ARTIGO – ESTRANHOS NO NINHO

Até alguns dias atrás, qualquer bate-papo envolvendo uma discussão sobre os nomes dos prováveis pré-candidatos à Presidência da República, era necessário recorrer ao Google para nominá-los, visto o elevado número daqueles que sinalizavam o interesse no cargo. Não precisava ser um analista político de porte para se antecipar a previsão indicada pela lógica de que a evasão também não demoraria muito a ocorrer, principalmente se aplicarmos a analogia do que disse Cristo em uma de suas importantes parábolas: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mateus 22:14). Ou seja, está mais que bem explicado através dessa parábola, que a escolha passará numa peneira bem apertada onde até um grão de areia é difícil de passar... Quanto mais, quanto mais...!!!

O cansaço do eleitorado e o esgotamento da sua paciência diante da impureza moral que permeia o perfil da maioria dos pretendentes, induzia ao surgimento óbvio do desejo de votar em algo novo e que despertasse a esperança adormecida de todo o eleitorado por melhores dias. 

Dos muitos nomes anunciados pela imprensa, alguns até provocam risos pelo despreparo para a estatura do cargo, como o Luciano Huck, Eymael, Fidelix, Guilherme Boulos, Cabo Daciolo, Beto Albuquerque, Dr. Ney, Vera Lúcia, Manuela D’Ávila, Aldo Rebelo, e João Vicente Goulart; outros, profissionais da política com algum tipo de restrição ou investigados pela Lava-Jato, mas que insistem em não acreditar que a Justiça os impedirá de oficializar a candidatura, como: o Lula (já condenado), Geraldo Alckmin, Fernando Collor, Rodrigo Maia (investigados), e o próprio atual Presidente Temer, pretendente, mesmo que com 70% de rejeição e apenas 6% de aprovação; outros mais, sem restrições conhecidas, mas nomes pouco palatáveis para o cargo, por alguns motivos ou posturas assumidas, como Henrique Meireles (presidente do Banco Central com Lula, e ex-Ministro de Dilma e Temer), Marina Silva e Ciro Gomes (uma, mansa demais, e o outro, briguento além da conta, e já candidatos nas anteriores) e Jair Bolsonaro (odioso em excesso); e no contexto dos 26 nomes anunciados, alguns poderiam até escapar, como: Cristóvam Buarque e Álvaro Dias (Senadores), João Amoêdo e Flávio Rocha (empresários), Paulo Rabelo (Presidente do BNDES) e Joaquim Barbosa (ex-Ministro do STF). Ainda que tenham qualidades e não sejam portadores das muitas chagas negativas impregnadas no perfil dos demais - pelo que se sabe até aqui! -, com certeza nas articulações políticas são considerados ESTRANHOS NO NINHO! E não tem outra maneira para assim classificá-los, pois, são todos estranhos...

Tenho a convicção de que muitos desses nomes não passam de mero ensaio no universo das possíveis candidaturas e assim não sobreviverão por muito tempo. Aqueles envolvidos em denúncias de corrupção e que querem fazer com o eleitor aquele jogo do “faz de conta que não é verdade”, terão o tratamento devido nas urnas.

Nesse espaço político preenchido por profissionais de sucessivos mandatos e com a tradição de eleitos de pai para filhos e netos, infelizmente não há lugar para amadores e neófitos, ainda que portadores de conhecimento e experiência de vários matizes, visto a dificuldade em que se debatem de ler na mesma cartilha das velhas raposas. E isso é mais que fato, estampado em todos os jornais lidos e vistos, e dali retiradas as conclusões por quem tem noção e visão da política correta.  

Com a proximidade da data de registro dos candidatos ao pleito presidencial, em 15 de agosto de 2018, já começaram as esperadas defecções daqueles mais inseguros com as perspectivas de êxito no projeto inicialmente sonhado. Assim é que o Luciano Huck e o Joaquim Barbosa já jogaram a toalha e desistiram alegando motivos de ordem pessoal. Quanto ao ex-Ministro Barbosa é difícil entender como acalentou esse sonho desde que aposentou do Superior Tribunal Federal, e alimentou essa expectativa popular de que, finalmente, no futuro governo poderia ter alguém sério e de conduta irrepreensível, mas gerou uma grande e inesperada decepção.

O cenário que se desenha na direção das eleições de outubro, é triste dizer, oferece poucas possibilidades de efetiva mudança, uma vez que aqueles nomes imaginados com as qualidades de integridade para ocupar os cargos elegíveis para o Executivo e o Legislativo não se afinam neste grande e fechado condomínio, e para o qual não passam mesmo de ESTRANHOS NO NINHO!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador - BA.