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O MAL DO BRASILEIRO É A MANIA DE RELATIVIZAR TUDO (Erry Justo)

Agora aqui o papo é sério, reto e duro. Existem coisas que por mais que tenham até uma lógica direta não explicam e nem tão pouco justificam certas atitudes protagonizadas por maus seres humanos.

Durante três séculos, arrancamos as negras e os negros de suas raízes, famílias e histórias para jogá-los brutalmente em porões fétidos, imundos e indecentes de navios cargueiros que cruzavam o Atlântico para desembarcar aqueles "selvagens" (discurso dos portugueses colonizadores) nos portos de Santos, Salvador e Rio de Janeiro, para serem finalmente vendidos como quaisquer outras mercadorias. Os homens eram valorizados pela força física e as mulheres, pelos encantos sexuais. Infelizmente, o racismo é marca estrutural a definir a sociedade brasileira. É essa mentalidade que impulsiona cretinos fundamentais a ofender negros fazendo imitações de macacos em estádios de futebol, bananas atiradas em campo, enfim, estamos regredindo como espécie humana. Historicamente, relegamos as mulheres ao ambiente doméstico, insistindo estupidamente na imagem da ''bela, recatada e do lar''. Machismo e misoginia, marcas também de identidade desse Brasil-Nação, concedem espécie de carta branca para que boçais do patriarcado continuem afirmando que "lugar de mulher não é no estádio", atormentando e assediando torcedoras nas arquibancadas e avançando violentamente sobre as jornalistas que apenas pretendem fazer seu trabalho, como se elas fossem propriedades deles.  Afirmo isso porque o futebol é a caixa de ressonância dos demônios e ódios alimentados cotidianamente pela nossa sociedade. Rapazes devotos de toda a ordem de preconceitos da elite brasileira ao atraso invadiram a Rússia e resolveram destampar pelas ruas de Moscou e de outras cidades as maldades fétidas de sua caixa particular de Pandora...