ARTIGO – QUE TAL UMA NOVA CARTILHA?

Assistir de camarote ao processo de escolha dos nomes para composição de uma equipe de governo, vibrando com os acertos ou criticando os erros que inevitavelmente acontecem, é uma posição confortável e cômoda para qualquer expectador ou para os analistas políticos sempre disponíveis para uma avaliação crítica dos acontecimentos. Obviamente que, diante do desmoronamento dos valores morais mais intrínsecos, neste Brasil dos últimos tempos, a caça aos homens e mulheres de bem vem se constituindo numa das tarefas mais difíceis e espinhosas para qualquer governante. Pessoas de competência não faltam, mas muitas, escorregadias, fogem pelo crivo rigoroso da peneira por não resistirem ao exame mais elementar que seja. Outras, depois de escolhidas, tornam-se o alvo da oposição e também do jornalismo investigativo, e nem sempre escapam ilesas das sequelas de fatos até então ocultos! Na atual equipe, por exemplo, o primeiro selecionado – Onyx Lorenzoni – já terá de se explicar... Aliás, por tudo que temos lido a respeito, podemos dizer que publicado seu nome já está, mas, o jornalismo investigativo vai atormentar suas noites insones. Sem falar do fogo amigo que já começou a receber por não atender nem uma ligação telefônica dos próprios aliados. Imaginem de um simples mortal!

O novo governo terá de ser coerente com o seu discurso de mudanças das práticas vigentes, embasado em que obteve a aprovação de 57,7 milhões de brasileiros, e assim não poderá se eximir de suas graves responsabilidades já a partir da escolha dos nomes para a sua equipe. Embora seja natural o rigor crítico dos opositores, quase sempre extrapolando no descontrole das paixões radicais, não tenho dúvidas de que, em razão de terem confiado no advento de um novo tempo, aqueles que acreditaram na bandeira da mudança que se erguia no país é que deverão assumir a postura do protesto legítimo visando a correção de algum eventual desvio de rota.

Entendo como razoável e revestido de um mínimo de inteligência, que as forças políticas derrotadas no último pleito tenham a lógica consciência da sua momentânea insignificância eleitoral e política, e assim devem se dedicar ao recolhimento e à reflexão quanto aos erros cometidos na campanha e fora dela, principalmente nos últimos governos. Certamente irão descobrir que o discurso está cansativo, superado e de pouca imaginação. Que os motes de “golpismo”, “fora Temer”, “Lula Livre” e outras baboseiras já não mais convencem aos partidários ingênuos, e tão pouco às pessoas inteligentes que o grupo comprovadamente possui. Isso para não dizer que a falta de criatividade incomoda a todos os demais. 

Enquanto essas modificações e aperfeiçoamentos são providenciados pelas cabeças pensantes do grupo, objetivando novas e mais adequadas estratégias futuras, sugiro que se conceda um mínimo de tempo útil ao governo que ainda vai assumir o Poder para a implementação das primeiras medidas, e assim ele possa ser avaliado no tempo certo.

Esperança, muito mais do que confiança na capacidade ou paixão pelo candidato eleito, foi o fator preponderante e presente na eleição do Jair Bolsonaro, diante do desencanto que dominou toda a sociedade. Daí é que o julgamento de suas ações, certas ou erradas, e sem pressa ou açodamento, caberá a esse eleitorado.

Diria que está na hora de abandonar a “Cartilha da Esquerda” importada de Cuba ou dos poucos países socialistas que restam no mundo, e convocar os intelectuais, professores e filósofos da esquerda nacional – e os leitores conhecem alguns! -, para produzirem uma nova Cartilha ajustada à realidade brasileira, alterando, assim, o modelo vencido de doutrinação esquerdista. Quem sabe, talvez seja hora de mudar, também, a qualidade do pão e das mortadelas que alimentam os manifestantes remunerados!

Se o assunto principal é cartilha, porque não lembrar a nossa Cartilha Raiz, aquela do A, B, C que nos ensinava o bê-a-bá como nenhuma outra é capaz? Quem sabe, até quando falamos numa nova cartilha para reorientar certas ideologias, não fosse também a nossa velha Cartilha da Infância do “recente” ano de 1945 (!), a maior e melhor fonte de saber nesses tempos conturbados do ensino no Brasil!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.