Artigo – A VOLTA FASCINANTE: ELEIÇÕES 2020

Ainda que sejam abundantes os fatos e acontecimentos a oferecerem farto material para alimentar um tema semanal, optei por continuar pensando no novo ano e captar o que seria mais significativo a uma breve reflexão. Daí, surgiu no cenário mental a lembrança de que em outubro próximo o Sistema Democrático terá a oportunidade de ser reafirmado, com a realização das Eleições Municipais em 04 de outubro (1º. Turno) e em 25 do mesmo mês (2º. Turno), em todo o país. Será uma grande oportunidade para o eleitor que sempre clama por mudanças, de fazer prevalecer a sua eventual insatisfação.

Na ocasião, serão eleitos 5.571 Prefeitos, 5.571 Vice-Prefeitos – inclusive o Distrito Federal -, e cerca de 70.000 Vereadores. Parece pouco? Imagine, o caro leitor, o tamanho da estrutura que está por trás de tudo isso, a fim de fazer funcionar a máquina administrativa, tanto na dimensão dos recursos humanos como materiais! Considero muito oportuno o projeto do atual governo, encaminhado ao Congresso Nacional, para sustar a existência de municípios com até 5.000 habitantes que não demonstrem meios de sustentabilidade. Ora, essa falta de condições atinge centenas de outros municípios, até mesmo com população superior a esse número. Não obstante, considerando o interesse eleitoral dos Deputados e Senadores em 2022, não acredito na aprovação dessa medida, mesmo porque eles jamais vão de encontro aos próprios interesses.

A inspiração do tema logo foi associada a uma crônica de minha autoria, sob o título “A FASCINANTE ESPERA DAS ELEIÇÕES”, publicada em 28/08/2011, na qual enfatizei que a eleição municipal “mobiliza as populações, mexe com as emoções individuais, desperta sentimentos adormecidos e faz com que crianças e jovens, homens e mulheres, idosos ou não, despertem os seus neurônios para participarem de uma verdadeira catarse coletiva. Os que são de pouco falarem ao longo dos anos, nesse momento se tornam tagarelas e se incorporam às discussões como verdadeiros analistas políticos, traçando estratégias de como cada candidato deverá fazer para vencer”.

O pleito municipal é sempre esperado com muita ansiedade, porque existe uma consciência no eleitor quanto à importância do papel que desempenha na vida do seu município, e o quanto este representa como o seu universo e o objeto de suas preocupações diárias, às vezes não importando o que está acontecendo no seu Estado, no Brasil ou no Mundo. Além do mais, não se pode desprezar o grau de amizade ou parentesco com o candidato, o que estabelece um grande diferencial desta com as eleições estaduais e a nacional.

A Eleição Municipal tem outro grande poder de influência sobre o eleitor, ao fazer “transbordar os níveis de valorização da sua personalidade e elevar o seu ego às alturas. Nunca tanta gente o cumprimentou pelas ruas com tão forte aperto de mão, sorriso nos lábios, um abraço cheio de afeto e repetidos tapas nas costas! O seu voto o transformou numa pessoa muito especial e importante. [...] Os componentes exigidos para uma melhor qualidade de vida, são carências que não mais lhe pertencem porque passam a ser problemas assumidos com uma carga de “incomensurável amor” pelos candidatos”!

Outro detalhe que impressiona é o nível de euforia do eleitor com a eleição no seu município, visto que não importa onde se encontra na ocasião do pleito, mas deixa tudo de lado para honrar o compromisso com a sua terra ou, quem sabe, pela necessidade de corresponder com o sentimento de apego partidário ou o vínculo da família a um determinado grupo político tradicional.

Por tudo isso, é inquestionável que a individualidade do eleitor merece todo o nosso respeito. Enfim, o candidato que souber ler a linguagem dos seus munícipes, este sim, certamente vai chegar em primeiro lugar quando as urnas forem abertas.

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do BB - de Salvador-BA.