Em coletiva, delegado afirma que após divulgação do retrato falado do suspeito de ter assassinado a menina Beatriz aumentou o número de participação pelo Disque Denúncia

Em coletiva para a imprensa da região na manhã desta terça-feira (23), o delegado-chefe responsável pelas investigações do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, Marceone Ferreira afirmou que após a divulgação do retrato falado do suspeito de ter cometido o crime, mais informações chegaram a Polícia Civil através do Disque Denúncia. A investigação do caso seguirá com a análise das imagens gravadas no local do crime e com o confronto das denúncias com o retrato falado.

“Desde ontem nós já recebemos diversas informações pelo Disque Denúncia e a equipe de investigação já está em campo para checar todas as situações que estão chegando. O objetivo é elucidar o caso, mas a gente sabe que não depende somente da gente, mas de várias circunstâncias que envolvem o caso. Pretendemos chegar a elucidação do caso o quanto antes”, afirmou o delegado Marceone.

O perfil do suposto assassino foi divulgado nesta segunda-feira (22) no auditório do prédio operacional da Polícia Civil de Recife-PE. Para a confecção do retrato, de acordo com o delegado, participaram três testemunhas diretamente e mais outras testemunhas indiretamente. O retrato falado foi feito em Petrolina, mas a sua conclusão aconteceu na capital pernambucana. Segundo Marceone, o trabalho de confronto das informações da polícia precisou de ajustes que foram feitos em Recife, o que ocasionou a demora da divulgação da imagem do suspeito.

“Nós divulgamos na data de ontem o retrato falado do suspeito de ter envolvimento direto com o assassinato de Beatriz. Esse retrato falado foi construído ao longo de mais de um mês. Três testemunhas participaram diretamente na confecção desse retrato falado e outras testemunhas que, embora, não tenham participado diretamente da confecção do retrato, mas também visualizaram essa mesma pessoa em atitude suspeita. A demora em fechar esse retrato falado foi porque a gente precisava, além das três pessoas que participaram da confecção com o perito, checar com as outras testemunhas que não participaram para a gente está tirando algumas dúvidas nesse retrato falado. Por isso essa demora e essa necessidade de ter se deslocado a Recife para fazer alguns ajustes e estar divulgando aquele que mais se aproxima da pessoa que foi vista em atitude suspeita”, explicou Marceone.

A divulgação do retrato falado gerou diversos comentários nas redes sociais que questionavam a veracidade do perfil do suspeito. Sobre a polêmica gerada em torno do trabalho da polícia na confecção da imagem do suspeito, o delegado declarou: “Quem está descrente é porque não tem conhecimento da investigação. As pessoas que participaram da confecção do retrato falado, a própria mãe da criança já se manifestou. Repito, quem tenta não dá credibilidade a esse retrato falado realmente é por que não tem conhecimento e também não está contribuindo, de forma alguma, com a elucidação do caso”.

O delegado Marceone deu mais detalhes de como o retrato falado foi construído e descreveu, a partir dos relatos das testemunhas, os passos do suspeito em diversos momentos dentro da escola. As investigações apontam que o retrato divulgado é de uma pessoa que teve participação ativa no crime. O delegado esclareceu ainda que a mãe de Beatriz, Lucia Mota, participou como testemunha indireta no processo de confecção do perfil do suspeito.

“Vamos fazer uma correção. A mãe não participou diretamente com o perito na confecção do retrato falado. Ela foi uma das testemunhas que a gente conversou bastante e sanamos algumas dúvidas. Mas nós temos três testemunhas que sentaram com o perito para confeccionar o retrato falado. São pessoas que estavam na festa, eram convidados da festa. Nenhum momento a mãe participou diretamente da confecção, mas sim indiretamente. Essas pessoas que participaram da confecção do retrato falado, uma dessas testemunhas que a gente considera de suma importância, visualizou essa pessoa saindo do local onde a criança foi encontrada. Nós tivemos outras testemunhas que viram essa pessoa dentro do banheiro feminino, dentro do banheiro masculino, lavando o rosto e lavando o cabelo. Essa pessoa esteve diversas vezes próxima ao bebedouro sozinha. Alguns adultos chegaram a ir até o bebedouro e visualizaram essa pessoa constantemente sentada próxima ao bebedouro. Nós temos relatos que essa pessoa suspeita fingia beber água quando alguém se aproximava.  São vários elementos dentro da investigação que levou a esse retrato falado e certamente essa pessoa tem envolvimento no crime”, disse.

Apesar de ter sido divulgado uma foto oficial do suspeito de ter assassinado a menina Beatriz, a polícia não descarta a possibilidade da participação de outras pessoas no crime.

“A gente não trabalha somente com um autor. Nós trabalhamos com um, com dois, mesmo por que as investigações apontam devido à complexidade das circunstancias em que o crime ocorreu. A probabilidade de ter o envolvimento de mais de uma pessoa é muito grande”, frisou Marceone.

O delegado negou a falta de participação do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, local onde ocorreu a morte da menina, nos trabalhos de investigação. “Nós já tivemos acesso à escola por diversas vezes, já permanecemos durante a madrugada na escola. Em nenhum momento a escola dificultou e não poderia dificultar o acesso da polícia. Todos os funcionários que foram intimados compareceram. Agora, a escola muitas vezes tenta manter uma reserva para preservar a própria imagem da instituição e isso é outra situação que nós não vamos questionar. Mas, com relação as investigações não chegou a nenhuma situação concreta que venha efetivamente prejudicar as investigações por parte da escola”, ressaltou.

Ao final da coletiva, o delegado preferiu não passar mais detalhes sobre os laudos das perícias para não prejudicar o andamento do trabalho policial. Mas, orientou a população quanto a circulação de comentários nas redes sociais acerca do caso. “A orientação para a população, como para a imprensa de um modo geral é que usem as informações com responsabilidade. Aquelas pessoas que estão se aventurando com brincadeiras de mau gosto nas redes sociais, com divulgações, comparações, poderão responder criminalmente na delegacia. Aqui ninguém está com tempo para perder tempo com brincadeiras e isso será apurado pela polícia. A recomendação é que as pessoas procurem ajudar e não prejudicar”, concluiu.

Disque Denúncia:

Quem desejar contribuir com a investigação do Caso Beatriz pode denunciar pelo telefone fixo (81) 3719-4545, o custo é de uma ligação interurbana, ou gratuitamente no site da organização. Outra alternativa é fazer a denúncia via WhatsApp: (81) 9 9119-3015. A recompensa oferecida é de R$ 10mil.

Ouça a coletiva na íntegra no player abaixo: