Artigo: Há males que vêm para o bem

01 de Apr / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

Há males que vêm para o bem. Tal frase pode até ser considerada uma forma de acalento e conforto, mas quem já viveu ou presenciou situações difíceis e deu ou viu alguém ou algo dar a volta por cima sabe o quanto ela significa. Nada acontece por acaso. Sempre existirá um motivo para os acontecimentos, sejam eles negativos ou positivos.

A jovem democracia brasileira passa atualmente por sua maior 'prova de fogo', desde a promulgação da Constituição Federal em 1988. Nunca se viu, até então, na história do país, tanta exposição de fatos e temas que em outros momentos sempre passaram despercebidos pela maioria dos brasileiros. Como que em um piscar de olhos, assuntos antes considerados sem importância, indiferentes, pela população, viraram os principais temas de bate-papo em todas 'as esquinas'. Isso se deve ao fato das insistências de veiculações e a forma como tais assuntos são transmitidos pela mídia (seja ela falada, escrita ou televisiva) para seus receptores.

Não é de hoje que se sabe a força que a mídia possui, e isso fica mais nítido quando por meio de toda essa força ela passa a inculcar nas pessoas uma ideia ou mesmo um ponto de vista já formado sobre determinado assunto. A mídia, inclusive aquela feita pelos meios virtuais (internet) e outros meios que sejam possíveis, é de grande relevância para a manutenção de uma democracia, entretanto, isso não significa que à custa deste argumento ela possa manipular, ainda que de forma velada, tudo aquilo que é veiculado a fim de manipular os que e ela têm acesso. A influência gerada pela mídia tem atingido patamares tão altos, que na mesma proporção tem tornado a questão ainda mais séria e preocupante.

Temas polêmicos como o uso de drogas, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, traição, jogos de azar, entre outros, são abordados de maneira natural em novelas e programas de televisão, sem respeitar se quer horário paras as exibições, o que pode vir a contribuir para formação de opiniões equivocadas.

"Enquanto não se mudar a forma de se fazer e transmitir as notícias no Brasil, devemos primordialmente mudar a nossa percepção ao receber uma informação, não devemos considerá-la como verdade absoluta. Devemos sim, de outro modo, analisá-las, antes de qualquer coisa como uma mentira, mas uma mentira que possui potencial de ser tornar verdade". Fabricio da Mata Corrêa, advogado criminalista e professor de Direito Penal e Processo Penal nas Faculdades Unificadas Doctum, em Guarapari (ES).

Conforme Fabrício da Mata, a forma de se fazer notícia deve ser revista. "A notícia não deve ter o fim de formar convencimento, mas apenas de transmitir informações no ponto em que às pessoas que a recebem, ao invés de simplesmente seguirem um pensamento posto, possam efetivamente formar suas próprias impressões, convicções, opiniões e conclusões sobre determinado fato. Isto é de fato liberdade, não só de passar informação, como ainda liberdade de pensar e pensar para se buscar o melhor", concluiu.

Existe um ditado que diz que nada se parece mais com uma casa em demolição do que uma casa em construção. É preciso dar tempo ao tempo, acalmar e esperar para ver o que pode realmente acontecer.

Gervásio Lima

Jornalista e historiador

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