Uauá sedia encontros para discutir políticas públicas para jovens e mulheres rurais

Debater avanços e desafios das políticas públicas para o desenvolvimento territorial de mulheres e jovens rurais. Esse foi o principal objetivo dos seminários realizados nesta quinta-feira, dia 28, na praça principal de Uauá, no norte Baiano. O encontro reuniu  agricultores e agricultoras familiares, representantes de cooperativas da agricultura familiar de várias cidades do estado e autoridades políticas regionais . As palestras e rodadas de conversas fazem parte da programação do 8ª Festival Regional do Umbu, que terá abertura oficial nesta sexta-feira, 29.

Entre as políticas públicas para mulheres do campo foram destaques a campanha de documentação rural, a linha de crédito Pronaf Mulher, além de editais lançados exclusivamente para contratação de mulheres, em projetos de assistência técnica. A assessora de gênero, raça e etnia da Pró-Semiárido, projeto ligado ao Governo do Estado, Beth Siqueira, explicou que parte dessas iniciativas surge dos movimentos sociais e organizações não governamentais e são incorporadas pelas instituições para trabalhar a inclusão das mulheres nos espaços produtivos e incentivar o empoderamento. “As mulheres precisam ter acesso às políticas públicas para se tornarem protagonistas da própria vida, pois ao perceberem o poder que têm, deixarão de ocupar uma posição secundária, para assumirem o poder de decisão, de gestão e liderança, seja nas comunidades ou em empreendimentos”, ressalta.

A agricultora Elenita Maria de Souza é exemplo de empoderamento e mudança social. De cozinheira e feirante viu sua vida mudar ao conhecer o projeto de beneficiamento de umbu. Há dois anos, Elenita é presidente da Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia (Coproaf), na cidade de Manoel Viturino. Por lá o umbu é o carro chefe da produção, a cidade até já ganhou o título de capital do umbu. A produção anual chega a 150 toneladas de doces, geleias, nego umbu, preparado para refresco do fruto, além de maracujá da caatinga e goiaba.

“Eu e as outras 50 mulheres da cooperativa lutamos para conquistar nosso espaço. Percebi que a mulher tinha liberdade para ser o que quisesse. Tivemos que encarar o preconceito da família e da comunidade, mas hoje me sinto realizada. Voltei a estudar, fiz viagens importantes, representei meu grupo e, quero ir mais longe ainda. Minha meta é elevar ainda o nome da cooperativa e dessas mulheres, é ver que tudo valeu a pena”, frisa.

Em Uauá, a realidade das mulheres que formam a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) não é diferente. Elas representam 75% dos cooperados e são peças fundamentais no trabalho de organização e beneficiamento da matéria-prima da caatinga. “Aqui a produção anual é de 200 toneladas e os produtos são comercializados em vários estados do país e até no exterior. Essas mulheres deram uma reviravolta nas suas vidas e hoje são independentes, geram renda e são participativas em seus meios”, disse a diretora de finanças da Coopercuc, Benedita Varjão.

Asscom