A Yoga como prática que reconhece a potência do corpo e traz autoestima

Corpo rígido, postura retraída, era assim que andava antes de fazer a prática de yoga na Universidade do Estado da Bahia. Essa postura era resultante de uma mecanização do sistema médio de educação que supervaloriza o intelecto e esquece o corpo. Quando estudava para o vestibular, não tinha consciência que vivia em uma rotina que prejudicava meu corpo. Ficava muitas horas sentado lendo e respondendo questões sem se preocupar com a saúde, era praticamente o dia todo sem me alongar e desaprendendo a respirar saudavelmente, quase entrando em uma depressão do corpo perdendo forças e com uma coordenação péssima que me fazia ter uma autoestima baixa e prejudicava o meu relacionamento com as pessoas. Também sentia dores nas costas e juntas, mesmo com pouca idade.

Acordava cinco e meia para ir até o cursinho, sentava-me para assistir aula das setes as dozes horas, ficava cerca de cinco horas sentado numa mesma posição, carregava livros pesados, saia para almoçar na casa de minha tia que morava perto de onde estudava e voltava a estudar na biblioteca próxima. Depois, retornava para casa para estudar de novo até onze horas da noite. No dia seguinte, repetia o mesmo ciclo que me fez recuperar anos de estudo que na escola não pude apreender mesmo com dedicação. Foi uma fase confusa de descobertas, mas agradeço aos meus pais, tias, tios, primos, professores, escola e amigos por ter me ajudado, pois aprendi bastante, contudo não tinha a consciência de como o meu corpo sofria.

Em meio a luta diária, esqueci a importância que o corpo estava tendo naquele momento de batalha, pois era ele que me levava para os lugares para entender o mundo da sociologia, física, biologia entre as outras matérias, além de me fazer sentir vivo e adquirir experiências que nunca irei esquecer. Foi ele também que me levou até encontros de estudos, momentos marcantes com a família com amigos, professores e que hoje está marcado em minhas expressões corporais, mentais e emocionais.

Ao participar das primeiras práticas de yoga não achei que seria relevante ou que faria tanta diferença na vida, seja pela falta de percepção comigo ou pela falta de maturidade, mas sempre tive curiosidade em aprender coisas novas. Nas primeiras aulas, fui me permitindo vivenciar uma nova forma de cuidado com corpo e consequentemente com a vida.

Aos poucos meu corpo foi reagindo, desenvolvendo nova postura, melhorando a  respiração e, principalmente, destruindo as amarras que meu corpo tinha carregado, como se houvesse pedras em meus ombros que me impediam de falar com as pessoas. Assim, percebi que a ansiedade foi diminuindo com as técnicas de respiração aprendidas na yoga. Quando estou em situações de pressão, respiro e consigo me expressar.

A yoga me trouxe a tranqüilidade diante de algumas situações corriqueiras na universidade que antes não era fáceis, como apresentar trabalho, conversar com as pessoas nos corredores. Sinto que a cada prática da yoga, estou mais confiante para conquistar meus sonhos e objetivos. Toda essa vivência demonstra como a Yoga tem sido uma prática de transformação e como nos ajuda a perceber o nosso corpo, os nossos sentimentos e ações.

Moisés Cavalcante é estudante de Jornalismo em Multimeios e bolsista do projeto Corpoética