ARTIGO  -  FILHO... CALA-TE!

Mais parece uma repentina praga a espalhar maldades pelo país, ou os nefastos efeitos de um tsunami a arrastar frases impensadas e revestidas de imprudência, as palavras jogadas ao léu mais uma vez pela loquacidade do Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro. É triste ter de voltar a falar dos filhos do Bolsonaro, que mais atrapalham do que ajudam o seu governo, e incomoda a qualquer cristão deste país ter de ouvir tantas baboseiras. 

Num momento em que a Nação convive com as divergências dentro do mais puro debate político, e em que as reformas desejadas tramitam no Poder Legislativo de acordo com as regras democráticas e constitucionais, é intolerável que o filho do Presidente utilize as redes sociais para pregar princípios totalitários, com frases tão insanas quanto infelizes. Disse ele: "Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos... e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes". Perguntem a ele se sabe o que disse. Com certeza vai reesponder “que não disse nada, não sei de nada”, o que lembra alguém em passado recente...

Agora, como em outras oportunidades, sempre que “esses pitbulls” esquecem que o Presidente eleito foi o pai e não eles, e falam pelos cotovelos, a nação novamente ouve palavras moderadas e sensatas do Gen. Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República. Indagado provocativamente pelos repórteres “se a democracia é importante e se deveria ser mantida no país”, respondeu com muita segurança: “Fundamental [democracia], são pilares da civilização ocidental. Vou repetir para você: pacto de gerações, democracia, capitalismo e sociedade civil forte. Sem isso, a civilização ocidental não existe".  E acrescentou: "Temos que negociar com a rapaziada do outro lado ali da praça [Congresso Nacional]. É assim que funciona. Com clareza, determinação e muita paciência".

A impropriedade das declarações do vereador, também provocou indignação aos Presidentes da Câmara e do Senado, que afirmaram, respectivamente, que a fala do vereador “gera instabilidade e não cabe num país democrático” (Rodrigo Maia-DEM-RJ), e “as declarações merecem desprezo, já que a democracia está fortalecida" (Davi Alcolumbre-DEM-AP). Partindo de dois aliados importantes reações tão fortes, ganha corpo a ideia de que esse filho merece ser “ralhado”, para não dizer rifado severamente pelo pai...

Quando o Presidente pensou em encaminhar a indicação do próprio filho Eduardo Bolsonaro, Deputado Federal, para Embaixador nos EUA, considerei  a atitude imprópria e temerária, além de revestida do risco de enfrentar uma decisão contrária do Senado Federal, o que seria um grande desprestígio. Agora, contudo, diante do imbróglio mais uma vez criado pelo filho Carlos, mudo o meu pensamento. Acho que o governo deve arranjar uma Embaixada, também, para ele – quem sabe na França! -, talvez outra para o Senador Flávio Bolsonaro, e assim com os três filhos morando no exterior, o Brasil e o Governo do pai possam ficar em paz! Quem sabe se esse Artigo não chega ao pai e ele aceita a sugestão!

Estamos diante de um momento importante da vida política nacional, com um governo escolhido pelo povo, democraticamente, com intenções de acertar e corrigir um monte de desvios de toda ordem, mas sujeito a cometer erros, também. Em meio a esse contexto de boas intenções e falhas, salta aos olhos a postura de mágoa da grande mídia nacional, que se viu ofendida pela interrupção das grandes benesses oficiais de alguns anos em troca do apoio na publicidade. A partir daí, iniciou-se um processo de maldosa e desleal desconstrução do atual governo, com ataques nem sempre justificáveis.

Quanto às reformas hoje combatidas com tanta veemência convém lembrar que foram bandeiras da oposição no passado, mas não tiveram a coragem de encaminhá-las, pelo desconforto que provocariam.

Acho justo lembrar que Cristo nos deixou belos exemplos, e quando acalmou os ventos e o mar tempestuoso, repreendeu-os, dizendo: “Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança” (Marcos 4:39). Talvez seja a hora do Bolsonaro, pai, também fazer uma admoestação: FILHO... CALA-TE! Será capaz?

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.