ARTIGO - REFLEXÕES SOBRE DILMA HOJE NO SENADO

29 de Aug / 2016 às 10h09 | Espaço do Leitor

Hoje a Presidente Dilma vai ao Senado para se defender do processo de impeachment. Será acompanhada por diversas personalidades do mundo político e artístico. Não irá sozinha, irá com aqueles que sempre defenderam a democracia, que sempre acreditaram no Brasil melhor, que sempre lutam por uma sociedade igualitária, justa. Irá com os seus verdadeiros amigas e amigos, que não abandonam o barco quando o vento muda de direção.

Após este longo processo, que começou com uma vingança pessoal de um presidente da Câmara de Deputados que tem dinheiro escondido em contas da Suíça (estranhamente ainda não foi julgado pela Câmara de Deputados não obstante as provas contra ele) o que podemos concluir:

1 – O julgamento não é jurídico e sim político. Até agora não se provou que a Presidenta cometeu crime de responsabilidade. Lamentamos, inclusive, que uma ampla maioria não saiba nem mesmo o que é crime de responsabilidade (porque nunca leram a Constituição Federal). É preocupante quando a maior autoridade do Brasil é julgada sem fundamento jurídico. Isto mostra a fragilidade da elite política em cumprir a Constituição. As pedaladas fiscais não é crime de responsabilidade e envergonha a elite jurídica e política do Brasil aos olhos do mundo, que não se cansam de denunciar este golpe parlamentar.

2 – Os covardes não se preocupam com o julgamento da história. Assim como os que implantaram a ditadura militar não se preocuparam como entrariam para a história. O que importa para estes homens é o momento hoje. Nunca se preocuparam com o Brasil e nunca vão se preocupar, porque no seu DNA político corre o sangue da desonra, o sangue da crença de um Brasil de privilégios para poucos, o sangue da idéia de que o povo é imbecil, é ignorante, é manipulável, de que o poder é deles, que lhe foi tirado em 2012 pelo voto popular. Estes covardes não acreditam na democracia, nas regras e princípios do jogo democrático. Mudam ao sabor das conveniências.

3 – Precisamos aprender mais sobre o que é o sistema democrático. O que vemos neste longo processo é um ódio sem precedente, marcado por acusações que irradiam de corações rancorosos às redes sociais, que inviabiliza o diálogo fraterno e democrático, onde o debate se dá a partir de argumentos fundamentados em idéias, princípios e fatos. O debate democrático é substituído por idéias emocionais. O debate precisa se conduzido por fundamentos e a discussão do impeachment deveria ser feito a partir do que é isto? O que a Constituição Federal fala sobre isto? Como se aplica o impeachment? Infelizmente o debate do momento foi marcado por ódios e ao invés de fortalecer a democracia, acredito que o impeachment, se acontecer hoje, irá enfraquecê-la, isto porque não se dará respeitando a Constituição Federal.

4 – Dilma acreditou que as Instituições brasileiras eram fortes e iriam respeitar o jogo da democracia representativa, onde o crivo da aprovação ou negação de um governo é o voto na urna. Ledo engano. O voto popular não tem valor para esta elite política antidemocrática. Não tem porque o Estado não foi construído no Brasil para servir aos interesses do povo e sim como instrumento de favorecimento de um grupo que sempre o usou para beneficio próprio, para garantir sua boa vida sem trabalhar, para promover a corrupção como forma de vida, para favorecer os seus interesses privados. Se o impeachment acontecer, os defensores do Brasil soberano e democrático terão um tarefa ainda mais árdua – lutar novamente para promover a cultura da democracia no Brasil e isto exige educação permanente, uma educação cidadã.

No final de hoje, segunda feira, dia 29 de agosto de 2016, Dilma entrará na história, independente do resultado sobre o impeachment, como uma mulher vitoriosa, porque seus algozes não provaram nada contra ela. Entrará na história como uma mulher guerreira, de coração valente. Seus julgadores, na sua grande maioria, carregaram nas suas biografias o rotulo de golpista, fascista, oportunistas. Terminaram suas vidas com o apelido de que não estavam a altura da responsabilidade que o povo lhe atribuiu na urna.

Antonio Marcos E. dos Santos – Cristão protestante e professor.

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