Exposição Caleidoscópio reúne Daniel Santiago, Gil Vicente e Marcelo Silveira

A partir desta quinta-feira (3/8), Petrolina vai receber como parte da programação da Aldeia do Velho Chico – Festival de Artes do Vale do São Francisco, a exposição Caleidoscópio que reúne três artistas de diferentes gerações numa mostra conjunta. Daniel Santiago, representante da geração 1960, Gil Vicente, os anos 1970 e Marcelo Silveira, década de 1980. Apesar de terem despontado na cena artística em momentos distintos e trabalharem com uma poética também diferente, pode-se buscar pontos de convergência e diálogo entre eles. A mostra, que tem curadoria de Joana D´Arc Lima e patrocínio do Funcultura, será aberta às 19h, na Galeria de Artes Ana das Carrancas, do Sesc Petrolina, onde fica em temporada até outubro, seguindo para Garanhuns, e, posteriormente, para o Recife.

O mote para a exposição foi a potencialidade do caleidoscópio, que forma imagens virtuais à medida que o objeto é manipulado manualmente. Trata-se de um instrumento óptico que serve para criar efeitos visuais simétricos com o auxílio de um conjunto de espelhos e vidros coloridos. “Imagens fragmentadas, fraturadas, irreais, obtidas por meio da manipulação do outro e ou do gesto dos artistas interessam estar presentes nessa exposição. Juntar, justapor, manipular, inventar, enganar o olhar, construir um fractal – estrutura geométrica complexa cujas propriedades, em geral, repetem-se em qualquer escala – são gestos que resultam em trabalhos que estarão presentes na exposição”, detalha a curadora.

O artista Daniel Santiago produziu uma obra especialmente para a mostra. Ele aproveitou as reuniões semanais com outros artistas no ateliê de Christina Machado – das quais participa regularmente – para criar o seu próprio caleidoscópio (uma escultura de madeira com espelhos, 120 x 50 cm). A obra é um objeto interativo que o público poderá manusear produzindo uma sorte de imagens. O artista também exibe imagens (registradas pelo fotógrafo Francisco Baccaro) geradas por ele a partir do caleidoscópio, algumas delas com a presença de colegas. Um vídeo apresenta ao público um experimento de Daniel, que colocou uma câmara fotográfica dentro do caleidoscópio e transformou-a no seu personagem central, na sua Câmera Atriz, como foi batizada a obra.

Gil Vicente vai expor a série Espelho Meu, que são desenhos recentes, em grande dimensão, e inéditos. Os trabalhos são compostos (cada imagem) por dois papéis (100 x 70 cm cada) cujas configurações variam, criando 16 possibilidades de composições/imagens (nos formatos 70 x 200 ou 100 x 140 cm). Ou seja, o trabalho, assim como o caleidoscópio de Daniel Santiago, cria uma grande quantidade de imagens possíveis. Há ainda a série Cartemas, que se inspira em Aloísio Magalhães, e traz a ideia do duplo, de um fragmento de imagem duplicada. O artista se coloca na série, mas esse duplo que lhe acompanha, não é de fato ele, mas sim outro artista. A fotografia Hera, uma paisagem do seu ateliê, fala ainda desse jogo de luz e sombra, que também é explorado na exibição de uma coleção de pequenos objetos escultóricos.

Marcelo Silveira acompanha os colegas e também propõe um trabalho que aposta na variação das imagens, algo que está no cerne do conceito de Caleidoscópio, porém perturbando o espaço físico da mostra. Ele apresenta um objeto, uma porta giratória, que está ali para ganhar movimento através de uma operação manual, criando imagens e sombras que se modificam. O artista é o único que optou por atuar diretamente no espaço físico, quase como se desejasse transformá-lo em si num caleidoscópio. Ele vai intervir em uma das paredes da sala expositiva cobrindo-a com papel laminado, fazendo com que ela passe a refletir a luz. Ele também traz uma série, recentemente exibida na Galeria Amparo 60, intitulada Caleidoscópio. São 12 objetos que fecham uma série. Finalizando apresenta o vídeo São, cuja narrativa revela uma série de imagens fruto do gesto do corte e recorte, sobreposições e colagens.

“As múltiplas visões, possibilitadas pela transformação contínua de combinações e encontros de formas, cores e composições, numa rede de relações harmônicas, se assemelham à forma de encarar a vida sob a perspectiva das possibilidades, da sensibilidade, da criação, da invenção e reinvenção do mundo”, pondera Joana D´Arc. Etimologicamente, a palavra caleidoscópio se originou a partir da junção dos termos gregos kallós (“belo”, “bonito”); eidos (“imagem”); e skopeo (“olhar para”, “observar”). Assim, o significado original da palavra grega seria “ver belas imagens”.

A partir dessas referências, a proposta da mostra é reunir processos criativos e poéticas de três artistas para sobrepô-las em suas identidades comuns e nas suas diferenças. Segundo a curadora, as ideias de sobreposições de poéticas, o fazer junto, a cooperação, o fundir-se, o associar-se e o separar-se serão operados enquanto movimentos de criações coletivas. “Todas essas dimensões que permitem as invenções coletivas e as visibilidades individuais serão ampliadas para o público visitante, que será entendido como participador das obras construídas ampliando, por meio de seu toque e gesto, sentidos de cada um dos trabalhos expostos. Um jogo entre artista, participador, funcionários. Achamos que a arte, em seu horizonte maior, serve para aproximar, juntar, sobrepor, separar e abrir conversas. Por isso Caleidoscópio nos parece importante no contexto atual da contemporaneidade”, detalha Joana D' Arc.

Serviço:

Caleidoscópio – Daniel Santiago, Gil Vicente e Marcelo Silveira

Curadoria: Joana D´Arc Lima

Vernissage: 3 de agosto de 2017, às 19h

Visitação: 4 de agosto a 7 de outubro de 2017

Sesc Petrolina - Rua Pacífico da Luz, 618 – Centro - Petrolina

Telefone: 3866 7454

Terça a sexta das 8h às 20h e nos sábados e domingos das 16h às 20h

Dupla Comunicação