Secretário de Segurança da Bahia diz que grevistas fazem 'terrorismo' com povo; deputado Marco Prisco rebate

O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, acusou a liderança da Aspra de "terrorismo" e afirmou que sua pasta cumpriu todos os pontos acordados ao fim da greve da Polícia Militar de 2014. Disse ainda que há processos na Justiça Federal e na Justiça comum envolvendo os líderes grevistas. 

Falando ao vivo à TV Bahia, ele citou um caso de uma viatura foi metralhada na avenida Gal Costa e afirmou que "a situação chega a certo grau que a dita representação de interesse dos policiais coloca os próprios policiais em risco". Barbosa acrescenta: "A gente tá trabalhando também na área jurídica para tomar atitudes legais contra isso".

O secretário criticou Marco Prisco, coordenador-geral da Aspra, afirmando que ele está espalhando áudios "aterrorizando a população" e associou os ataques que aconteceram desde o dia do anúncio de paralisação pela Aspra ao movimento grevista.

"Inexplicamente, ônibus são colocados enviesados nas pistas logo após a assembleia... Temos imagens de policiais que são colocados, sobre essa situação, da viatura na Gal Costa, que foram tirados... E colocaram no papel (em depoimento) a presença de pessoas que estão vinculadas ao movimento paredista", diz. "São ações que foram repetidas nas greves de 2012 e 2014. É muito importante que se venha a público para dizer que depois da dita decretação da paralisação essas coisas inexplicavelmente voltaram a acontecer".

Ele afirmou também que Prisco, como deputado, deveria buscar as mudanças através da política. "Se tiver qualquer necessidade de avanço, que seja colocado perante o parlamento. Ele não se comporta como deputado estadual. Hoje ele é deputado, ele tem poder de propor políticas e discutir isso dentro da Assembleia Legislativa. Isso é o estado democrático. Estamos subvertendo a ordem política, democrática, querendo impôr ao Estado a sua vontade, sob ameaça de paralisação da atividade policial, colocando a população, 14 milhões de pessoas em risco. Não foi eleito como deputado? Então discuta suas ideias dentro da Assembleia Legislativa. Tem legitimidade para isso", criticou.

Barbosa disse ainda que imagens de câmeras de segurança estão ajudando a investigar suspeitos de participar dos ataques a ônibus e bancos. "Pessoas estão sendo identificadas. Imagens de câmeras, de radares... A Polícia Civil tem se desdobrado, e a Corregedoria da Polícia Militar, na identificação dessas pessoas, é uma prioridade hoje. As cenas que foram veiculas ontem de dois rapazes descendo de uma moto e atirando numa agência bancária já foram tratadas e já temos indícios fortes de participação dessas pessoas. E notoriamente isso é uma ação terrorista. Não tem interesse algum de uma pessoa passar e atirar na vidraça de um banco, muito menos dentro de um ônibus, sem nenhum propósito".

O secretário afirmou que o Estado cumpriu os termos acordados para o fim da greve de 2014, um dos pontos de reinvidicação da categoria hoje. "Em falar em palavra, minutos antes da decretação de greve em 2014, Prisco foi dentro da minha sala e assinou um documento se comprometendo a não fazer greve. Ele foi o primeiro a descumprir, diferente de nós. O que nós acertamos para finalizar a greve de 2014 foi devidamente cumprido. A revisão da Lei Orgânica, do Código de Ética da PM, estão sendo discutidos. Está sendo hoje dentro da Procuradoria-Geral do Estado para ser levada à Assebleia. Ele usa desse artifício de dizer que as coisas não andaram para tentar se promover politicamente".

Em nota, o deputado Marco Prisco respondeu a alguns dos comentários do secretário. Ele acusou o governo de forjar um processo na Justiça contra ele, sem sucesso. “O processo que o Governo do Estado forjou me enquadrando em diversos artigos da lei de segurança nacional me inocentou. Então o secretário está mentindo quando diz que respondo a ele”, diz. 

Sobre as acusações de que os grevistas estariam por trás dos ataques e atos de vandalismo, Prisco diz que o governo deve apresentar provas do que fala. “Historicamente, durante os movimentos reivindicatórios soltam notas e tentam manipular os veículos de comunicação com o único objetivo de colocar a população contra a categoria. Não vai acontecer. Apresente provas, haja na legalidade, prenda os culpados que apoiaremos as prisões”, diz.

Ele insiste que o governo não cumpriu o acordo feito em 2014. Segundo Prisco, a implantação de um Código de Ética e Plano de Carreira deveria ter acontecido ainda no ano da greve. “Está enviando este ano à Assembleia? O acordo era para ser encaminhado há cinco anos. Está atrasado em anos e ainda não negociam com a tropa”, diz. Prisco disse ainda que não tem intenção partidária. “Todos sabem que não pretendo me candidatar a nada ano que vem".

Correio da Bahia