Espaço do Leitor: Homenagem a Venina.

1 9 1 7 - 1997 - 2017

Conheci uma pessoa muito importante que se estivesse entre nós,

Exatamente hoje, comemoraríamos seu centenário de existência. Estou falando da

Matriarca da família Dantas, mamãe Venina. Nasceu na Fazenda Mina, no dia 17 de dezembro de 1917.

Agora vivo de lembranças passadas, não posso mais te tocar mamãe, sentir teu afago, pois cá entre

Nós, não existe mais. A saudade é imensa. Mamãe? Você não sabe a falta que me faz, mas, 

O que me faz feliz, é saber que seus conselhos substanciais

Serviram para intitular minha identificação pessoal.

E só tenho a agradecer a Deus e em especial a você, mamãe.

São muitos os que gostariam de ter uma mãe igual a você, por isso sempre agradeci, agradeço

E agradecerei a Deus por ter me dado esta oportunidade de ter uma pessoa tão importante na

Minha existência. Pessoa conselheira, trabalhadora. Encravava com afinco a dureza da

Vida sem reclamar, sem se maldizer, sem acusar ninguém. Lembro-me que quando

Estávamos juntos, sempre falava: Didí, estude muito meu filho, “nós só cresse

Na vida se estudar”

Imediatamente guardei esta frase na minha mente, para passar pra todos vocês, da família DANTAS,

No ano do centenário de nascimento dela. Por motivos naturais, mamãe não está presente para ouvir  

A minha singela homenagem.

17.12.2017

Hoje, 17 de dezembro de 2017, Domingo, dia ensolarado, ao contrário do dia em que mamãe Venina viajou para a eternidade. Pois, naquele dia 27 de março de 1997, chovia bastante, lembro-me que as relvas das malvas de lavar pratos (como nominávamos) as imbíras, as canafístulas, as caatingueiras, os imbiruçús, os umbuzeiros... em fim, toda a vegetação estava frondosa, pois as chuvas de março tinham chegado, as flores e frutos estavam a aparecer em todo sertão. Lembro-me de tudo isso, por que quando fui comprar flores para colocar no ataúde onde estava em repouso o corpo de mamãe, fui sozinho até a Olinda e durante todo percurso passou um filme em minha mente: ... realmente, existem momentos que lembramos até morrer. Momentos estes, que, rebobinavam e repassavam e eu revivia só nas lembranças, e nas minhas auréolas soavam aquela voz suave de uma guerreira dizendo: “Didí, vai abrir a cancela menino, o leiteiro (Seu Valdemar) já está chegando. Voz que minhas auréolas já não ouvem mais.

E lá ia eu iniciar meus afazeres, abrir a cancela no cercado de arame como conhecíamos. Cercado de arame que já não existe mais.

Voltava, pegava uma tigela, colocava um pouco de farinha, passava direto para o curral, arriava o bezerro na mão da vaca, tirava o leite e fazia zupi e me deliciava. Vaca, bezerro e zupí, que já não existem mais.

Ao terminar de comer o Zupí, pegava um cabresto, ia pegar o jumento “pretim”, colocava um forro no lombo do mesmo, a cangalha, os ganchos, pegava um facão, um machado, uma mochila, uma baladeira e ia à procura de lenha no cercado grande, e trazia para casa.  Jumento, cangalha, ganchos, facão, machado, baladeira e lenha que já não existem mais.

Assim como estas histórias narradas, tantas outras poderiam ser relatadas, a exemplo do tanque onde pegávamos água, pescávamos, dávamos água aos animais: vacas, cavalos, cabras. Animais que já não existem mais.

Os tamarindeiros, na frente da casa grande, as algarobeiras ao lado do curral das cocheiras, onde as vacas comiam ração, o curral dos bezerros, o curral das vacas: Algarobeiras, curral, cocheiras, vacas, bezerros, ração, que já não existem mais.

A casa do vaqueiro, onde Souza “in memorian” Beta, Rejane, Solange, Mônica e Joston moravam. Vaqueiro Souza, que já não existe mais.

A casa do segundo vaqueiro onde João da Olinda, Solidade, Antonio, Carlos, Nenzim e Luzia moravam, o chiqueiro das cabras. Casa, Chiqueiro, Cabras que já não existem mais.

E para finalizar, a casa grande onde mamãe Venina, papai Neném, moraram. Fazenda Olinda, mamãe Venina e papai Neném que fisicamente, já não existem mais.

Gilson de Souza Dantas - Setor de Estágios e EgressosInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Campus Petrolina Zona Rural.