Ministro afirma que estão sendo adotadas medidas para evitar a contaminação das águas do rio São Francisco

A pluma de rejeitos oriunda do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) não deve chegar ao rio São Francisco. Essa é a estimativa do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, feita durante audiência pública promovida pela Comissão Externa Desastre de Brumadinho (CEXBRUMA), da Câmara dos Deputados, na última quinta-feira (21 de fevereiro).

O vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), José Maciel Oliveira, acompanhou o evento a convite do deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), relator da CEXBRUMA, e na companhia do deputado estadual Lucas Ramos (PSB-PE), que integra a Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco na Assembleia Legislativa de Pernambuco (ALEPE).

O ministro foi o principal convidado da audiência pública, que também teve a participação do coordenador da Força-Tarefa de Brumadinho, José Adércio Leite Sampaio; o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves; o presidente da Federação Brasileira de Geólogos, Fabio Augusto Gomes Vieira Reis; e o coordenador regional da Funai, Jorge Luiz de Paula.

O deputado federal Júlio Delgado questionou o ministro do Desenvolvimento Regional sobre a possibilidade dos rejeitos atingirem o rio São Francisco. Canuto explicou que o percurso da pluma de rejeitos está sendo monitorado e está prevista uma operação especial no reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo para impedir ou mitigar a chegada dos rejeitos ao Velho Chico.

“O São Francisco é essencialíssimo para o desenvolvimento do Nordeste. A gente sabe da importância do rio desde a sua nascente até a foz para toda a região. É inconcebível que a gente não esteja analisando com todo o cuidado para que a contaminação seja reduzida”, garantiu o ministro.

Ele informou que a pluma de rejeitos ainda não chegou a Retiro Baixo, está se sedimentando ao longo do percurso e tem seu avanço monitorado diariamente. A pluma de rejeitos está a 150 km de Retiro Baixo, garantiu o ministro.

Todavia, de acordo com informação da ANA, a pluma de rejeitos já chegou ao reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo. A informação foi confirmada na manhã da segunda-feira (18 de fevereiro), durante videoconferência com a participação do presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, do superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, e membros da equipe que gerencia a Retiro Baixo. Leia a matéria.

De acordo com Canuto, uma operação especial foi montada para quando a pluma de rejeitos alcançar a usina Retiro Baixo. Ele explicou que o reservatório é grande e a expectativa é de que a pluma de rejeitos reduza a concentração. Todavia, explicou, é preciso garantir a vazão mínima de 28m³/s do reservatório para não prejudicar a população que vive abaixo do rio.

“O que foi acordado é deixar o reservatório em sua cota mínima, de 614 metros, e quando a pluma [de rejeitos] chegar, fazer com que a vazão do Retiro Baixo seja ambiental, que é a menor possível, um fio d’água, exigida pela norma ambiental, para que aquele reservatório vá se enchendo lentamente para permitir que os sedimentos não sigam o caminho para Três Marias”, comentou o ministro.

Caso a pluma de rejeitos chegue à barragem de Três Marias, o ministro estima que a capacidade de reservação do local possa diluir a pluma de rejeitos e impedir que atravesse a barragem para o rio São Francisco.

O vice-presidente do CBHSF avaliou como extremamente positiva a participação na audiência pública, em especial ter ouvido do ministro que estão sendo adotadas medidas para evitar a contaminação das águas do rio São Francisco.

“Ficamos extremamente satisfeitos com a fala do ministro sobre a preocupação do Ministério do Desenvolvimento Regional com a chegada de rejeitos ao rio São Francisco, que pode prejudicar ainda mais a nossa população. Ele informou que o Ministério está cobrando da Vale a adoção de metodologias para que sejam barrados esses rejeitos para que não cheguem ao São Francisco”, comentou.

Maciel destaca também que o monitoramento está sendo aprimorado, o que deixa a população do São Francisco mais tranquila, principalmente os moradores a jusante da barragem de Três Marias – médio, submédio e do baixo São Francisco.

Ascom CHBSF Fotos: Agência Câmara / Iara Vidal