ARTIGO – ELEIÇÕES 2018: AS ESTRELAS CADENTES

Todo processo eleitoral enseja a oportunidade de o eleitor expressar o seu sentimento pessoal ou do segmento social ao qual está integrado, ocasião em que manifesta o grau de aprovação, ou não, quanto ao desempenho dos seus representantes tanto no Executivo como no Legislativo, ou mesmo projeta a sua revolta ou descontentamento quando os valores básicos da formação da família ou os laços culturais foram ou estão sendo ameaçados.

O cidadão e eleitor pode até não responder através do voto na velocidade que muitos desejam, mas, sempre chegará o momento em que a voz das urnas ecoará em brados retumbantes, às vezes provocando graves surpresas naqueles que mais deveriam estar preparados para captar essa mensagem: os políticos! 

A prova irrefutável dessa sabedoria popular, muitas vezes menosprezada por esses senhores, é a quantidade de velhas raposas ou famosas estrelas que não se reelegeram ou não elegeram seus filhos em 2018, universo em que se pode citar: Roseana Sarney (MDB-MA), José Sarney Filho (PV-MA), Edison Lobão (MDB-MA), Romero Jucá (MDB-RR), Eunício Oliveira (MDB-CE), Jorge Viana (MDB-AC), Cesar Maia (MDB-RJ), Lindbergh Farias (PT-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP), Beto Richa (PSDB-PR), Roberto Requião (MDB-PR), Heráclito Fortes (DEM-PI), José Carlos Aleluia (DEM-BA), Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Marconi Perillo (PSDB-GO), Cristovam Buarque (PPS-DF).

E não poderia faltar nessa lista a digníssima senhora Dilma Rousseff (PT-MG), que caiu de paraquedas na política de Minas Gerais de última hora para se candidatar, e que já deveria ter ficado inelegível desde o impeachment, o que evitaria mais esse inútil gasto eleitoral. Escapou ileso dessa varredura o Renan Calheiros (MDB-AL), que ninguém aguenta mais! 

Nesse grupo de políticos alcançados pela reprovação do eleitorado, de onde escapam poucas exceções, a maioria está a temer um prejuízo maior que o mandato perdido, ou seja, a perda do Foro Privilegiado, detalhe que já deixou ouriçados os Procuradores da Lava Jato! É válido observar a diversidade de cargos atingidos (Deputados, Senadores, Governadores, ex-Presidente, etc.), assim como a variedade de Estados e regiões.

Outro fato relevante e que impressionou a todos: o abrupto apequenamento dos tradicionais Partidos da Câmara de Deputados, em contraponto com o crescimento de alguns partidos “nanicos”. Enquanto o DEM passou de 21 para 29 Deputados e o PSL saiu de 1 para 52 (!), os demais perderam espaço: MDB de 66 para 34; PSDB de 54 para 29 e o PT de 69 para 56, embora essa ainda seja a bancada com maior número.

Não na dimensão atual absurda que possuem, o Congresso Nacional e as Câmaras Estaduais e Municipais são as peças fundamentais na sobrevivência do Sistema Democrático. Esse entendimento, contudo, não significa aprovação e conivência com tantas práticas irregulares que vem se reproduzindo de forma vergonhosa e desmoralizante, configuradas na perniciosa relação corruptível que se estabeleceu com o Poder Executivo e uma gama de empresas privadas e estatais 

Foi notável a determinação de mudança consciente e corajosa assumida pelo eleitorado, que endereçou aos novos eleitos e reeleitos já no primeiro turno, bem como aos remanescentes para decisão em segundo turno, um consistente recado, como se desejasse dizer: ESTOU VIVO E PRESENTE, e exijo uma transformação de todos no campo da honestidade, da moralidade e da ética!

Uma grande parte do eleitorado transformou o seu clamor em realidade, e julgou com dureza e sem sentimentalismo as antigas lideranças políticas acima citadas. Com a devida vênia da Igreja, e com o respeito que merecem os Conventos, acho que esse time exorcizado do seio da vida pública somente terá recuperação após longo recolhimento e insistente “mea culpa” repetido exaustivamente na sua versão literal: “Pequei por pensamento, palavras e omissões: por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa”! 

Se essa oração não produzir os efeitos desejados, com certeza nos futuros pleitos teremos outras tantas ESTRELAS CADENTES!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.