PRECISAMOS FALAR MAIS SOBRE O ABORTO (Crônica de ERRY JUSTO)

Quando eu penso que a coisa tá ruim, vejo que vai de mal a pior. Eu li ontem nesse BLOG que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso que deveriam ser exemplos em conduta, voltaram a bater boca, na quarta feira passada (21-03-18), e a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, até precisou suspender a sessão. A confusão começou quando Gilmar criticou a decisão da 1ª Turma do Supremo sobre O ABORTO, que considerou que a prática não seria crime se feita até o terceiro mês da gestação. Barroso era o relator do caso. Barroso chegou ao ponto de dizer que Gilmar Mendes "é a mistura do mal com uma pitada de psicopatia!" Aqui podemos ver a que ponto nós brasileiros de boa índole chegamos. Quem nos representa na mais alta corte do Judiciário? Ninguém? Não sei. Mas uma coisa eu realmente sei: é que devemos falar mais sobre o aborto. E por que eu estou dizendo isso nessa minha crônica? Simplesmente porque o aborto está mais perto de nós do que a gente pensa. É um crime, um ultraje com requintes de crueldade matar uma criança com vida, dentro do ventre materno, sem que essa tenha a mínima chance de se defender. O pior é que às vezes a gente acha que esse assunto é tão forte, tão asqueroso que até em algumas ocasiões a gente "finge que não vê!" Mas vemos... E como vemos!

Como eu disse acima, o aborto está muito mais perto de nós do que a gente pensa. E falar de aborto não é tarefa fácil para nós. Quando trazemos à memória a questão do aborto, com certeza remetemo-nos também às questões políticas, sociais e até dos tão reivindicados direitos das mulheres que com ele estiveram sempre subjacentes. Apesar de esta ser uma crônica que expresse minha OPINIÃO, com ela não pretendo manifestar somente o que penso. Gostaria de expressar o lado filosófico sobre esse tema com questões psicológicas que estão frequentemente adjacentes e que muitas vezes são descartadas.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1989) aborto é a interrupção de uma gravidez antes que o feto seja capaz de ter vida extrauterina independente. Ou seja, é matar uma vida que é gerada dentro de outra vida! Existem duas classes, muito bem definidas de aborto: O ESPONTÂNEO E O PROVOCADO. No primeiro a interrupção da gravidez não é intencional, enquanto, no segundo, estando ou não dentro da lei, tudo é planejado. O aborto provocado é, sem dúvida, o mais prejudicial para a saúde da mulher, tanto física como mental. A nível físico porque na maioria das situações é realizado por pessoas não habilitadas, o que pode gerar doenças ou até mesmo a morte da gestante. Contudo, gostaria de focar-me no prejuízo mental que frequentemente acarreta. Seja qual for a situação a mulher sofreu uma perda. E se ela não se permitir vivenciar essa perda passando pelas fases da negação, da perda, da raiva, da culpa, do medo e do ressentimento e perceber que é normal passar por todos estes estádios, poderá desencadear prejuízos psíquicos dificilmente reversíveis. O que acontece é que como o aborto provocado é muitas vezes negado, todos estes sentimentos serão como que camuflados e a restauração não acontecerá. O aborto provocado trás consigo uma serie de sintomas, poucas vezes falados, que chamamos de SÍNDROME PÓS-ABORTO.

Esta síndrome inclui sintomas como o entorpecimento de sentimento, o endurecimento do coração, perturbações do sono e pesadelos, alucinações e pânico. Perante este quadro, e os sentimentos de culpa constante, nalguns casos, surge o desejo de "reparar o aborto" com outra gravidez. E isso a meu ver é muito pior! O que, certamente levará a um outro e um outro aborto. Sentimentos de autocondenação e perda da autoestima são extremamente frequentes o que pode, em casos extremos, levar até ao suicídio. Tudo isto, porque a relação biológica, psicológica e espiritual da mãe com o filho são irrefutáveis. Pela sua própria natureza, a mulher está predisposta a proteger, alimentar e cuidar do seu filho desde o momento da concepção.

É óbvio que eu sei que há casos que a mulher pode sim manifestar o desejo de abortar se caso a gravidez for fruto de um estupro. É aceitável via judicis, porém ainda é muito traumatizante. Mas, e a criança? E esse serzinho tão inocente e puro que nem chances de se defender têm? Há interesses bem camuflados no Brasil que querem que o aborto seja legalizado. Interesses políticos, empresariais, religiosos e pasmem, até de ordem mundial.

Precisamos falar mais sobre o aborto porque ele está muito mais perto de nós do que a gente pensa. Pode ser um parente nosso, uma vizinha, uma amiga, uma colega da escola, uma professora, ou pode ser um casal de amigos bem próximos de nós. Não sei ao certo quem... Mas sei que esse assunto deveria ser mais comentado nos blogs, nos jornais, nas rádios, na TV e até nas escolas e nas universidades. A segunda edição da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), realizada em 2016 pelo Anis Instituto de Bioética e pela Universidade de Brasília (UnB), aponta que 20% das mulheres terão feito ao menos um aborto ilegal ao final da vida reprodutiva, ou seja, uma em cada cinco mulheres aos 40 anos terá abortado ao menos uma vez. Pense nisso, pois é um problema de saúde pública! Não podemos tapar o sol com a peneira. Espero que os "senhores Ministros" ao invés de ficarem brigando feito um bando de normalistas num colégio interno, tenham mais responsabilidade e seriedade ao julgarem essa pauta tão importante e que afeta cada um de nós brasileiros.

ERRY JUSTO.

Radialista e Jornalista.

Fontes e dados:

http://agenciabrasil.ebc.com.br