Juazeiro e Petrolina enfrentam o desafio de frear as ocupações irregulares nas margens do rio São Francisco

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou, na manhã desta segunda-feira (17), a segunda de três reuniões públicas sobre os riscos da ocupação irregular do solo às margens do Rio São Francisco. O encontro aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade de Petrolina, interior de Pernambuco, situada na região do Submédio São Francisco. De acordo com o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, as reuniões acontecem de modo preventivo e para emitir alertas sobre as ocupações irregulares do solo em áreas inundáveis.

“Devido ao longo período de estiagem, as pessoas se acostumam a ver aquela área antes com abundância de água, virando deserto, mas ali é o curso da água e pode voltar a ter água a qualquer momento. Essa é a preocupação do Comitê que vê como urgência a discussão sobre esse tema a fim de que possamos evitar catástrofes, como acontece com muita regularidade todos os anos”, explicou Miranda. Segundo relatório feito pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), as cidades, de maneira geral, enfrentam o desafio de frear as ocupações irregulares e, mediante o cenário traçado, os municípios de Petrolina e Juazeiro – BA, cidade divisa, seguem o padrão de dificuldades.

De acordo com o levantamento de uso e ocupação do solo identificando ruas, praças e prédios da região ribeirinha em uma faixa de aproximadamente 500 metros da margem do rio, ambas as cidades, mesmo contendo diques construídos ao longo das margens do São Francisco para proteção e impedimento do avanço das águas sobre a área urbana, correm o risco de terem parte de sua área inundada, caso haja uma vazão a partir de 4mil m³/s.

Com isso, além da questão imediata, devido aos últimos 10 anos de estiagem os relatórios também dão ênfase às ocupações irregulares que já se constituíram ao longo dos anos e fundações das cidades. Mediante os números alarmantes, o Brasil registra por ano aproximadamente 2,5 mil mortes, além dos prejuízos acumulados pela sociedade e pelos municípios.

Para o Diretor Superintendente da Defesa Civil da Bahia, Paulo Sergio Menezes, o trabalho nesse sentido deve ser focado na gestão de risco de desastres, de modo a prevenir e antecipar os efeitos danosos que um desastre pode causar na sociedade.

“Trabalhamos com extremos hídricos: tanto a falta de água é um desastre doloroso para as famílias como também o excesso de água pode provocar mortes, prejuízos e danos, por isso eventos como este promovido pelo CBHSF são de extrema importância para que a gente possa preparar os municípios e as defesas civis municipais e também a sociedade para que no momento de desastre cada um saiba fazer seu papel”, enfatiza.

Participaram da reunião a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), Agência Nacional de Águas (ANA), Associação Chapeu Parnamirim, Casa Civil da Bahia, Associação dos Condutores de Embarcações da Ilha do Rodeadouro, Rotary Club Petrolina, Serviço de Água e Saneamento Ambiental de Juazeiro (SAAE), Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Distrito de Irrigação Nilo Coelho (DINC), Prefeituras de Juazeiro, Jacobina, Petrolina, Lagoa Grande, Colônia de Pescadores, Tribo Pankará, Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago de Sobradinho, Câmara de Vereadores de Petrolina, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Distrito de Irrigação Curaçá, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

A próxima reunião pública está prevista para o mês de outubro e será realizada no município de Pirapora, em Minas Gerais.

Juciana Cavalcante Foto: Marcizo Ventura