Mulher perde bebê após esperar parto por mais de 24 horas no hospital; família acusa Maternidade Municipal de Juazeiro de negligência

Uma mulher perdeu o bebê após ter que esperar mais de 24 horas por parto na maternidade municipal de Juazeiro, no norte da Bahia. O corpo da criança foi enterrado no cemitério central da cidade, ontem sábado (17). Segundo familiares, a bebê Ana Liz morreu ainda na barriga da mãe, Luíza Evandra Silva de Brito, de 18 anos. De acordo com as avós, Elizabete Barbosa da Silva e Benedita Almeida da Silva, a jovem não teve problemas durante a gravidez.

Elas contaram à reportagem da TV São Francisco, afiliada da TV Bahia, que Luíza foi internada com muitas dores na última quinta-feira (15), mas o parto só foi realizado na sexta (16) à noite, mais de 24 horas depois.

"Só revolta. Uma pessoa tão pequenininha, tão indefesa, e já vítima de uma negligência médica", disse a avó materna, Elizabete Silva. "Muita tristeza. Quando eu soube da notícia, eu passei mal...eu esperava essa netinha com o maior carinho", disse emocionada Benedita Silva, avó paterna.

Em nota, a secretaria de Saúde de Juazeiro disse que a paciente chegou à maternidade em fase não aparente de trabalho de parto, e que na sexta-feira, na fase final, com o aumento das contrações, não foi possível ouvir o feto, e a paciente foi submetida a uma cesariana de urgência. A equipe tentou reanimar o feto, mas sem sucesso.

De acordo com as avós, no hospital, apesar das dores, disseram que a jovem teria que aguardar para que o parto fosse realizado.

"Desde quinta. [Estava] Perdendo sangue, pouco, mas estava perdendo...força não tinha mais. E a médica virava para mim e dizia 'o procedimento, eu estou fazendo, e é esse daqui, não posso mudar, não posso fazer uma cesariana na sua filha'", contou a avó materna, Elizabete.

Segundo a família de Luíza, a médica só decidiu fazer o parto cesárea depois que percebeu que o coração da bebê já não batia mais. Para a avó da criança, Elizabete Silva, se essa decisão tivesse sido tomada antes, a neta não teria morrido.

"Infelizmente, a bebê veio a óbito. Eu disse [à médica] 'por quê a senhora matou? A senhora poderia ter salvado. Por questão de minuto a senhora poderia ter colocado ela na sala de cirurgia, e deveria ter salvado a vida da bebê'", contou Elizabete emocionada.

Ainda de acordo com a secretaria de Saúde de Juazeiro, um rompimento no útero, situação rara, mas grave, teria sido a causa provável da morte do feto. No laudo do atestado de óbito, a causa apontada é o descolamento prematuro da placenta. E dois dos sintomas podem ser o sangramento e as dores abdominais.

A direção da maternidade ressaltou que a taxa de mortalidade do hospital é baixíssima e disse que apurou imediatamente o ocorrido e tomou as medidas necessárias junto à equipe assistencial, mas não informou quais foram essas medidas.

Veja a nota na íntegra da SESAU:

A Secretaria de Saúde de Juazeiro informa  que a paciente deu entrada na maternidade  municipal na quinta-feira, em fase latente de trabalho de parto e ficou em observação. Na sexta-feira as contrações  aumentaram  e teve início o trabalho de parto, até então sem interferências nas múltiplas avaliações dos batimentos cardíacos fetais e materno.

No período expulsivo - fase final do trabalho de parto, não foi possível ouvir o feto, sendo indicada a cesariana de urgência. Foram realizadas manobras de reanimação  neonatal, mas sem sucesso. No intraoperatório ficou evidenciado rotura de fundo uterino - complicação rara porém grave que provavelmente levou ao óbito fetal!

A direção do Hospital Materno Infantil de Juazeiro assegura que  foi realizada apuração de todo o ocorrido de imediato e tomadas as medidas necessárias junto à equipe assistencial. Vale ressaltar que a unidade hospitalar realiza uma média de 450 partos mensais (destes 
cerca de 25-30% de cesareanas).

No mês de janeiro, foram realizados mais de 1800 atendimentos na emergência obstétrica. A taxa de mortalidade é baixíssima, chegando a números próximos de zero.

TV São Francisco/Rede Bahia