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A cidade de Sento Sé,completa 179 anos de emancipação politíca nesta quarta-Feira, dia 06 de Julho. Eis um pouco da história de Sento Sé em cordel de autoria do professor Antonio Rodrigues Lima, enviada por Tony Lopes.
A nossa Sento Sé
Tem história e tradição
Em seis de julho de 1832
Foi decretada a sua emancipação.
Já foi aldeamento indígena
Com nome Centoce
Feita a correção ortográfica
Passou a ser Sento Sé.
Brancos, negros e índios
Fizeram a sua miscigenação
Até mesmo Garcia D’Ávila
Já foi dono deste torrão
Por divergências políticas
Teve outras denominações
Vila do Almeida e Manuel Vitorino
Sem do povo ter aprovação
Na era Vargas
Foi governada por intendente.
O prefeito daquele tempo
Era um Coronel de patente
O Coronel Pinto Aleixo
Chefe político da Bahia
Ao Coronel Tonhá Sento Sé
Ele sempre garantia:
Enquanto aqui eu for pinto
Não tenha assombração
Você será Galo em Sento Sé
Queira o povo ou não
Custodio Sento Sé
Era advogado renomado
Brigou com Tonhá Sento Sé
E ficou no batalhão custodiado
As urnas eram de madeira
Transportadas em animais
E para emprenhá-las era
Missão dos cabos eleitorais
Juca Sento Sé, foi eleito prefeito
Tonhá recorreu da decisão
E no Tribunal de justiça da Bahia
Juca perdeu a eleição
Todos os políticos,
Prá Tonhá, os chapéus vão tirar
Pois até quando morreu,
Deixou o seu filho no lugar.
Foi nos anos setenta
A sua grande transformação
Com a ditadura militar
Veja quanta confusão:
A barragem foi construída
As terras alagadas
Os animais sem seu habitat,
E as casas inundadas
A casa grande foi construída,
Antes do governo imperial
Tinha um porão escondido
E o piso de madeira colonial
Morada velha abandonada,
Crianças que lá brincavam
De esconde-esconde
Ficava tremendo arrepiado
Foi o um patrimônio submerso,
Que não tinha nem herdeiros
E ficou como lembrança,
Para os velhos barranqueiros.
Os carnaubais também se foram,
Árvore da vida, como os livros relatavam
Tudo dela era bem aproveitado,
Sua cera, a muitas famílias sustentava
Nos lameiros, tudo que os
Ribeirinho plantava dava.
Como dizia Pero Vaz de Caminha
Quando ao rei em carta informava.
Sem apoio técnico
Nem cuidados com a preservação
Muitos dos animais
Passaram para a extinção
Muitas famílias ludibriadas
Foram morar nas Agrovilas,
Nos vídeos que mostravam
Lá era uma maravilha
As frutas que
Apresentavam eram gigantes
Abóbora, milho e tomates
Tinham tamanho exorbitante
Em vigor o AI- 5
Que tirava a liberdade de expressão
Por decreto do governo
Sento Sé ficou sob intervenção
Por nove anos
O povo ficou sem votar
Para a escolha do prefeito
O governo tinha que nomear
As lideranças políticas
Precisavam intermediar
Para nomear o prefeito
Sem o voto popular.
Foi uma disputa acirrada
Com muitas discussões
Para a escolha do prefeito
Sem o voto do povão
O deputado Jayro Sento Sé
Com o pai já setentão
Batia na perna e dizia:
Não vejo preocupação
O meu pai será o mais
Jovem prefeito deste torrão
Queiram os nossos
Adversários ou não
No dia 13 de maio de 77
Com o aval do SNI
Foi publicado no diário
A nomeação de Deny
Foi à maior comemoração
Que já se viu por aqui
Bombas e fogos de artifícios
Não cessavam de explodir
A ditadura militar
Foi um ato de opressão
Que tirava do povo
A liberdade de expressão
Sento Sé, ainda aplaudia
E vibrava com emoção
Festejava o 13 de maio
Dando viva a revolução
O prefeito Osvaldo Lopes Ribeiro
Moço capaz e competente
Rompeu com os Sento-Sés e
Tinha planos importantes
Pretendia mudar o nome de Sento Sé,
Para Monte castelo ou Ribeiropoles,
Se o Deputado Jairo não fosse rápido
Teria amargado este astucioso golpe
Com a aprovação de um projeto
Da sua autoria na Assembléia da Bahia
Casa - Nova, Sento Sé, Remanso e Pilão Arcado
Conservaram seus nomes como a lei previa
Em 85, o impossível aconteceu,
Hosana canta nas alturas
E os sinos anunciam
O fim da triste ditadura
Os municípios considerados
Área de segurança nacional
Voltam a eleger seus prefeitos
Como prever a Justiça Eleitoral
Dr. Deny, parecia invencível,
Nove anos no mandato,
Amigo do governador e
O filho Deputado.
Os políticos temiam
Enfrentar o vetusto prefeito
Só um jovem garimpeiro
Um dia bateu no peito:
Em voz alta bradou:
Vou me candidatar
Com o apoio do povo
A eleição vamos ganhar.
A esta oligarquia
Temos que derrotar
O jovem David venceu Golias
Bastou a funda arremessar
Foi vitorioso o garimpeiro
O faiscador aventureiro
O groteiro expatriado
Até chamado de forasteiro.
Um dia a casa cai.
Diz o ditado popular
O povo simples e humilde
Derrotou a ditadura militar.
Os tempos hoje são outros
Nós temos que acreditar
Com a educação do povo
Sento Sé vai melhorar.
O crescimento na educação
Não podemos contestar
Os professores fazem cursos
Para as crianças educar.
A UNEB em Sento Sé
Veio pra ficar
Aos nossos mestres
Vamos parabenizar.
Aos velhos tempos
Não queremos lembrar
O Coronel Sento-Sé dizia:
Pra que estudar
Eu não vou criar cobras
Só pra me picar!
Só basta escrever o nome
Para na eleição votar.
Ainda se ver anciãos
Com a idade aumentada
Foi pra votar em seu Tonhá
“Que assim fui registrado”
Hoje as crianças estudam
Tem compreensão de interpretar
E na leitura e escrita
Aprendem verbalizar
Muitas crianças já sabem
Na internet navegar
Para o Brasil crescer
Vamos a evolução acompanhar.
Os professores de Sento Sé
Tem orgulho da profissão,
Muitos já têm pedagogia e
Outros pós graduação
Quem não tiver nível superior
Fica sempre na contramão:
Faça logo uma faculdade e
Escolha a sua profissão.
Para ensinar matérias especificas
Precisa de uma especialização
O professor que não for competente
Não consegue classificação
Esta é a nossa prosa
Espero ter agradado
Quem ler estes versos
Meu muito obrigado
Alguma coisa que esqueci
Fica pra outra oportunidade
Não é difícil escrever
Quando se fala a verdade
Aguardo a sua critica
Com muita serenidade
Sou um modesto professor
Desprendido de vaidade
É bom conhecer o passado
Deste povo aguerrido
E escrever a história
Desta gente varonil
Padroeiro São José
Abençoe seu povo
Não deixe que Sento Sé
Seja castigado de novo.
Antonio Rodrigues Lima, professor e historiador atualmente reside e trabalha em Sento Sé