Artigo – ENTRE “PARAÍBAS” E “BAIANADAS”

Até onde chegaremos com tamanha imaturidade dos protagonistas do cenário político nacional, que não conseguem separar os interesses político-ideológico-partidários dos reais interesses da nação? A todo momento o nosso Presidente oferece farto material para o consumo diário dos críticos, quando não se contém em falar coisas sem nexos que mereciam uma prévia reflexão em respeito à liturgia do cargo, bem como ser apressado em antecipar coisas que gostaria de realizar, até com boas intenções, às vezes, mas esquecendo que está cercado por uma máquina administrativa integrada por Ministros, Assessores e Técnicos de todos os matizes, e que deveriam ser previamente consultados.

Não é mais cabível a justificativa de que esse perfil é uma herança da formação militar, porque, como diz um oportuno provérbio português: “UMA COISA É UMA COISA; OUTRA COISA É OUTRA COISA”! É hora de incorporar uma nova postura ética mais adequada e pensar antes de agredir toda uma região de bravos nordestinos com expressões do anedotário sulista, tipo “paraíbas”, que, como a tradicional “baianada”, tem o objetivo de anarquizar e humilhar. Se queria atacar a dois governadores - Paraíba e Maranhão -, como disse, que o fizesse de maneira objetiva e direta. “Amo o Nordeste e os Nordestinos”, dito agora, não ilude a ninguém. Disparate semelhante cometeu no episódio de pretender ver o filho como Embaixador dos EUA, quando disse: “Pretendo beneficiar um filho meu, sim. [,,,] Se eu puder dar um filé mignon para o meu filho, eu dou, sim”! Inaceitável!

Como dizem popularmente que “o pau que dá em Chico, dá em Francisco”, aqui no Brasil quando a Direita comete um grande deslize, a esquerda não quer ficar atrás... Assim foi que, mesmo que o povo ainda não tinha digerido o “paraíbas” de Bolsonaro, veio o nosso Governador Rui Costa (PT-BA), e nos brindou com o absurdo de não cumprir o seu dever institucional como Governador do Estado da Bahia, e cancelou a sua participação na inauguração do Aeroporto Glauber Rocha, no município de Vitória da Conquista!

Ora, ele até não precisava dessa atitude descortês e deselegante para aparecer, porque, dentre os governadores que se conhece é um dos que tem tido um desempenho acima da média, e por quem eu tinha uma relativa simpatia. Ocultar a verdade e gravar declarações para conhecimento do público de que é uma obra “G” do Governo do Estado, com 100% de recursos próprios e nenhuma participação do Governo Federal é uma verdadeira insanidade, uma vez que o Ministério da Infraestrutura informa que dos R$ 105,0 milhões gastos no empreendimento, cerca de R$ 74,0 milhões foram recursos federais, decorrentes do Convênio 822719/2015, firmado entre a União e o Estado! O Convênio tem quatro anos de firmado, portanto, na época do governo da Dilma Roussef. A liberação do dinheiro público tem propriedade definida e partidária, ou origem no Tesouro Nacional? Conclusão: Quem é o pai dessa criança?

O gesto do Governador Rui Costa tem a reprovação das pessoas de bem do Estado. Não importa quem seja o Presidente da República, nem as cautelas de praxe criadas pelo seu sistema de segurança. Aliás, são providências não só comuns no deslocamento de todos os Presidentes, mas, também, do Sr. Governador. Que não desejasse estar ao lado de um Presidente que rejeita o PT sob todos os aspectos, até compreendo. Mas, ocultar a verdade e dizer para todo o Brasil de que a obra não tem qualquer participação do Governo Federal, é um radicalismo intolerável! Inominável, também, foi determinar que a Polícia Militar do Estado não participasse do evento. Com a presença dela ou não, obviamente que a Polícia Federal sempre acompanha o Presidente.

Já é hora de um melhor amadurecimento dos senhores políticos...! É inconcebível transformar a inauguração de uma grande obra pública num espetáculo de intrigas. E o povo fica entre uma verdadeira “paraibada” de um lado, que veio, e uma “baianada”, que não foi!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.