ARTIGO - CASO AMAZÔNIA: REALIDADE OU LACRAÇÃO?

18 de Sep / 2019 às 23h00 | Espaço do Leitor

De Leonardo DiCaprio a Gisele Bündchen, do prefeito esquerdista de Nova York ao progressista Macron, da França... todos querem lacrar!

Não é difícil de extrair de onde vem a "preocupação" com a longínqua floresta da América do Sul por parte da turma do show Business, a qual nunca pisou ou sequer procurou saber como sobrevivem as 20 milhões de pessoas que lá residem.

A celebridade de Hollywood tá sempre preocupada com questões desse tipo: seja com as criancinhas da África, seja com a natureza, entre um uísque, um restaurante 5 estrelas e outro, sempre sobra um tempinho para resolver as dificuldades do mundo. A seriedade com que isso é feito é que é (bastante) questionável.

Florestas lá, fazendas aqui! O segundo grupo, o dos políticos estrangeiros, sim, esse tem preocupações, digamos, mais verdadeiras com a "Amazônia": todo mundo sabe que aqui no Brasil é lugar para florestas, não para agropecuária -- vender alimentos é coisa do primeiro mundo, o que um país do terceiro pode querer com a agricultura de ponta!? 

Há ainda um outro grupo, que são os lacradores das redes sociais, como o filho do Will Smith, que compartilhou no instagram uma foto de um incêndio ocorrido nos anos 1980. Ele é composto também pelos próprios brasileiros que militam a favor dos países dos outros via twitter ou facebook.

O que quase todos eles têm em comum pode ser resumido em uma palavra: DESINFORMAÇÃO!

Mas, tirando a lacração, o que nos dizem realmente os dados?

Nenhuma nação neste planeta preserva tanto o meio-ambiente quanto a nossa. E em nenhum lugar do mundo se encontra, para se ter uma ideia, mais de 30% de território em áreas protegidas por lei. É o que diz o pesquisador premiado da EMBRAPA, Evaristo Eduardo de Miranda. Os números nos dizem muito do quanto esse país é preocupado com a natureza: a EMBRAPA tem mapeadas todas as reservas indígenas garantidas por lei. São mais de 117.956.054 hectares.

Isto é, 1% da população brasileira (índios) é dona de aproximadamente 14% do nosso território. Além disso, após a aprovação do novo Código Florestal em 2012, o produtor rural da região amazônica é obrigado a preservar 80% da vegetação nativa de sua propriedade. Se o Brasil não for exemplo para a Alemanha que tem sua matriz energética majoritariamente baseada em combustíveis fósseis e em carvão -- sem contar que trocou suas árvores por prédios --, desconheço um país que poderia sê-lo, pelo menos neste planeta.

Além da terra de Adolf Hitler, a Finlândia, Irlanda e outros conhecidos concorrentes dos nossos produtores do agronegócio pediram a revisão do acordo de livre comércio UE/MERCOSUL pela "preocupação com as queimadas" na "nossa casa", termo que Emmanuel Macron, o presidente de um dos países da união europeia -- esta que, segundo a NASA, cultiva entre 45% e 65% do seu território para agricultura, enquanto o Brasil usa apenas 7,6% --, utilizou para descrever a Amazônia que até então costumava ter apenas o Brasil como dono de sua maior parte.

Mas nenhuma dessas curiosidades trazidas pelos números supera a de alguns especialistas brasileiros que, no afã de creditar na conta do atual governo brasileiro a autoria das queimadas (que acontecem ciclicamente aqui e em praticamente todo o mundo em períodos de seca), culparam a fumaça pela "chuva preta" em São Paulo. Para aquele que se preocupa de verdade com o país, é a prova cabal da auto-sabotagem promovida pela ala ideológica de parte de algumas agências.

O chamado cientificismo -- que é diferente de Ciência – é o cambalacho que esses "especialistas" utilizam para dar ar de autoridade a uma mentira tão inescrupulosa. Essa utilização ideológica da ciência fica ainda mais evidente ao se ler a declaração da meteorologista Caroline Vidal de que, para escurecer uma cidade como a de São Paulo, teria que, acredite, ocorrer um evento extraordinário como uma erupção vulcânica.

Para corroborar o quão absurda é a polêmica do céu escuro em SP, o próprio INPE, por meio de nota de sua assessoria, afirmou: "foi devido principalmente a nuvens baixas e médias muito densas associadas à frente fria que entrou ontem em SP".

Ainda de acordo com a NASA "A partir de 16 de agosto de 2019, observações por satélite indicaram que a atividade total de incêndios na bacia amazônica estava ligeiramente abaixo da média em comparação com os últimos 15 anos. Embora a atividade tenha sido acima da média no Amazonas e em menor escala em Rondônia, abaixo da média em Mato Grosso e Pará, de acordo com o Banco Mundial de Emissões de Incêndio", grifo meu.

Que há um problema real a ser resolvido em nossa floresta, não há que se discutir. A questão aqui é, primeiro, antes de se tentar solucionar uma situação de dimensão estratosférica como essa, é imperativo ter um debate honesto acerca dos reais problemas daquela região tão rica em recursos e, ao mesmo tempo, com uma população tão miserável.

Miserabilidade que acaba sendo usada pelos criminosos para destruir aquele bioma. Sem opções de emprego e de renda, os nativos acabam por se vender a qualquer interesse espúrio que lhes ofereçam uns trocados.

Para aqueles que vivem a ilusão de que não é necessário explorar a região amazônica (obviamente respeitando as reservas legais e a legislação), a opção é parar de demandar por alimentos do agronegócio. Pois, tão logo cesse o consumo de carne vermelha e de grãos diversos, quase que imediatamente os produtores desistirão de cultivar a terra e de criar animais.

Excluindo-se os lacradores, para os adultos e honestos o desenvolvimento sustentável da região se mostra a única saída viável.

Willames Coelho, servidor público e cidadão petrolinense.

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