Artigo - 365 dias já se passaram. E agora gestores?

No dia 1º de janeiro deste ano, todos os prefeitos que tomaram posse na mesma data no ano passado acabam de completar um ano de governo. Fato. Quase que unanimidade, os discursos da maioria dos gestores nos primeiros 12 meses (365 dias) são os mesmos: "momento de arrumação da casa". Inicia-se um novo período e os discursos seguem na mesma linha; a culpa sempre é do antecessor ou, quando esse foi um aliado, são das diminuições dos repasses dos governos estadual e federal. Nem óleo de peroba dá jeito.

Paladinos da moralidade que não passam de verdadeiros "171", profissionais da enganação e da enrolação, iguais ou piores dos que cinicamente acusam; uma característica incrustada na cultura daninha aplicada em todas as regiões do país; de norte a sul, de leste a oeste, que dificulta e emperra o desenvolvimento de muitos municípios. E o pior, as ações dos locupletadores são dissimuladas por apoiadores e desavisados eleitores que corroboram para que ocorram as ilicitudes. A premissa de que 'farinha pouca, meu pirão primeiro' não se aplica quando o assunto remete à honestidade, honradez, dignidade e principalmente, politicamente falando, ao erário e gestão pública.

As vítimas dos crimes cometidos por gestores públicos, diga-se prefeitos ao se referir às cidades, não devem ter vergonha de cobrar e denunciar àqueles que em algum momento, culminando com a escolha durante a eleição, foi confiado. Virtude é saber fazer a diferença sempre, perseguindo constantemente pelas melhorias que almeja, inclusive quando se trata do coletivo. As pessoas têm o direito de se decepcionar. O arrependimento não combina com os que erraram na vontade de acertar. Não basta apenas reclamar ou numa espécie de 'rádio peão', espalhar rumores com veracidades duvidosas. É preciso acompanhar de perto as administrações e, de forma ponderada, coerente e apartidária, colaborar na fiscalização e, ou, solicitar dos que foram escolhidos para tal atividade, os nobres edis, a faça.

Exercer o papel cidadão já seria um grande passo para a transformação social e o fortalecimento da esfera pública em toda a sua plenitude. Não se pode esperar que a atitude do outro contemple seus anseios. A participação da sociedade é um propulsor para as grandes mudanças. Cumpri as obrigações e promessas de campanhas são as únicas formas de reciprocidade pela confiança do eleitor. Agradar 'patrocinadores financeiros' de campanha pagando contas com dinheiro que não lhes pertence e com distribuição de cargos com aval de um conluio de desavergonhados é apenas um dos muitos crimes fáceis de serem observados. Caso perceba tal prática ofereça o 'troco' aos envolvidos denunciando-os aos órgãos competentes e votando contra os mesmos em todas as oportunidades que tiver.

Por Gervásio Lima

Jornalisa e historiador.