ARTIGO 270 – AGULHA NO PALHEIRO

Diante da proximidade do importante pleito eleitoral de 2018, em que cada vez mais se robustece a convicção de que será a decisiva oportunidade que o eleitor terá de determinar as necessárias e imperiosas mudanças de que o país tanto reclama, através do voto livre, tenho recebido mensagens de alguns leitores, questionando se identifico entre os prováveis candidatos algum nome com esse potencial para a grande virada. Não só tenho expressado a minha opinião de que os nomes ora em evidência não passam essa confiança, seja da Esquerda, Direita ou Centro, como tenho dito que a busca do nome ideal é como procurar uma AGULHA NO PALHEIRO! Será que é uma tarefa difícil? E como...!

Obviamente que para aqueles vinculados ideologicamente com esse ou aquele nome ou presos por razões de sectarismos partidários, a visão da análise está comprometida para enxergar com clareza as enormes mazelas que envolvem alguns candidatos e suas corrompidas siglas partidárias. E, como dizem, tudo e todos juntos e misturados, em muito dificulta um posicionamento do eleitor.

Se de um lado há nomes “mais sujos que pau de galinheiro”, objetos de investigações, processos em andamento ou com condenações já sentenciadas, de outra parte há nomes incipientes e que não inspiram qualquer confiança ou segurança, o que piora em muito a solução alternativa!

O texto pode ser entendido como um complemento à minha crônica “Esquerda → BRASIL ← Direita”, de 19/11/2017, que tratou, também, desse assunto, mas é que o tema é complexo e não se esgota num só texto.

São justas e pertinentes as inquietações da população, uma vez que há escassez de nomes com esse perfil salvador e há os riscos de que ocorram as reeleições tradicionais de nomes sempre envolvidos nas práticas escabrosas e indesejáveis, tanto no Legislativo como no Executivo.

Quanto ao pacote de Reformas é compreensível que um país não pode viver permanentemente sem a atualização dos seus Sistemas Institucionais, que caducam com o transcorrer de dezenas ou centenas de anos. Mas, é preciso ter compromisso e senso de responsabilidade dos envolvidos na missão de promover as reformas institucionais, nunca por legisladores subservientes e submetidos a um constrangedor e vergonhoso Balcão de Negócios, sem qualquer subordinação aos direitos do trabalhador em geral. Esses são os chamados vendilhões.

Talvez a prioridade maior seja reformar primeiro o caráter do político brasileiro para, a partir daí, estarem eles habilitados por princípios de dignidade, a cuidarem dos verdadeiros e inadiáveis ajustes, sem se humilharem no deleite dos banquetes semanais palacianos!

O discurso de que a Previdência está quebrada não tem qualquer ressonância, quando se sabe que as grandes empresas, e os governos municipais e estaduais são eternos devedores do Sistema Social, cujo montante atinge quase 470 bilhões de reais! Pior que são depositários infiéis daquilo que descontam dos seus servidores e não recolhem...! Além desse elevado montante de inadimplência, existe a desoneração da Contribuição Social para alguns setores, permissividade consentida pela Fazenda Nacional.

Sabe-se, também, que há manobras contábeis que desviam valores arrecadados através de tributos como COFINS, PIS-PASEP, Loterias da Caixa, etc. para outros gastos do governo, cujas receitas substanciais, que são previstas na Constituição, não são lançadas a crédito da Previdência Social, o que é uma atitude indecente e geradora de um óbvio desnível entre Receita e Despesa, e assim alimentando o discurso de que o Sistema vai quebrar. Diante desses fatos, é um crime transferir todo o ônus para o trabalhador brasileiro e pretender aumentar a tarifa da sua contribuição social! Essas verdades não são contestadas nem explicadas pelos que defendem essa reforma dentro do Governo!

Diante dessa grave complexidade que se apresenta ao eleitor, a tarefa de descobrir um político “Ficha Limpa”, com visão e postura de estadista, no universo conturbado dos dias atuais, é uma tarefa tão difícil quanto achar AGULHA NO PALHEIRO!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).

AUTOR: Adm. Agenor Santos