A OMO AMARGA SUA MANCHA QUE NÃO SAI

Dentro da imprensa em geral, o OMBUDSMAN é um profissional que faz a intermediação entre a editoria do jornal e seus leitores. Nos Estados Unidos, a função de ombudsman surgiu nos anos 60. No Brasil, o cargo existe desde 1989, quando o jornal FOLHA DE S. PAULO publicou a primeira editoria do seu ombudsman, que ficaria responsável em ser o porta-voz dos leitores, solucionando e transmitindo as suas reclamações para a Diretoria. Entretanto as grandes empresas privadas também contratam seus OMBUDSMANS! E no caso da fabricante do sabão em pó OMO o telefone desse simpático senhor que faz o elo entre consumidores com o departamento de publicidade não parou de tocar. Tudo isso aconteceu  porque essa antiga marca de sabão em pó lançou esta semana um "comunicado urgente" em sua propaganda de TV convocando pais e mães a fazerem uma espécie de "recall de todas as brincadeiras que reforcem clichês sobre gênero". Teve, até ontem, 130 mil reações negativas e apenas 12 mil positivas. É claro que há nisso tudo uma obviedade e ao mesmo tempo uma maluquice sem precedentes. Fica muito longe de se imaginar que o sujeito não será o melhor pai do mundo se surrar o filho depois de vê-lo brincar com bonecas ou censurar a garota que se diverte com carrinhos. Mas é loucura acreditar que crianças são uma folha em branco, uma massa totalmente moldável por palavras, imagens e brinquedos, enfim, pela famigerada "cultura da arte."

O ser humano nasce como um livro cujos capítulos foram parcialmente escritos. A natureza humana apenas escreve uma parte e o ambiente se encarrega do resto. Alguns capítulos vieram mais preenchidos que outros. Não há educação ou patrulha ideológica que consiga mudar certas inscrições da natureza. Digo isso porque qualquer avó sabe que existem brincadeiras de meninos e brincadeiras de meninas. Eles, em geral, preferem armas; elas, bonecas. Meninos têm fascínio por competições e jogos que envolvem violência; meninas preferem simular a maternidade. Isso é imutável! Como acontece com outros primatas e diversas espécies de mamíferos, filhotes machos brincam de brigar com mais frequência que as fêmeas. É engraçado ver pais cegados pela fantasia de gênero se "assustarem' ao perceberem essa obviedade. O resultado da campanha do sabão que usa o clichê: "porque se sujar faz bem" acabou saindo como um tiro no pé de seus publicitários que queriam deixar uma marca que causasse um buxicho na roda de conversas casuais entre mães no playground do condomínio. Certamente a campanha acabou se tornando uma "mancha indelével" que vai precisar de tempo ( e de muito sabão ) para se limpar da péssima imagem de liberalismo apelativo.

Tenho pena do OMBUDSMAN, que certamente agora deve estar com a cabeça doendo de tanto ouvir reclamações e asneiras. Há muita gente que postou nas redes sociais que de agora em diante vai fazer abertamente "boicote" a marca ideológica de gênero e movimentos sociais já ensaiam um tom de mobilização a nível de protestos nas ruas contra esse estopim que acendeu uma chama no barril de pólvora da opinião pública! Certamente a natureza não define o que é certo ou errado, mas explica um bocado de comportamentos no sentido antro-sociológico. Pra terminar esse meu raciocínio, eu fico pensando na cabeça dos intelectuais e editores do "Fantástico" que se iludem com a ideia de que é possível moldar os filhos conforme a ideologia da moda! O povão prefere se apegar à realidade. Funciona, assim, como uma âncora de sensatez diante de tantas esquisitices intelectuais que nos dias de hoje estão em pé de guerra com a moral e os bons costumes.

Segue o fluxo minha gente!

Erry Justo - Radialista e Jornalista.