, como depressão. Emerson Soares também falou da intrusão salina na foz do Velho Chico. “A intrusão salina está a 16 Km da foz”, disse. Em 2012, quando houve expedição semelhante, essa distância era de 12 Km.

O impacto desse cenário é que, de acordo com o pesquisador, 40% dos entrevistados no levantamento realizado, estariam com hipertensão. “E os agricultores apresentam problemas como depressão e distúrbios psicológicos. Isso, em virtude do uso indiscriminado de produtos, como agrotóxicos, conforme citado anteriormente, e formol”, finalizou.

Os poluentes mais comuns identificados na expedição científica foram fertilizantes agrícolas, esgotos domésticos e industriais, compostos orgânicos sintéticos, plásticos, petróleo e metais pesados.

Emerson Soares confirmou que deverá repetir o trabalho no próximo mês de novembro, o que permitirá comparar os resultados com o saldo do ano passado e levar consideração alguns aspectos, como o impacto dos planos de saneamento finalizados pelos municípios e o aumento da vazão defluente do rio na região.

O superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, disse que o objetivo da apresentação tem mais o cunho motivacional, para que pessoas interessadas possam buscar mais informações. 

Ele sugeriu uma troca de informações com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), cuja indicação da cunha salina segue outro padrão.

A próxima reunião acontece no dia 5 de agosto, a partir das 10h.
 

Redação Blog com informações UFal

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