Ser ideário, autônomo, opinante ou opinioso?

Para muitos filósofos e pensadores, a ideologia é um termo que possui diferentes significados e duas concepções, a neutra e a crítica. No senso comum o termo ideologia é sinônimo ao termo ideário, contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticos.

No universo teórico de Karl Marx, a ideologia age mascarando a realidade. Outros pensadores adeptos da teoria crítica da Escola de Frankfurt também consideram a ideologia como uma ideia, discurso ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência e escondendo suas demais qualidades. O sociólogo contemporâneo John B. Thompson oferece uma formulação crítica ao termo ideologia, derivada daquela oferecida por Marx, mas que lhe retira o caráter de ilusão (da realidade) ou de falsa consciência, e concentra-se no aspecto das relações de dominação.

Para o sociólogo alemão Max Weber existe uma relação de dominação quando uma quantidade qualquer de indivíduos obedece a uma ordem vinda de parte da sociedade, seja ela composta por uma ou por diversas pessoas. A dominação é sempre resultado de uma relação social de poder desigual, onde se percebe claramente a existência de um lado que comanda (domina) e outro que obedece. Pode se assemelhar assim a dominação a qualquer situação em que encontremos indivíduos subordinados ao poder de outros. Ou seja, as relações de dominação dentro de uma sociedade se caracterizam por buscar formas de legitimação, de ser reconhecidas como necessárias para a manutenção da ordem social.

Autonomia é um termo derivado do grego "auto" (próprio) e "nomos" (lei, regra, norma). Significa autogoverno, autodeterminação da pessoa de tomar decisões que afetem sua vida, sua saúde, sua integridade físico-psíquica, suas relações sociais. Refere-se à capacidade de o ser humano decidir o que é "bom", ou o que é seu "bem-estar".

Conforme estudiosos, a pessoa autônoma é aquela que tem liberdade de pensamento, é livre de coações internas ou externas para escolher entre as alternativas que lhe são apresentadas. Para que exista uma ação autônoma (liberdade de decidir, de optar) é também necessária a existência de alternativas de ação ou que seja possível que o agente as crie, pois se existe apenas um único caminho a ser seguido, uma única forma de algo ser realizado, não há propriamente o exercício da autonomia. Além da liberdade de opção, o ato autônomo também pressupõe haver liberdade de ação, requer que a pessoa seja capaz de agir conforme as escolhas feitas e as decisões tomadas.

Logo, quando não há liberdade de pensamento, nem de opções, quando se tem apenas uma alternativa de escolha, ou ainda quando não exista liberdade de agir conforme a alternativa ou opção desejada, a ação empreendida não pode ser julgada autônoma.

O que é opinar? Nada mais é do que emitir seu pensamento acerca de algum assunto, um acontecimento, um fato passado, presente ou futuro. É discutir, elaborar um estudo, concordar ou discordar, enfim é para isso que o ser humano possui o raciocínio, e é dentro de um conjunto de opiniões que ele traça objetivos e aprende. A 'crítica' é a faculdade de examinar, analisar e apreciar. É para isso que existem os chamados "críticos", aquelas pessoas especializadas e aptos para realizar análises. Já criticar é um ato pessoal, praticado geralmente por indivíduos que se habituaram a tecer comentários maldosos sobre tudo e todos, e fazem isso sem nenhum critério. São os chamados 'criticadores'. Perigoso, esse tipo de indivíduo não está preocupado apenas com o fato de difamar, violentar o direito do outro, e muito menos reduzir a autoestima do semelhante ao nível mais baixo, sua meta é única e exclusivamente falar e fazer o mal, e não importa a situação.

Por Gervásio Lima

Jornalista e historiador

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