Artigo – ELEGEMOS UM OU QUATRO BOLSONAROS?

A nação brasileira vive um momento especial e controvertido. Existe uma profunda consciência de que são graves os problemas existentes em todas as áreas, com particularidade naquelas que afetam a saúde, a educação, a segurança e o emprego, cuja responsabilização não cabe atribuir unicamente ao atual governo com apenas 118 dias de gestão, mas, também, não é justo ficar tripudiando sobre os governos que cometeram erros em passado recente, quando deveriam todos juntarem forças para superar as dificuldades decorrentes de tão acentuada crise econômica, que fazem de conta nada ver, nem está acontecendo.

É inquestionável que uma economia, quando não é muito sólida, fica vulnerável às influências positivas e negativas de todo o processo político em andamento no país, em cujo campo os nossos personagens ativos são pródigos na geração da desconfiança que contagia os investidores e contribui na construção do clima de instabilidade no mercado. 

A propósito, e em paralelo a tudo isso, é de causar indignação ao cidadão que assiste a uma sessão da Câmara de Deputados ou de uma Comissão tão importante quanto a de Constituição e Justiça, como a realizada no último dia 23/04, por testemunhar a atitude de indiferença e descompromisso dos Senhores parlamentares com a importância do projeto em debate e votação. Na ocasião, simplesmente estava em Votação pela CCJ a admissibilidade do Projeto de Reforma da Previdência Social, em que estava em jogo o futuro do trabalhador brasileiro!

Enquanto alguns parlamentares brigavam pelas suas posições, o que fartamente se viu foram deputados que caminhavam desinteressados e indiferentes, passando a todo instante à frente daqueles que falavam, e cobrindo-lhes a imagem da TV Câmara de maneira desrespeitosa! E pasmem, caros leitores, enquanto o debate prosseguia muitos faziam “selfies” gravando vídeos em que narravam os acontecimentos que se desenrolavam naquela hora, certamente para postar nas redes sociais. Tudo isso sentado ao lado do parlamentar que falava, alheio e indiferente! 

O registro mais acachapante ocorreu após ter sido anunciado o resultado da votação, de 48 a 18 pela aprovação, quando, entre a vibração dos vencedores e as vaias da oposição vencida, todos se levantaram - era quase meia-noite -, e o plenário virou um circo, onde a maioria com os seus celulares erguidos continuavam gravando vídeos, sem que a sessão tivesse sido encerrada. É assim que devem se portar esses trabalhadores que colocamos lá para nos defender, com os melhores salários deste país? Mais respeito, excelências!

Mas, e os outros Poderes que compõem o Sistema? Ao que parece, não pretendem ficar à parte das fragilidades cometidas pelo Legislativo. De modo geral, a instituição Família sempre se constituiu no sustentáculo e exemplo de união, enquanto no nosso Poder Executivo, cada filho do atual Presidente, quando fala, desagrega o Grupo político e enfraquece o governo! Desta feita foi o filho Carlos Bolsonaro, Vereador do Rio de Janeiro, a se dirigir de forma imprópria à pessoa do Vice-Presidente Hamilton Mourão, através das redes sociais, censurando-o por ter recebido o convite para uma palestra nos EUA, e no convite já havia críticas ao Presidente. A reação do Presidente exaltando o papel do filho na campanha eleitoral e reafirmando o óbvio de que “ele é sangue do meu sangue”, sinaliza que está a caminho um rompimento político com o seu Vice-Presidente, que tem demonstrado equilíbrio e moderação quando chamado a intervir. Ora, não tem cabimento o Vice-Presidente ser repreendido pelo filho do presidente, publicamente! É o fim da picada! Não há outra expressão.

De outra parte, o Poder Judiciário, que seria o ponto de equilíbrio, respeito e veneração por toda a sociedade, tem tido decisões tão questionáveis e controvertidas por parte de alguns Ministros - leia-se Gilmar Mendes e Alexandre Morais -, que a reação de condenação não precisa vir da imprensa ou da sociedade, porque ela surge dentre os próprios colegas Ministros do STF!

Assim, já é hora do nosso Presidente se reencontrar com o seu projeto político, parar de voltar atrás em decisões tomadas precipitadamente, e restabelecer o princípio da hierarquia do poder, para o bem desta Nação! Fica aqui outra dica: trabalho é trabalho, família é família, e saber não misturar as coisas é mais que dever! Para finalizar, vou repetir a pergunta: Afinal, ELEGEMOS UM OU QUATRO BOLSONAROS?

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.