ARTIGO – UM PAÍS SEM LÍDERES!

04 de Mar / 2018 às 23h00 | Espaço do Leitor

Faltam apenas sete meses para 146 milhões de brasileiros exercerem o direito de promover alguma mudança efetiva neste país, através do voto - a arma mais poderosa que o povo tem em suas mãos -, em 7 de outubro próximo. Será um pleito eleitoral com particularidades muito especiais, visto que elegerá Deputados e Senadores para o Congresso Nacional, e o mentor maior deste país que será o novo Presidente da República. Tanto será difícil a escolha de nomes com as qualidades de integridade e honradez exigidas para o desempenho Legislativo, quanto, mais grave ainda, a necessidade de escolha de alguém com essas características e mais os contornos de autêntico Estadista e que, numa singularidade muito mais exigente, passe no vestibular da FICHA LIMPA, prova mais difícil! Quanto aos nomes ora em evidência, troca-se um pelo outro, sem pedir volta, ou tanto faz seis como meia dúzia! Essa é nossa infeliz realidade.

O Sistema Partidário nacional já está inchado com 35 Partidos registrados e, pasme o leitor, tem mais 55 novas siglas com pedido de registro no TSE! 90 Partidos!!! Deveriam se constituir na principal escola de formação de líderes. Inversamente, a maioria é destituída de qualquer princípio ideológico na sua criação, e os treze menores formam um grupo pejorativamente chamado de “baixo clero”, o qual detém um significativo número de 220 deputados ou 220 votos para negócio na Câmara! Nessas legendas existem donos e não líderes; ética ou fidelidade partidária não faz parte do seu ideário político. O olho na verba do Fundo Partidário parece o objetivo principal e os votos dos seus deputados se identificam com o linguajar usual dos leilões: “QUEM DÁ MAIS...?” É assim que se apresentam, para a tristeza de toda a sociedade. Sinceramente gostaria muito de estar enganado, mas essa é a verdade que envergonha a nação.

A expectativa latente na sociedade é que, mesmo com a escassez de tempo, talvez ainda surja, num parto revestido de muito sofrimento e dor, o nascimento de um novo líder precoce portador de novas esperanças. Essa circunstância, porém, terá pouca garantia de sobrevivência eleitoral para esse líder, uma vez que, a exemplo da vida real, um nascituro no mundo político terá de cumprir semelhante tempo de maturação e desenvolvimento, vencendo as provas de resistência às facilidades e agrados que lhe são oferecidos pelo lado espúrio do poder. Obviamente, não haverá tempo para a completa depuração de comportamentos e atitudes na leva de pretensos líderes existentes nos quadros políticos da atualidade, para os quais nem um eficiente “descarrego” resolverá. Assim sendo, imaginem o tamanho da dificuldade!

Embora tudo isso já tenha dito algumas vezes, o que faço é repetir a voz das ruas ou daqueles com os quais tenho o privilégio de manter alguma interlocução de natureza política, que repetem, incansáveis e desiludidos, que não veem perspectivas de novos candidatos no horizonte nacional! Todos reclamam da necessidade de mudanças na composição atual do Poder Legislativo, de imagem extremamente negativa, bem como de se eleger um Presidente com porte moral que configure um sinal de recuperação da dignidade e da liturgia do cargo como um verdadeiro estadista. Que seja um líder na Presidência com legitimidade para fazer hábeis “negociações políticas” e não as conhecidas “negociatas políticas” consagradas hoje como práticas institucionalizadas. Irresponsavelmente, popularizou-se no Congresso a troca de votos por benesses do Estado, através da liberação graciosa de verbas públicas ou a nomeação impertinente de apadrinhados sem mérito ou competência para Ministros, ou a suja barganha de cargos relevantes na administração pública, bancos e autarquias.

Já que a mudança substancial no perfil das lideranças atuais, necessária e pretendida por toda a gente brasileira, é um milagre quase impossível de acontecer, só nos resta deixar neste fecho um apelo e uma confissão: este país imenso e belo merece respeito e mais responsabilidade dos pretensos candidatos a tão representativos cargos, para cujo desempenho estão a exigir o mínimo das qualidades inerentes aos líderes de verdade!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador - BA).

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