ARTIGO - ESTÁTUAS SÃO PRIORIDADES PARA UM POVO QUE SOFRE COM A FALTA DE SAÚDE?

Eu abro essa conversa aqui dizendo que nunca escondi, tanto no meu programa de rádio quanto aqui no Blog GJ, que eu sou fã do magnífico jogador da Seleção Brasileira, o juazeirense Daniel Alves. Sua simpatia, humildade e talento no futebol para mim são coisas que o mantém como alguém que é exemplo de pessoa e de atleta em meus conceitos de admiração.  Porém, tenho observado que a atual gestão municipal do prefeito Marcos Paulo Bonfim, tem continuado o velho hábito de seu antecessor Isaac Carvalho de "plantar não árvores, mas estátuas".

Em 24 de outubro de 2015, o prefeito-vaqueiro inaugurou a bela estátua do pai da bossa-nova João Gilberto. Reconheço que ficou linda por sinal, apesar de muitos conterrâneos não darem a real importância ao gênio. Agora, em 2019 o atual garçom-prefeito quer também deixar sua marca indelével na cidade. Ele quer porque quer fazer (e já até encomendou) a estátua do grande Daniel Alves, por motivo qual ainda não deixou muito claro, mas essa atitude tem despertado muitas perguntas nos corações de quem ama essa cidade.

R$ 164.300,00 é o valor que foi acertado com o artista plástico mineiro Leo Santana, que por sinal também foi o criador da estátua do pai da bossa-nova. Mas, agora me vem outra lembrança. A nossa UPA tem apresentado sinais de colapso em sua administração. Redução no quadro de médicos e outros profissionais da saúde, instalações precárias apesar de ter sido reformada há um ano. Será que fazer uma justa homenagem ao grande lateral juazeirense da Seleção Brasileira de Futebol é prioritariamente o que nós munícipes de Juazeiro precisamos?

Há pessoas aqui em nossa cidade precisando de remoções nos hospitais, mas não temos ambulâncias suficientes para tal serviço. Isso sem falar que o SAMU tem também prestado um péssimo serviço, não por culpa ou incompetência de seus poucos funcionários, mas sim por falta de recursos financeiros e de pessoal. Só para você ter uma ideia, um pai de um amigo meu morreu, por este serviço se recusar a atendê-lo em sua casa, pelo simples fato do senhor ter ainda 59 anos de idade. Critérios ou impossibilidades? Não sei responder, mas de uma coisa eu sei, a população de nossa cidade não está vendo com bons olhos essa "plantação de estátuas" no erário urbano.

Há muitas outras prioridades para se investir, mas eu fico a me perguntar: o que o próprio Daniel Alves acharia se soubesse desses problemas tão crônicos em sua cidade natal como, postos de saúde funcionando de maneira precária, hospitais com sofrível atendimento, UPA com quadro reduzido de médicos, maternidade demitindo funcionários mandando as demandas de emergência para a famigerada UPA e miríades de muriçocas a nos perturbar por falta de ações de saneamento básico? Será que Daniel Alves vai gostar de ficar sabendo de tudo isso e não se sentirá incomodado a tomar uma atitude?   

E falando em muriçoca, os juazeirenses terão uma boa surpresa nesses dias de setembro. Parece que a nossa cidade está deixando de ser a terra das carrancas para se tornar "a terra das muriçocas", com direito a "souvenir" de chaveirinhos ao molde do nefasto inseto e tudo. Vergonhoso vocês não acham? Lamentavelmente a população mais uma vez fica omissa, não reage, aliás, sequer exigiu do prefeito que fosse feito um plebiscito para saber a opinião dos cidadãos, se de fato desejariam uma estátua de um jogador ou ações mais emergenciais e uteis para nosso município. Com a palavra... Os juazeirenses!

ERRY JUSTO

Radialista e Jornalista