Engenheiro preso pela PF é o terceiro homem em vídeo de assédio na Rússia

Mais um brasileiro que aparece em vídeo assediando uma jovem, aparentemente russa e que não fala português, durante a Copa do Mundo, foi identificado, nesta terça-feira. O engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho, natural de Picos, no Piauí, que foi secretário de Saúde e também de Educação do Estado do Piauí e ainda trabalhou como engenheiro civil na Prefeitura de Araripina, em Pernambuco. Ele é ex-membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (CREA-PI).

Luciano foi preso em 2015 em ação conjunta da Polícia Federal (PF) com a Controladoria Geral da União (CGU), em operação nomeada "Paradise", que tinha como objetivo desarticular esquema de desvio de dinheiro público na Prefeitura de Araripina. Segundo a investigação, o grupo desviava dinheiro público, repasse do Ministério da Educação, que deveria ser usado para a construção creches e escolas e quadras esportivas. Segundo a PF, o grupo de aliados do ex-prefeito Alexandre Arraes (PSB) fraudava licitações para que as empresas dos parentes e até laranjas do grupo fossem beneficiadas. No quadro societário das empresadas há empregados domésticos e parentes dos envolvidos nos vencedores das obras. O esquema envolvia as empresas vencedoras e as perdedoras que entravam na briga apenas para perder. As perdedoras ofereciam descontos típicos de quem não disputava realmente a concorrência.

Na nota divulgada na época pela polícia federal explicava o esquema assim: “Após a licitação, com a assinatura do contrato, não é a empresa vencedora que executa a obra, mas sim as empresas de Paulo Arraes e de Ricardo Arraes (irmãos do prefeito de Araripina) que executam as obras. Não há pagamento dos encargos sociais (não há recolhimento do INSS e do FGTS); as obras se protraem no tempo, no intuito de se conseguir mais e mais aditivos contratuais, sempre com a intenção de lucrar mais. Serviços não são executados, porém são pagos; algumas vezes pagos em duplicidade. Os engenheiros da prefeitura inserem dados falsos (fotografias e atestes de medições nos sistemas do FNDE) – tudo para liberar os recursos federais.”

Por causa dessa prisão, o Ministério Público (MP) entrou com uma ação de improbabilidade administrativa contra o grupo. Luciano é dono de uma empresa de construção.

Um outro vídeo também se tornou viral nas redes sociais nessa terça-feira. Nas imagens, brasileiros pedem que mulheres repitam frases de cunho sexual. Um dos autores da gravação é Felipe Wilson, supervisor de vôos da LATAM, em Guarulhos. A companhia aérea confirmou em seu Twitter que se trata de um colaborador.

Ainda nesta terça-feira, a Polícia Militar de Santa Catarina confirmou que outro brasileiro no vídeo é o tenente Eduardo Nunes, que serve em Lages (SC).

Um dia antes, na segunda-feira, Diego Valença Jatobá, pernambucano do Recife, que foi secretário de Turismo de Ipojuca (PE), município onde está localizada a praia de Porto de Galinhas, foi reconhecido. Ele foi o primeiro brasileiro identificado no vídeo.

A reportagem tenta fazer contato com Diego desde segunda-feira, mas ele não responde aos chamados. Também tenta falar com Eduardo Nunes, com auxílio do comando da PM.

O site UOL conseguiu contato com Luciano Gil Coelho. Segundo eles, o empresário disse, por telefone, que tem mulher e filha e que jamais agrediu uma mulher:

- Somos pais de família, trabalhadores e vocês estão acabando com a vida da gente... Quem está brincando carnaval exagera um pouquinho na bebida e às vezes passa do ponto. Peço desculpas às mulheres que possam ter se sentido ofendidas. A brincadeira passou do ponto. Nunca agredi mulher, naquela hora não houve coação moral, não houve forçação de barra com ela, não houve mão boba, não teve nada disso. Ela estava superanimada, como diversas russas que estão curtindo a festa, porque as russas nunca tiveram uma festa como essa - disse Luciano ao UOL, acrescentando não conhecer o grupo, apenas ter se juntando ao que classificou como "brincadeira".

Fonte: G1