ESPAÇO DO LEITOR: CRÔNICA PELOS MEUS NETOS E PARA MEUS NETOS

Professoralmente, não lhes perguntei se eles sabiam o que era crise, ou se sabiam o que é moral, dada a sua pouca idade, pois, o mais velho deles tem seis anos e os demais pouco mais de um ano, nem mesmo sabendo falar, apenas balbuciar.

Porém, aproveitei o ensejo para rabiscar estas linhas que, por certo, deverão durar até um futuro suficiente, para que eles, delas tomem conhecimento, vindo a conhecer, assim, o ponto de vistas do seu avô, já nos dias de antão, antes mesmo que  ele parta para fazer a “grande viagem”.

Quero que todos eles cresçam sendo homens e mulheres justos e perfeitos na sociedade onde vivem, sem nenhum desvio daquilo que se chama moral, sem nada que decepcione nem a si nem aos seus. Assim sendo, eles estarão dentro do patamar que pode chamar-se, moralidade.

Já que Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

Já que a Ética nada mais é que uma reflexão sobre a moral, não será difícil para eles  serem também éticos, sendo antes  cultores da moral e dos bons costumes.

A Nação espera tudo deles e da sua geração. Infelizmente, a minha geração perdeu-se no caminho, justo a minha geração que foi tão massacrada pelos anos de chumbo, pela incompreensão dos governantes e pela falta de oportunidades, herdou deles a incompreensão, a indiferença e o cinismo. Cinismo este que contamina a nação de norte a sul de este a oeste.

A partir do momento em que nossos representantes públicos passaram a ser indiferentes para com a miséria do povo, a serem eles os primeiros que, diante do povo afirmam uma coisa, enquanto que nas caladas das noites realizam outras bem diferentes; estão todos eles sem salvação, do mais importante ao menor e mais insignificante, parece que para tal não tem conserto, uma vez que a cada novo dia é um novo escândalo que eclode envolvendo mais políticos, nesta terra de Santa Cruz.

Poderíamos procurar guarida no seio do judiciário, que até bem pouco tempo nos parecia ser o único poder que ainda não havia se corrompido de maneira tão escancarada. Diante das notícias que temos hoje a respeito do mesmo, que nos chegam pelos meios de comunicação social, temos que mudar de opinião e, mais uma vez o que dele sobra, é uma minoria de raras e honrosas exceções, uma vez que o poder Executivo, juntamente com o Legislativo, desde há muito foram para o ralo, por onde escorre os címbalos da nossa política.

Diante do exposto, ou a geração dos meus netos será uma geração diferente, assentada na Ética, no Caráter e na Moral, ou então estaremos perdidos para sempre.

Esta geração que aí está dando às cartas na política, no momento atual, que é, sobetudo, a geração que nasceu e cresceu nos anos de chumbo, esta geração  parece que está fadada a ser apenas isso aí que é, nada mais, salvo, também, raríssimas e honrosas exceções.

Tirando essa rapinha muito superficial, o resto pode ser jogada numa vala profunda e negra, onde quem ficou na superfície não tenha ouvido nem mesmo seus ais, para deles não se penalizar os demais; toquem o Brasil prá frente, sem jamais olhar para trás e não se permitam ser contaminados nem mesmo com o que essa turma de hoje tem de melhor (pelo menos para eles), porque todos esses melhores juntos, ainda podem afundar o Brasil daqui há uns cinquenta anos.

Em suma: temos que repensar a política partidária no nosso país, a partir de agora; expurgar todos os atuais políticos e fazer com que o povo reconheça, nas urnas, quem é quem, em relação ao povo, ao trabalho, à honestidade e ao país.

Faz vergonha assistirmos a um espetáculo semelhante aos que se tem assistido nas nossas televisões, no que diz respeito aos julgamentos do Presidente da República pela Câmara Federal, principalmente no que diz respeito ao negociar de votos e de cargos por parte do governo.

Homens que se julgavam probos, travestem-se com as roupas da improbidade na tentativa de defender o que não tem defesa. Outros acusam por puro revanchismo, perdendo todo o tirocínio no momento em que estão com a palavra. Ainda há aqueles que desejariam que a sua palavra fosse uma espada  de dois gumes, bem afiados, para cortar ao ameio os adversários, tirando-lhes, assim, a voz e a vez, como se algum homem existisse que fosse proibido de se pronunciar.

É essa a escola que meus netos estão tendo. Ainda bem que ele são por demais crianças, não podendo nem mesmo avaliar as consequências da mesma.

Crianças, aqui vi uma palavra do seu avô:  - Cresçam homens livres e de bons costumes, procurem a casa deles, entrem nela sem nenhum receio de transpor os seus umbrais, porque lá é o lugar de vocês, assim como durante quase quarenta anos tem sido o lugar do seu avô.

Um beijo no coração de vocês, meus netos queridos!

Dr. Carlos Augusto Cruz Médico/Advogado