Para todos aqueles que tem o privilégio e a honra de ser pai, e assim conhecem a força do sentimento de amor que domina a alma paterna, podem avaliar a dimensão do conflito que ora enfrenta o pai Bolsonaro diante das investigações que envolvem um dos “Garotos do Presidente”! Certamente que por influência da primeira dama ser evangélica, na sua memória já deve ter revitalizada a lembrança do episódio bíblico envolvendo Abraão, quando o Senhor testou a solidez e grandeza de sua fé, exigindo que sacrificasse a vida do próprio filho Isaque. O ato não precisou ser consumado, porque não houve qualquer hesitação de Abraão em provar a fidelidade ao seu Deus, o que fez crescer a sua moral perante o Onipotente. Quanto ao pai desses “garotos”, no entanto, ainda não podemos precisar como ficará o conceito diante do povo...
Pode parecer exagerada a analogia diante da tamanha diversidade dos fatos, mas não podemos abandonar as figuras de pai e filho aí presentes, colocados, também, diante de um terrível desafio: ou sacrifica o futuro político do filho ou desmoraliza e sacrifica o seu próprio governo. E olha que o estamos comparando com um filho – o Isaque – que não era político, totalmente inocente, sem máculas ou suspeitas!
Não sei se chega a ser surpreendente o silêncio presidencial diante da gravidade das denúncias envolvendo o filho, que será empossado e promovido de Deputado Estadual no Rio de Janeiro para Senador da República. A ninguém, de sã consciência, porém, passa o entendimento de que o pai desconhecesse as ações do filho e seu ex-Assessor, tanto pela visível união familiar, como pela velocidade da carreira política do filho sob a total influência do seu genitor. Os argumentos de defesa alinhados até agora são de pouco convencimento, mas a coerência entre a prática e o discurso exige que a investigação seja conduzida de maneira honesta até o seu final. Somos obrigados a reconhecer que não é fácil cortar na própria carne...
Já durante a campanha eleitoral no ano passado, o outro filho, Eduardo Bolsonaro, reeleito Deputado Federal, exibiu uma loquacidade destemperada que quase atrapalha a campanha do pai a Presidente, ao dirigir frase pouco cortês ao STF em vídeo que teria divulgado, contendo a deselegante expressão: “Basta um cabo e um soldado para fechar o Supremo”. Na ocasião o pai, então candidato, declarou: “Eu já adverti o garoto”! Essa reação demonstra o risco e a insegurança que esses “garotos” estão representando para o governo recém empossado.
Uma vez que essas denúncias vieram enriquecer a pauta de notícias da mídia falada e escrita nesse início de governo, sou levado a recordar ao leitor que também o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva guardou um silêncio tumular sobre o abrupto enriquecimento do filho Fábio Luiz Lula da Silva, que de monitor de um zoológico passou a vitorioso empresário, e até hoje sofre fortes acusações. A grande inovação e que diferencia os dois presidentes e seus filhos, é que os atuais falam muito e os anteriores nada falavam e nada sabiam, sempre! Agora em Davos, na Suíça, até que o Presidente surpreendeu e rompeu o silêncio numa entrevista à Agência de Notícias Bloomberg, dos EUA, quando declarou: “Se por acaso ele errou, e isso for provado, eu lamento como pai, mas ele terá que pagar o preço por essas ações que não podemos aceitar”. Duras, mas sensatas palavras!
Uma lição primorosa e positiva resultante do presente episódio, refere-se à repentina conversão dos contrários à tese da investigação e punição rigorosa dos denunciados por crimes, postura com a qual concordo. Isso evidencia que os julgamentos e prisões de tantos que se achavam intocáveis, finalmente produziram o fortalecimento do conceito de justiça e combate à impunidade.
Como são vaidosos os “garotos” do Presidente, oxalá não venha a sair um filme intitulado “OS FILHOS DE PAPAI”! Por falar em filme, quem assistiu OS FILHOS DE FRANCISCO, vai querer assistir por vezes sem fim pela verdadeira lição de humildade, honestidade e simplicidade como regras de vida.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).
21 comentários
27 de Jan / 2019 às 23h08
Parabéns, muito boa.
27 de Jan / 2019 às 23h10
Tomara que essa situação em que o filho colocou o mandato do pai seja resolvida da maneira como deve ser. O melhor na minha opinião, é o filho renunciar ao cargo. Seria de uma utilidade muito útil... Bora pra mais situações políticas... kkkk (S. Paulo-SP).
27 de Jan / 2019 às 23h13
Caro Agenor. No seu artigo desta semana, devo elogiar, em primeiro lugar o título, dada a perfeita compatibilidade com o tema (apuração pelo COAF de depósitos suspeitos de parlamentares cariocas), embora focado nos de um filho do presidente recém empossado. Já no 3º parágrafo do texto, você consigna, com muita propriedade, que "...os argumentos de defesa ali alinhados são de pouco convencimento". Neste particular, nós que somos ex-bancários, temos um pouco de experiência para saber que em estabelecimentos localizados em Assembleias, os parlamentares são prioridade no atendimento, (continua).
27 de Jan / 2019 às 23h14
(Continuação) ...sopesado ainda o prestígio e a preferência dispensada a estes pela administração da agência. Ali, há opção de atendimento direto na tesouraria, quando implicar em altos valores a serem pagos e/ou depositados em espécie; também (não sei se ainda se aplica na atualidade) o recebimento de envelope em custódia, sujeito a oportuna conferência e crédito no mesmo dia e com imediata comprovação documental da entrega pelo cliente. Portanto, não há justificativa plausível para depósitos sucessivos de igual valor sob o argumento de que assim se estaria evitando "filas".
27 de Jan / 2019 às 23h16
Por último, ao fim do 5º parágrafo está apontado como "duras mas sensatas palavras" (no que também concordo) a declaração do pai dos garotos, feita no último evento de Davos, segundo as quais, em síntese, quem pariu Mateus que o embale, seja filho protegido ou não. Só que eu não acredito nesta falácia, ao meu ver, divulgada por oportunismo como forma de bem repercutir junto à comunidade internacional. Outra coisa é o que realmente acontece aqui. Achei realista e imparcial a sua crônica desta semana. (Salvador-BA).
27 de Jan / 2019 às 23h20
O cronista amparado pela habilidade, seriedade e simpatia peculiares, com sutileza, insere sua opinião e tendência o que pode ser justo e imperfeito. Olhares são exercícios culturais...Claro que permanecerei leitor. A exemplo do colega acima, restringindo créditos ao "PAI PRESIDENTE". (Salvador-BA).
27 de Jan / 2019 às 23h23
Se fosse cirurgião seria um dos melhores, dada a sua perícia em foco sua ação exclusivamente sobre a enfermidade, preservando as células sadias. Assim, vejo sua análise nessa matéria. Mais uma vez obrigado pela oportunidade de aprendizado.
27 de Jan / 2019 às 23h29
Além de uma excelência na análise, constante em suas crônicas, podemos observar a sensatez em pedir que aguarde-se a conclusão das investigações. E, principalmente, citar que o atual presidente, como pai, reconheceu que se houve o erro, deverá existir um preço a pagar. Ao contrário do outro presidente, que jamais se manifestou. E este texto sobrepuja em veracidade a posição da imprensa brasileira, que de forma inequívoca não aceita a eleição presidencial, e foca suas críticas apenas em um dos nomes da extensa lista da COAF. A ideologia comanda nossa grande imprensa nacional. Continua.....
27 de Jan / 2019 às 23h30
....Continuação...... E me conforta ver opiniões sensatas e isentas como a sua, Agenor. FOZ DO IGUAÇU
27 de Jan / 2019 às 23h49
Realmente você apresenta dois episódios, um envolvendo um Presidente que no caso do envolvimento do filho que passou de um simples servidor de um zoológico para um surpreendente empresário bem sucedido, cujo assunto ficou guardado em silêncio tumular, tanto pelo filho como o pai Presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, e este Presidente atual JAIR BOLSONARO, os filhos falam demais e o próprio Presidente, Agora em Davos, na Suiça, o Presidente BOLSONARO, surpreendeu e rompeu o silêncio numa entrevista à Agência de Notícias Boomberg, dos EUA, quando declarou: "Se por acaso ele errou, (continua)
27 de Jan / 2019 às 23h50
(Continuação) ...e isso for provado, eu lamento como pai, mas terá que pagar o preço por essas ações que não podemos aceitar". As diferenças entre os dois comportamentos são latentes, porém, o tempo vai se encarregar de oferecer a transparência e razão de que lado está... (Manaus-AM).
27 de Jan / 2019 às 23h52
Essa declaração do Presidente sobre o filho Flávio, para mim é só “para inglês ver”. Nos “bastidores” não tenho dúvidas de que, usando a sua força institucional fará tudo para salvaguardar o rebento. A propósito, coincidentemente, o Banco Central acaba de divulgar uma norma propondo o relaxamento sejam as regras vigentes, parentes de políticos não sejam investigados no Coaf. (Salvador-BA).
28 de Jan / 2019 às 06h09
Sr. Agenor, juro que no início pensava estar lendo o lulista Otoniel Gondim. Depois, veio a sua sempre visão real dos fatos. Que a verdade sua prevaleça. Otoniel Gondim vem logo, Blog?
28 de Jan / 2019 às 06h20
Bosunaro tem amizades com os milícias do Rio de Janeiro?? Os milicianos vão mandar em Brasília? Milicianos sao o que? Milicianos roubar e matar?? Dizes com quem andas que dir te ei quem es?
28 de Jan / 2019 às 06h22
OS BETRALHAS vai piorar tudo para os pobres
28 de Jan / 2019 às 07h03
POIS É,SE POR UM LADO UM PRESIDENTE FALOU SÓ PARA INGLES VER,PELO OUTRO,UM OUTRO PRESIDENTE NÃO FALOU E AINDA ESCONDEU TUDO PARA NINGUÉM VER !
28 de Jan / 2019 às 08h20
Culpado ou inocente, Flávio é deputado, e não ministro de Bolsonaro, o que não vai impedir nosso MITO de realizar as mudanças necessárias.
28 de Jan / 2019 às 08h39
Oportuno e realista por demais esse Artigo. Deveria chegar aos da foto e logo eles, aprenderiam que boca calada não entre mosca, segundo um dito popukar.
28 de Jan / 2019 às 12h54
Prof. Décio Lima, que beleza o seu comentário. O seu colega Otoniel Gondim manda valer mesmo. Nos mantém atento aos fascistas facínoras, mas, nos mantém antenados com quem escreve bem . Adoro Otoniel e, como você, quero-o logo de volta ao Blog do Povo!
28 de Jan / 2019 às 13h48
Bom dia Caro Agenor! Excelente artigo. Parabéns! O tempo corre contra o relógio, ou melhor: Contra a seriedade que o Bolsonaro se propôs a fazer em seu governo. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) botânico e naturalista francês, que viveu em nosso País estudando as plantas, há mais de um século e meio, em um dos seus estudos escreveu: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. No contexto em que o artigo se refere, troco a saúva pela corrupção. Florisvaldo F dos Santos - São Paulo
28 de Jan / 2019 às 15h10
Parabéns pelo conhecimento profundo e analogias coerentes. Vamos aguardar os próximos acontecimentos .