ARTIGO – EDUCAÇÃO: PROCURA-SE UM MINISTRO!

Todo cronista dos fatos do cotidiano tem sempre algum tema em mente, antes da largada final na direção do teclado. Mas, são tão abundantes e múltiplos os acontecimentos ao longo da semana, que uma mudança de rumo sempre surge na trajetória. Dias atrás fomos provocados pelas palavras deselegantes e impróprias do Sr. Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, ao atingir de modo genérico a todos os brasileiros com a pecha de que “o brasileiro viajando é um canibal”. Pronunciadas por algum cidadão sem formação e inculto, o fato passaria despercebido e não seria levado em consideração. Mas, ditas por um Ministro da Educação, passa um sentimento de que ele estivesse em estado de êxtase pela recente nomeação!

O ministro é professor, teólogo, filósofo, ensaísta e professor colombiano, naturalizado brasileiro, com algumas obras já publicadas. É óbvio que a sua formação acadêmica é robusta e inquestionável, mas esse seu farto currículo, diante das primeiras manifestações públicas no exercício do importante cargo que assumiu, evidencia que lhe falta o preparo específico para a função, tal a fragilidade e incoerência até aqui demonstradas. Pela sua bagagem pedagógica, é incompreensível que isso ocorra.,

Essa etapa inicial do governo seria mais dignificante e motivo de entusiasmo para todos, principalmente para o amplo segmento que acreditou e depositou as suas esperanças numa mudança radical a ser incrementada, não fosse a infeliz escolha de três nomes – de deficiências até agora reveladas! -, comprometidos por falas impróprias e atitudes que vem surpreendendo negativamente a sociedade, a exemplo do Ricardo Vélez, Damares Alves e Marcelo Álvaro Antônio, este por anunciado envolvimento com o laranjal de Minas Gerais, e investigação já aberta pela Polícia Federal.

Como fato novo, a última semana foi marcada por mais um fiasco do Sr. Ricardo Vélez, que somente forneceu subsídios jornalísticos a toda a imprensa nacional, quiçá mundial! Ao longo da história vários governos se preocuparam em reativar leis de cumprimento esquecido, na tentativa de que se consolidasse a prática de cantar o Hino Nacional nas escolas do país, pelo menos uma vez por semana, conforme estabelecido na Lei 12.031, de 2009, que aperfeiçoou o Art. 39, da Lei 5.700, de 1971, adicionando um Parágrafo Único: ‘’Nos estabelecimentos públicos e privados de ensino fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional uma vez por semana”. Portanto, a execução do Hino Nacional uma vez por semana é legal para escolas públicas e particulares do ensino fundamental. Assim, qualquer imposição nesse sentido esbarra-se na lei. Ou não vale mais o que está escrito?

Assim, já sendo uma exigência oficial o canto do Hino Nacional, não seria pertinente o encaminhamento desse e-mail aos Diretores das escolas, com a estúpida recomendação de que os alunos, professores, Diretor e funcionários, se postassem “perfilados para cantar o hino nacional e que o momento seja gravado em vídeo e enviado para o governo”, enquanto a sua carta era lida... Não poderia haver maior impropriedade, também, que o uso do slogan de campanha e do atual governo - "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos." -, sem o cuidado de consultar a assessoria jurídica do Ministério. O primarismo chegou a ponto de definir o tamanho do vídeo de “até 25 MB e a mensagem de envio deve conter nome da escola, número de alunos, de professores e de funcionários". É importante ressalvar que o que se questiona não é o pedido para cantar o Hino Nacional, mas os detalhes embutidos na mensagem, de intenções ocultas e suspeitas! Uma prova de que ele está perdido, é que já reconheceu que errou. Será que, como professor e filósofo, o Ministro ainda não percebeu a dimensão das reais carências de nossa educação?

Não existe aqui qualquer predisposição em valorizar somente aspectos negativos do atual governo, mas imparcialidade e coerência para o necessário discernimento entre as práticas certas ou erradas, sem qualquer radicalismo ideológico. O Brasil e o seu povo, acima de tudo e de todos eles, vivem a expectativa de novos e acertados caminhos. E nessas linhas semanais, não pouparei, jamais, aquilo que estiver errado. 

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil (Salvador-BA).