Agroecologia, Saberes e fazeres da natureza são temas no IV Seminário da Chapada o Araripe Patrimônio da Humanidade

Maria Silvanete Benedito de Souza Lernem, agricultora, benzedeira, raizeira, educadora popular, orientadora em saúde comunitária e pesquisadora de saberes e vivências dos povos, Cissa Leandro, produtora cultural pesquisadora, representatividade da força feminina e percussionista, Vilmar Luiz Lermen, Mestre em Extensão Rural (PPGExR) da Universidade Federal do Vale do São Francisco e o cantor compositor Flávio Leandro, participaram do IV Seminário Chapada do Araripe Patrimônio da Humanidade, realizado em Exu, Pernambuco, na semana que é comemorado os 111 anos de nascimento de Luiz Gonzaga.

Saberes da Caatinga, fazeres na chapada, vida, corpo e alma, relatos de experiência, construção do conhecimento agroecológico na chapada do Araripe, Caracterização da biodiversidade de sistema agroflorestal no Sítio Paus Doias-Exu Pernambuco, preservação de vida no semiárido gerando renda e sustentabilidade foram os temas da roda de conversa.

Os palestrantes descreveram as suas a experiências e da vida agricultora de base ecológica e sua organização, abordando três esferas, produtiva, tecnológica e social de seu processo na transição agroecológica da área cultivada. Cissa Leandro destacou o que é ayurveda “Ayu” (vida) e “veda” (conhecimento), ou seja, ayurveda significa o conhecimento, ou a ciência da vida. É uma filosofia de cura que guia o indivíduo para que ele retorne ao seu equilíbrio energético e restabeleça a harmonia do seu corpo. Dessa forma, ao estar em equilíbrio, o ser se mantém saudável.

O relato dos palestrantes também incluiuo início das intervenções e desafios encontrados, os avanços e os meios que trouxeram mudança, com inserção das tecnologias sociais e a setorização das áreas e atividades de base ecológica adotadas na propriedade, além da inserção social da família por meio do associativismo rural e participação em fóruns e coletivos que discutem políticas públicas para região nas esferas econômica, política, ambiental e social.

O poeta, compositor e cantor Flávio Leandro através das redes sociais nos últimos compartilha mais uma ação que chama a atenção para a visão de conscientização, valorização para o meio ambiente, agroecologia e ecologia humana. A proposta é a implantação de uma Agrofloresta na região onde mora, área rural de Bodocó, Pernambuco.

A agroecologia hoje já é considerada uma ciência, movimento, prática, educação, aliada a um projeto de produção agrícola, que se baseia em novas relações humanas e de produção. Além de utilizar técnicas para preservar os recursos naturais, valoriza o agricultor e famílias enquanto integrante essencial na complexa teia econômica, social, ambiental e cultural da produção de alimentos.

Os Sistemas Agroflorestais (SAF) são formas de uso da terra, baseados nos princípios da agroecologia, que unem a produção de alimentos e de outros recursos vegetais, cultivos de hortaliças/frutas (agro) e arbóreos (florestais).

Com a Agrofloresta, o material vegetal preexistente é cortado e disposto de forma ordenada e com arranjo definido no solo. Ao longo do tempo, há um manejo intensivo da vegetação, especialmente na poda e na disposição do material podado no solo, criando o que se chama de ‘berços’.

Desta maneira, o aproveitamento da matéria orgânica pela vida do solo é ainda maior que nas clareiras naturais. A água entra melhor na terra, com maior aproveitamento. É nesta faixa que se colocam as sementes, tubérculos ou manivas. Ao longo do tempo, vão surgindo várias espécies de plantas por regeneração natural.

O resultado é a integração entre homem e natureza considerada ser essa a agricultura ideal para o planeta, pois a convencional está destruindo e desrespeitando o meio ambiente. A agrofloresta trabalha a técnica da relação homem e natureza, pois os cultivos em equilíbrio não se exaurem, mas colaboram entre si, mutuamente.

MÚSICA E ECOLOGIA: Em 2012, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga ganhou o título de Doutor Honoris Causa em Ecologia (in memoriam), maior honraria das instituições de ensino.

A ideia de conceder o título a Luiz Gonzaga veio do professor e pesquisador da UFRPE Severino Mendes Júnior. Durante uma entrevista o professor defendeu a importância de Luiz Gonzaga, um autêntico defensor do meio ambiente. O professor afirmou que, pela afinidade das letras de interpretados por Luiz Gonzaga escritas pelos parceiros e poetas da causa ambiental, exemplo Xote Ecológico,erosão entre outras interpretações.