Comunidade Acadêmica e Movimentos Antirracistas do Vale debateram sobre racismo na Universidade

O primeiro dia do semestre letivo 2018.1 da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) foi marcado por um debate sobre o combate ao racismo no ambiente universitário. Estudantes, servidores e representantes de Movimentos Antirracistas do Vale estiveram reunidos na tarde da última quinta-feira (17) na Audiência Pública sobre Racismo na Universidade, que aconteceu no auditório da biblioteca, no Campus Sede, em Petrolina (PE). O evento contou com a presença do vice-reitor Telio Nobre Leite e dos pró-reitores de Ensino, Monica Tomé, e de Gestão e Orçamento, Antônio Pires Crisóstomo.

Durante o debate, que teve muita participação das pessoas presentes e foi mediado pelo professor do Colegiado de Ciências Sociais Nilton de Almeida, foram discutidas diversas temáticas relacionadas ao enfrentamento do racismo institucional como a política de cotas raciais para discentes e servidores, a violência, o preconceito racial, a aplicação da Lei N° 10.639/2003, que regula o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras.

A representante do Conselho Municipal de Promoção à Igualdade Racial de Juazeiro, Márcia Guena, que é diretora do Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), falou sobre as muitas dificuldades que os negros enfrentam no cotidiano, especialmente os jovens, maiores vítimas da violência urbana. “O racismo impede o ir e vir. Impede a vida e a sobrevida de grande parte da juventude. E é crime tipificado por lei, imprescritível e inafiançável. Nosso desafio é em defesa da vida da nossa população e a universidade precisa incorporar essa luta”, disse Márcia.

O coordenador de Políticas de Ações Afirmativas da Univasf, professor Cláudio de Almeida, lembrou da importância de se discutir essas questões no primeiro dia de aula do semestre, quando a Univasf está recebendo os estudantes ingressantes, muitos deles cotistas. “Situações de racismo e preconceito têm impacto negativo sobre o desempenho dos nossos estudantes”, frisou. Ele ressaltou que o combate ao racismo no ambiente universitário envolve diversas ações, entre elas a capacitação de servidores e funcionários terceirizados.

Atentos a todas as discussões, os estudantes de Ciências Sociais Laiane Amorim e Douglas Magalhães, que estão no 2º período do curso, consideraram a abordagem da temática pertinente. “Participar deste debate é muito importante. É um momento de reflexão para todos”, comentou Laiane. Douglas ressaltou que as questões raciais são pouco discutidas. “O assunto precisa ser abordado com mais frequência”, disse o aluno.

Entre as ações definidas ao final da audiência destacam-se a realização de uma nova audiência, prevista para julho, e o encaminhamento das proposições apresentadas pelo público para o Conselho Universitário (Conuni) da Univasf. Além disso, será retomado o Fórum de Ações Afirmativas, com o objetivo de recriar a Câmara de Ações Afirmativas da Univasf.

A ideia da realização do evento surgiu a partir de um episódio de racismo sofrido por um estudante da Univasf no Campus Juazeiro, em novembro do ano passado, durante as ações que marcaram o Novembro Negro na instituição. A audiência Pública foi uma iniciativa do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo Institucional, criado pelo Conselho Universitário (Conuni), em 2018, da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), da Coordenação de Políticas de Ações Afirmativas (CPAA), do Núcleo de Estudos Étnicos e Afro-brasileiros Abdias do Nascimento-Ruth de Souza (Neafrar), ambos da Univasf, em parceria com a Seção Sindical dos Docentes da Univasf (Sindunivasf), o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro e Movimentos Antirracistas do Vale.

Ascom Univasf