CONTO DO PROFESSOR OTONIEL GONDIM - LEINOTO: O INVENTOR INVOCADO

No seu humilde início de ser um ser pensante, LEINOTO pressupunha que nada mais ao mundo carecia de invencionice. Os inventores, então, tinham feito em excelência e acachapadamente bem os seus devidos serviços. “ Classe danada. “, infelizava-se em balbucios lamentócios . “Poxa, como queria ser um deles! Qualquer coisinha e tava bom, ótimo, bótimo”. Mas, restava o que? Assim navegando nos resígnios, desistiu fácil da ideia prepositiva. No passar dos tempos, porém, foi notando falta disso, num tem daquilo, vazio aqui, vácuo acolá. Algo, na espreita, o esperava. Num daqueles supetões onde a vida resolve presentear de única e última oportunidade, decidiu retomar-se iniciozinho. Inventaria, sim. Nem que inventasse a invenção de si mesmo como inventor.  Desse feto, surgiu LEINOTO: O INVENTOR INVOCADO.

De antemão, daria ombros, viraria os olhos, nem aí, para descobertas tipologistas modais: Tecnologia de ponta, cura de câncer, de escassez imunológica, máquinas estonteantes velocimetrais, robôs pós-antenados, drogas ultra-céus, e por fora aí.

Muito pelo inverso, enveredaria pelo caminho cotidiano do simples, embora entrementes anticonvencionais. Invencionices que dessem margens a diminuírem o estresse, batida forte de pé no chão, suadeira de testa, murro na parede, xingamento, raiva caras e bocas momentâneas. Conquantemente, dessem margens a aumentarem a eficacez/rapidez/normalidez em singelos atos práticos. Aliviando, nesse rojão e ínterim, cotidianas tensões e sossegando possíveis eminentes barulhos, transtornos emocionais, recalques diversos, cismas e desavenças extra e intra sensoriais.

Pronto, preceitos em acordo, de resto era buscar o que inventar. Pois, moléstia e benéstia à parte, o mais difícil acabara de renascer nele:  O INVENTOR. E INVOCADO da mamãe. Né pai?

Lembrou de umas tiradas geniais filosóficas prosaicas de Charles Bukowski sobre manicômio e adaptou-as, orgulhoso só ele, ao seu staff: “Quem leva uma pessoa ao manicômio não são as grandes tragédias pessoais, tais como, a perda de uma fortuna ou a perda do grande amor da sua vida. São espécimes simples de ações inacabadas e aterrorizantes que infernizam los  nostros day the day ( Amo isso...). Por exemplo, não conseguir amarrar rápido e direito o cadaço do sapato, derramar cerveja em si, escorregar num chão molhado do banheiro, ser xingado no trânsito por uma mulher, comer espetinho e saber após que foi de gato, ou por mero desleixo deixar evaporar por completo o chá verde. As sequências dessas coisitas é que, acumulando-se, finda por levar uma pessoa ao manicômio. Nem que seja ao manicômio intrínseco, in loco, do auto-eu.“.

Desse proselitismo, a LEINOTO adveio a ideia de catar probleminhas por aí e elucidá-los através de descobertas e inovações inéditas inventivas. Só que quase desistiu quando pôs no ar, na prática, pelos meios alastrantes, a primeira invenção. Não era para menos apostar em algo qual, embora louvável e revolucionária na teoria, se arvorava muito perigosa. Foi, mesmo sabedor dos grandes riscos e das possíveis perdas, em frente com determinismo Descarteano e Socratismo destemor.

Ai, ai, ai, Helena, olha só: Uma maneira de levantar, moralmente e fisicamente estéticos, os seios derrubados e molengas das mulheres. Desse certo o acolhimento, tome patenteamento. Além de novo rico do pôr do sol ao amanhecer, se encheria de peitudas de respeito e orgulho aos seus pés, á sua boca, à sua língua.

LEINOTO, afoito só ele, achou-se por bem de observar as agruras mulherais quanto ao desenvolvimento científico. Bem sacou isso, que remediava sempre a si: “Como desenvolver algo tão difícil que são as pílulas de levantar, guinchar, eretar o pau mole de um homem e não conseguir nadicas-nada de benefícios em prol dos seios caídos das pobres mulheres complexadas, em razoável razão, com isso?“. Achou que a ciência, o mundo de carona, tornara-se extremamente cacetuda e machista. Nessa estrada, humano e solidário às coitadinhas, pragmatizou inventar algo a subirem a autoestima feminal e os ditos caídos por uso demasiado, anatomicoismo genético familiar e, por fim, exemplo contumaz de aplicação da Lei da Força Gravitacional de Isaac Newton. Num bojo, mataria vários coelhos de cajada única: A pergunta-piadista –maliciosa-de baixo calão: “E aí, vai querer com ou sem? “e a feiura de deixar às mostras  as alças dos sutiãs, pré indicativos que os danados rebeldes eram ... cê sabe, né ?.

 Meteu-se de cabo a rabo na invenção e nem deu ousa pensar no fracasso de sua empreitada. “Nesse sentido é que surge os grandes ...e os grandes inventores! “, dizia caladinho, justificando-se apenas aos seus botões e borbotões. Esquecendo que quando dá com os “ burros n’água “ é que são elas.

Pior que deu.

Deu em merda. Ah, e bote merda nisso!

Seguindo os passos da invenção denominada “OPERAÇÃO LEVANTA“ :

  1. Líquido massageador. Um que, além de fixador, fosse anestésico por tempo determinado de manuseio ( As mulheres, dependendo do affair, determinariam esse ‘time’. ). Ficou problemático nos primeiros testes, pois, cicatrizes, posicionamentos  maus adequados nas massagens, alergias ao produto, desaprovação ao odor,  implicaram prováveis fatores desistivos.
  2. Spray. Sim. Nos devido bicos, de seis em seis horas, deixariam os benditos em forma. Porém, decorridos tempos de uso, correria-se o risco probabilístico desgastal pelo qual não haveria um bico de pé. Outra problemática. Outra desistência.
  3. Essa, seria a última das moicanas. Portanto a ideal. Um guindaste oculto, ultra-microscópico, por baixo, que, através de um sensor calorífico-térmico imperceptível, impulsionariam os desejados aos poucos diante de um pensamento positivo predestinado. Deu certo. Tava dando certo. Certíssimo. Inté num dá mais. O efeito da Terceira Lei de Newton ( Ah, Newton, tu tomém ...aliviasse, cara! ) ‘Ação-Reação’ terminou por levar tudo a esvair-se: Testes e esperanças. Lembra dos tais “ Burros n’água ? “.  Apois pois, na primeira esturricada masculina agressiva, tudo ia por água abaixo, inclusive o sexo-namoro. Sem contar a forte rejeição feminina pelo medo de bastar tascar o pensamento de possíveis choques. Fim da ideia revoluciovisionária.

E deu entrada a contagem progressiva dos intermináveis processos,  descambando no inferno astral de ver, por anos a fio descascado, o sol nascer todos os dias quadradinho da silva.

Motivo: Motivar, sem base experimental científica e de eficácia, o usuário  a utilizar material ilegítimo, contravencional, impróprio à saúde, pondo em risco a integridade física, financeira e moral do mesmo. Mais: Comprovado, por testemunhas-clientes, relevante induzimento sócio-sexual-mental-comportamental-sonhador a esteio enganoso  solucionático de problemas intrínsecos à performance de melhorias modelais de embelezamento estético a elevar, concomitantemente, a auto estima do usuário.

 Drasticamente deu-se o assassinato da, LEINOTO nunca negou vociferar assim, maior invenção que equipararia o homem à mulher: Pau sempre duro e  Peito eternamente empinado!

Fazer o quê?

 Já em liberdade, apenas viu-se injustiçado por um juizeco com problemas conjugais-sexuais. Pelos quais descontou nele e na sua invenção, o incriminando por tentar fazer o bem a quem bem precisa de um bem. Nem precisou olhar no espelho para refletir-se herói. Assim, de carma mais auto valorizado, retornou ao incisivoísmo  inventorial.

Num é que deu certo? Finilalmente.

LEINOTO, era um sagaz perseguidor do amor. Sempre a querer por que querer um amor. Danado difícil, depois de tantos amancebamentos, solteirices, tomes ponta e levas ponta. Um dia a tentar fixar um cartaz num local,  sofreu até conseguir designou de soberba façanha .”Ô Durex f,d.p. ! ”, grunhia. Tava que tava difícil achar a ponta do Durex. Inisitia, unhava o rolo, nada. Se emputecia  a cada tentáculo.  Geniou  e descobriu o por quê de não encontrar o amor .

                      Geniou assim, ora :

      “SE TÁ TÃO DFÍCIL ENCONTRAR A PONTA DO DUREX ...

          IMAGINE ENCONTRAR O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA ! “ .

Assim, inventou e fez a primeira de muitas descobertas que lhe rendem aposentadoria próspera até hoje: Como, com rapidez e eficiência,  encontrar sem xingar a Deus e ao Diabo a ponta do Durex !!!

Simples ,

  1. Primeiro não tente, forçosamente, cravar a unha ou ficar raspando-o. Só aumentará a dificuldade e o nervosismo de não conseguir algo tão infantil e simplório, dando-lhe uma auto mecha de burrice  e inoperância.  Observe bem onde o Durez parou de ser manuseado.
  2. Agora, casquetei um pouco com a unha. Moderada e educadamente.
  3. Pegue um pouco de água quente, pode ser um morno pano, e ponha nesse local. Espere alguns segundos e remova.

Sucesso total, absoluto, unânime. Patente firmada e a grana entrou pro INVENTOR INVOCADO LEINOTO. Palestras, debates, entrevistas, ECAD.

Mas, inventor que é inventor nem pensar parar de inventar.

Lembrou da casa da Mamãe. Tinha uma irmã, dona de loja e que abastecia com solicitudes a casa de guloseimas , frutas, o escambau de bom. Porém,    dotada de um gravitacional defeito: Virava o cão chupando manga se a acordasse cedinho. Probleminha, não. Problemão. Pois, sobrinhos e LEINOTO  eram dotados de um hábito alimentar digno:  Adoravam  vitamina justinho nesse horário inóspito. E aí ? E aí , lascou barulho !

Lascou briga. Lascou entreveros. Lascou buscar raciocínio. Lascou queimar  a cuca pro funcionamento . Um dia desses que ninguém acha que não vai dar nem regue, nem chuva, nem  sol,  nem luar , num estalo ,  LEINOTO  fez o pelo sinal da santa cruz e gritalegrou :  Eureca !  Eurico !  Invenção !

Num foi que inventou o liquidificador silencioso? Mais grana pro INVOCADO . Também , observemos os magistrais percaminhos :

  1. Liquidificador de qualquer potência, desde que o copo o seja de plástico polimerizado termo-resistente, transparente  e fino.
  2. A base com encaixe justo e firme. No rotor, que move as paletas, pôr uma especial mistura miscível de óleos . Acrescentar, para uma solubilização completa, um tipo de  parafina líquida laboratorial especialmente feita para tal finalidade.
  3. Pode ligar à vontade no um, no dois, no três. Nem chuá faz. Igual motor de carro novo. E, ainda, economiza uns bons  Kwh na conta mensal.
  • Obs.: Todo material e ingredientes deverão ser adquiridos, exclusivamente, nas Lojas LEINOTO’S  GO.

E, LEINOTO :  O INVENTOR INVOCADO, danou-se mundo afora-dentro a inventar paracéunálias e parainfernálias. Lista? Ei-las  algumas :

  1. Cachorro e gato mecânico. Por que não comem, não brigam, não azunham , não mordem, não bufam, não defecam no quarto, não sobem no sofá e nem precisam de nome inglês.
  2. Oração perispiritual para facilitar o aprendizado infantil de Matemática. Descontar a raiva herdada da tabuada de vezes que se obriga até hoje não a aprender, mas, a decorar.
  3. Ilusionismo  de uma noite com Sol. Fazer boemia ao avesso.
  4. Colírio especial para evitar o chororô, sem um pingo de graça, ao cortar cebola. Peninha das domésticas, fê-lo gratuitamente.
  5. Tampão-peido útil em elevadores, reuniões, salas de aulas. Por ter, inúmeras vezes, passado tal deprimente estágio na região ultra-interior-abdominal.
  6. Kit “Mamãe, quando crescer, quero  LGBT“. Viralizou modal e um belo retorno pro bolso.
  7. Perfume-Simpatia. À base de uma mistura cujo princípio ativo é o gás hilariante. Posologia: Dose toda manhã, pós-banho. A pessoa se perfuma toda e ao chegar perto de um porteiro de boate, vizinho nojento, gente  gentinha, sogra sogrona, recepcionista concursada de hospital e órgão público, cobrador de ônibus , quaisquer outros ‘marrentos indesejáveis’ do mesmo naipe, os mesmos ao sentirem o exalo  hilariante, sorriem e se coçam com tamanha simpatia chega dar inveja a qualquer avó.  Precisa dizer do estrondoso aceito?

E mais muito e muito mais.

“Navegar , não é preciso. Descansar, sim. “, poetizando filosofou ... E se enganou.

Pensava-se aposentado.

“Nada como um dia atrás do outro “. Quem havera de nunca ter ouvido tal isso?. Pois , num dito  desses dias, LEINOTO  começou inquietação de que o próprio e o vasto  universo estavam em deveras dívidas para com um determinado ALGO e que a sua missão destinária findaria se O inventasse. Determinado ALGO que era o mais de todos os mais e o poria, soberanamente, na realeza terráquea e celestial:  O AMOR !!!

Aquele amor que quando a gente não encontra, e tenta e tenta e tenta, se tangencia infinitando-se ao distante cada vez mais longe. Pode-se inventá-lo cá perto bem dentro aqui ?

LEINOTO, num sossego sem sossego. Queria por que queria inventar o amor. E que não desse tanta dor de cabeça, insônia , bebedeira , decepção e trabalho. UM  AMOR PERFEITO.

Pela sete vezes sete ...  vezes setenta  ... vezes setecentas  .. .vezes se ... ele, encasqueado, tentou.

Ufa ! Exausto e vencido, LEINOTO definitivamente desistiu de inventar. Desta vez, por um motivo simples. Simples?

O mundo e ele já nasceram  com amor e do amor.

E o AMOR não se inventa, ..se o busca , se o adquire ,  se o conquista. È só  AMAR AO PRÓXIMO !!!

LEINOTO,  feliz e realizado, concluiu repleto de um si orgulhoso :  EU SOU O AMOR .

Disso ele sempre soube.

E você ???

Otoniel Gondim --- Professor, Escritor e Compositor.