ARTIGO – NA PRISÃO OU NO MOTEL... BENFICA!

11 de Mar / 2018 às 23h00 | Espaço do Leitor

O clima festivo, de leveza e encantamento vivido por todo esse Brasil masculino nessa semana que passou, quando por um dia viveu as alegrias de poder abraçar e homenagear essa heroína que não é o personagem de um Dia Internacional da Mulher, apenas, mas de todos os dias do ano, fez com que, por um breve instante, o esquecimento afastasse da mente das pessoas os muitos problemas da saúde, educação e segurança que estão aí preocupantes e consolidados no nível nacional, além dos horrores que estão acontecendo no holocausto que flagela o território sírio, onde civis estão morrendo aos milhares.

As breves e rápidas comemorações de apenas um DIA DA MULHER, foram suficientes para se minimizar, também e temporariamente, os escândalos rotineiros da Lava-Jato, sempre marcados por muitos milhões de reais e o surgimento, quase sempre, de novos nomes envolvidos em cada processo investigado, ou anunciados alguns que toda a população já conhece e espera que alguma penalidade venha a acontecer, porque, caso nada aconteça, não valeu a pena essa parafernália toda que por vezes temos visto nas telas da TV, cada caso mais escabroso do que o outro.

O presente tema parece hilário, para não dizer quase grotesco, pela associação simbólica de prazeres tão divergentes entre PRISÃO e MOTEL. Mas, foi preciso que o Ministério Público do Rio de Janeiro descobrisse que o dinheiro fartamente surrupiado de tantas obras públicas, de empresas estatais e Fundos de Pensão, tem o poder milagroso de transformar aposentos da PENITENCIÁRIA DE BENFICA em quartos de Motel, para que viesse a público o lado ainda mais negativo do caráter desses indivíduos envolvidos nas prisões do Rio de Janeiro. Foi de lá que o ex-governador Sérgio Cabral teve de ser removido para a prisão de Pinhais, no Paraná, em razão de desfrutar de luxos e regalias em sua cela. Esse Motel dentro da prisão é a prova mais inequívoca, de que o “jeitinho brasileiro”, continua sendo utilizado para nossa vergonha!

Obviamente que trocar os passeios de lancha pelas belas águas do Rio, por uma prisão sem conforto, é uma maldade sem precedentes com esses bandidos do colarinho branco! Assim, para eles nada mais natural que colocar em prática os fartos conhecimentos adquiridos nos Doutorados da Escola da propina e da malandragem, para comprar os favores de funcionários carcerários corruptos de todos os níveis, transformando aquilo que seria o cumprimento de uma pena criminal, em uma simples temporada de férias, enquanto os seus advogados cuidam dos benefícios de esperados “habeas corpus”! Alimentação especial, celulares livres, televisão e acesso de mulheres especialmente convidadas, tudo parece surreal num país de prisões superlotadas e imundas, o que mostra à sociedade a realidade de um sistema prisional perverso! 

Outro fato que ajudou no alheamento coletivo, foi o ocorrido no cenário político ou no campo das investigações, com a determinação do Ministro Luís Barroso, do STF, autorizando a “quebra do sigilo bancário” do presidente Michel Temer.  A relevância da decisão evidencia um lastro de esperança de que ainda há certa isenção no Judiciário para a apuração de irregularidades, mesmo que direcionadas ao Poder maior da República. Desconfia-se, contudo, depois daquele episódio dantesco da mala com 500 mil reais que parecia flutuar ao lado de um deputado que corria assustado, olhando para todos os lados, o qual, por coincidência era Assessor do Presidente da República, à época, e nada aconteceu até agora, é de se imaginar que, existindo os “laranjas” da vida, nenhum extrato da conta vai fornecer dados mais conclusivos.

As fotos que ilustram o tema exibem a imagem chocante de dois mundos que vivem juntos e misturados na prática dos ilícitos, mas muito distantes na hora de cumprirem a pena. Os valores de justiça precisam ser respeitados e igualitários, a fim de que o equilíbrio de uma sociedade mais justa seja alcançado. 

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.

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