CRÔNICA DOS SETENTA ANOS

18 de Nov / 2019 às 23h00 | Espaço do Leitor

Carlos Augusto Cruz

Médico/Advogado

Tudo é motivo para festas. Nada há que reclamar nesses setenta anos bem vividos, com suas dores e suas alegrias.

Que cantem parabéns, todos aqueles que dizem ser meus amigos. Que estourem balões multicoloridos e que batam muitas palmas, para chamar a atenção dos deuses, invocando os deuses amigos das artes para se fazerem presentes em minha vida. Também para louvar, mesmo porque a Bíblia nos recomenda a cantar a Deus com palmas, em Salmos 47:1-2. 

Todos batam palmas comigo, todas as bocas cantem Hosanas ao Filho de Davi. Todas as bocas proclamem comigo que Jesus Cristo é o Senhor. A Ele toda honra e toda glória, pelos séculos dos séculos. Amém!

Procurei transformar em aprendizado todas as dores com as quais, por ventura, a vida quis me presentear. Não fiquei preso a nenhuma delas e nem a nenhuma circunstância que a mesma me ofereceu, por mais simples ou mais complexa que ela fosse.

Desde cedo procurei olhar para diante, em busca do meu horizonte, procurando me orientar com o máximo de fidedignidade pelos ponteiros da verdade e da justiça.

Sem pai, desde os doze anos de idade, e sem mãe desde os vinte e um, procurei andar sempre pelos caminhos da justiça e da virtude, de modo que o que sempre tive o maior medo em minha vida, foi o de ser chamado atenção,  tanto pelos meus superiores hierárquicos, quanto por alguém do povo.

Tímido, um tanto inibido, não sou de me apresentar logo de primeira, nos ambientes onde frequento, porém sou homem de caráter inflexível quando se trata de coisa séria.

Dessa maneira tenho sido durante esses setenta anos. Nuca pensei em viver tanto tempo assim. O medo da morte sempre me perseguiu pela vida afora. Embora tenha tido vários embates com ela, frente a frente, durante quarenta anos. Em muitos deles cheguei a vencê-la, tomando de suas mãos, muitos doentes graves e restituindo-lhes a saúde; em outras ocasiões ela me vencia e levava o doente. Mas nunca ela levou, um só doente, com o meu consentimento, ou porque eu tenha desistido dele!

Hoje, dezenove de novembro de dois mil e dezenove, completo setenta anos de idade, bem vividos, com uma família criada, educada, quatro filhos naturais e um por adoção, uma esposa que de tão bacana, se tivesse que casar mais uma vez, sem dúvidas, casaria, novamente, com ela. Quatro netos que são uma lindeza e mais dois a caminho que esperamos com ansiedade.

Tudo isso é motivo para agradecer ao Supremo Arquiteto do Universo, Ele que a tudo vê e cuja essência vai dentro de cada um de nós, que nos dá o ânimo para viver e em cujas palavras nos sustentamos, nos momentos de euforia e de tristeza: “Todo aquele que quiser vir após mim, tome sua cruz e siga-me”!

Obrigado Senhor, por essa dádiva!

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