Presidente do Comitê cobra que a tragédia de Brumadinho e risco ao rio São Francisco voltem a ser discutidos

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, solicitou, através de ofício enviado para a Agência Nacional de Águas (ANA), na última sexta-feira (15), que voltasse à pauta das reuniões o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, visto que, na última videoconferência realizada no dia 11 de março, o assunto não foi sequer abordado.

Em fevereiro este Blogo informou que membranas de contenção da lama de rejeitos oriunda do rompimento da barragem da empresa Vale, em Brumadinho, que atingiu mortalmente o leito do Rio Paraopeba, em Minas Gerais, ainda não mostraram sua eficácia conforme a expectativa dos órgãos ambientais. Os equipamentos, instalados pela mineradora Vale, que deveriam, pelo menos, reduzir a velocidade de deslocamento da pluma de rejeitos e realizar sua filtragem, ocasionaram, inclusive, mortandade de peixes ainda sobreviventes na região. 

A revelação foi feita durante reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), dia 25,  em Brasília (DF), e transmitida por videoconferência para os estados banhados pelo Rio São Francisco. Participante da reunião representando o grupo de procuradores federais que atuam na bacia hidrográfica do rio São Francisco, o procurador da República Antonio Arthur Barros Mendes estranhou que fique a critério da empresa responsável pelo rompimento da barragem a escolha da tecnologia para contenção e filtragem da lama de rejeitos que avança no Paraopeba, sugerindo a necessidade de uma atitude mais proativa do poder público nessa questão.

Reforçando as palavras do procurador, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, voltou a cobrar das autoridades envolvidas que a Vale seja obrigada a contratar com celeridade a melhor tecnologia internacional dada a gravidade dos impactos que a lama está provocando no Paraopeba com reflexos que, em breve, poderão ser sentidos no rio São Francisco.

Também durante o encontro, a equipe técnica do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) apresentou o Plano Emergencial de Monitoramento do Rio Paraopeba. Nele, constam que estão instalados 17 pontos de monitoramento, que medem parâmetros de qualidade da água e relacionam a série de metais pesados e sua concentração.

A reunião mostrou que são muitas as dúvidas apresentadas sobre o cenário de crise. A representante da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo na reunião, Ana Alice, também prestou informações que causaram surpresa.

 Na reunião promovida na semana passada, a informação era de que a geração de energia estaria suspensa. De acordo com Alice, porém, a empresa reduziu a geração de energia, mas não suspendeu. Com capacidade máxima de geração de 82 Megawatts (MW), a geração tem sido de 70 MW no momento.

A área do reservatório de Retiro Baixo possui 22,5 quilômetros quadrados (Km²), com profundidade máxima de 44 metros e é, conforme já assinalado, a última represa antes do reservatório de Três Marias, a qual verte água diretamente para o Rio São Francisco.

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, alertou quanto às iniciativas que ainda devem ser tomadas para minimizar os graves impactos da lama, que não há tempo para estudos demorados das possíveis metodologias a serem empregadas, e sim a determinação do poder público à empresa Vale para que adquira essas metodologias e tecnologias inclusive no mercado internacional.

Redação Blog com informações CHBSF