Ecoteólogo Leonardo Boff participa de roda de diálogo em defesa da vida e contra o projeto de instalação da Usina Nuclear

19 de Oct / 2021 às 22h45 | Variadas

A roda de diálogo Jornada Antinuclear realizada pela Diocese de Floresta Pernambuco, através das Pastorais Sociais e da Pascom Diocesana, em parceria com o Instituto Cultural Raízes e o CIMI-Conselho Indigenista Missionário contou nesta terça-feira (19), contou com a presença do ecoteólogo, Filósofo e Escritor Leonardo Boff, do Monge, Teólogo e Escritor Marcelo Barros e do Bispo Diocesano de Floresta, Dom Gabriel Marchesi, Bispo Referencial para as CEBS, pela CNBB e Paulo Ricardo (Comunidade Bremem).

O encontro virtural exibido pelo canal facebook, teve como tema, em  Defesa da Vida / Contra os projetos de morte.  Leonardo Boff fez uma reflexão sobre o momento atual da Mãe Terra e injetou vontade de transformar o mundo para melhor e disse não a Usina Nuclear com uso das águas do Rio São Francisco

"Devemos ter como missão sempre usar nossas energias em defesa da Mãe Terra", declarou.

As boas vindas ao palestrante foram dadas pelo bispo Dom Gabriel Marchesi e a mediação da conversa foi do educador Libânio Francisco.

Durante a conversa também contextualizou que o novo coronavírus veio da sistemática agressão dos seres humanos à natureza, do antropocentrismo. “Os animais perderam o habitus. Há 300 mil a um milhão de vírus na natureza, nos animais e nas plantas. A espécie humana ocupou 83% da natureza, ocupamos destruindo e agredindo a natureza”, ressaltou, lembrando que o desequilíbrio ecológico colabora para a mutação e a disseminação de novos vírus.

Leonardo Boff destacou que a Terra é um super organismo vivo e que os seres humanos vêm em um crescente processo de poder como dominação da natureza, que nos trouxe vantagens como os antibióticos que prolongaram a vida dos idosos, diminuíram a mortalidade das crianças e tecnologias que trazem benefícios como os encontros virtuais: “Mas criou uma máquina de morte que pode nos destruir de 15 formas diferentes por armas químicas, nucleares e biológicas”.

Ele trouxe alertas do criador do termo biodiversidade: de que cem mil espécies de seres vivos são mortas a cada ano e um milhão de seres vivos estão em alto risco de desaparecer. “Devido a alto industrialismo que tomou conta do mundo, ou mudamos ou colocamos o sistema Terra em risco. O ser humano se tornou o satã da Terra”.

Além de documentos e pesquisas da área ambiental, Boff trouxe reflexões de vários estudiosos e teóricos e destacou as últimas encíclicas do Papa Francisco, que não foram dirigidas apenas aos cristãos, mas a toda a humanidade. O documento papal aborda a necessidade de contrapor à lógica da dominação uma ação de fraternidade.  

“Vamos cuidar da Mãe Terra. Os rios precisam das matas ciliares. As bases físico-químicas estão tão ameaçadas que ou nos salvamos todos ou ninguém se salva. Há sombras vastas que pesam sobre o planeta. Os conflitos mundiais que temos são uma Guerra Mundial em prestação. O mundo moderno se construiu como a dominação do mundo, mas não podemos continuar assim. Proponho o sonho que antecipa possibilidades reais que podem acontecer, o sonho tem a função de equilibrar a vida psíquica”, resumiu Leonardo Boff.

O teólogo também essaltou que é possível ter uma economia de mercado, mas não podemos ter uma sociedade de mercado, onde tudo tem preço até as relações humanas. O verbo cuidar é algo central na obra de Boff e ele ressaltou que isto deve ser visto como a essência humana. “Precisamos refazer o pacto Terra e Humanidade, nos considerarmos os guardiões da Terra. É preciso incorporar uma responsabilidade ecológica. O planeta finito não suporta um projeto de crescimento infinito”.

Leonardo Boff também refletiu que a humanidade deve "caminhar para a biocivilização, entendendo que somos parte da Terra e não os seus dominadores". 

“Santo Agostinho nos fala das três virtudes: o amor, a fé e a esperança. A indignação e a coragem são as irmãs da esperança. Temos de nos indignar contra esta necropolítica e ter a coragem de dar passos para mudar esta realidade. No Brasil ainda não chegamos a este ponto”.

“Este confinamento social tem um sentido para pensarmos qual o sentido da vida, Deus é o apaixonado amante da vida e vai nos ajudar a tomar um salto de consciência. Caminhemos cantando, que os problemas não nos tirem a alegria da esperança, ela terá a última palavra”, finalizou Leonardo Boff. 

Redação redeGN

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