ARTIGO – PALAVRAS, PALAVREADOS E PALAVRÕES!

O cidadão brasileiro tem pago um preço muito alto pela sua formação pacífica e o seu espírito voltado para acreditar nas boas intenções das pessoas – principalmente, nos políticos! -, além de confiar, quase que cegamente, na integridade dos atos praticados por aqueles que são as colunas fundamentais dos três Poderes e que deveriam representar o sustentáculo da nossa República. Deveriam, mas não fazem!

É importante lembrar que os gestores das Instituições Públicas nos âmbitos Municipais, Estaduais e Federal, são os legítimos responsáveis pelas decisões certas ou erradas resultantes dos seus atos. Contudo, há um ditado muito usado popularmente, que diz: “DE BOAS INTENÇÕES O INFERNO ESTÁ CHEIO”! Isso significa dizer que não bastam os discursos pré-eleitorais ou pronunciados nas solenidades de posse nos cargos, sempre cheios de expressões salvadoras e de frases que enaltecem a moral, a idoneidade e a transparência, e a realidade concreta é bem outra! Não basta prometer para iludir o eleitor, mas tem que ir lá e fazer o prometido.

O sentimento que tem sido observado nas análises críticas emanadas da sociedade, mais recentemente, é de completa decepção diante da perda de consistência dos valores morais, os quais, historicamente, estavam presentes na tradição cultural da família e na formação de cada cidadão. De repente, passar a não acreditar nas instituições nacionais é algo que entristece e preocupa.

Por exemplo, a ambígua posição assumida pelo STF na última semana, com relação ao Habeas Corpus, foi um dos acontecimentos que afetou negativamente a credibilidade da população, pelo quanto representou de mudança substancial em decisão anteriormente assumida pelo próprio Tribunal, que atribuía poderes finais aos Tribunais de 2ª. Instância para punir os condenados na 1ª. Instância, sem necessidade de recurso aos Tribunais Superiores. Não somente descaracterizou o preceito jurídico por eles estabelecido, como passou a imagem de insegurança e possibilidade de facultar a todos os condenados da Lava-Jato ou mesmo outros criminosos comuns, o direito a um recurso jurídico que poderá colocá-los em imediata liberdade! Como resultado disso, os “Gedéis” e “Cunhas” da vida já começaram a recorrer, e reacendeu as esperanças de sobrevida de alguns quase presos! Como disse alguém, o “STF APEQUENOU-SE”!

Ainda que pelas redes sociais circulem muitas inverdades que provocam choques emocionais os mais diversos, um vídeo verdadeiro divulgado provocou surpresas e estarrecimentos! O Deputado Estadual baiano Targino Machado, desfilou diatribes jamais pensadas e expressões de baixo nível para acusar os seus colegas que não frequentam as sessões da Assembleia Legislativa do Estado, embora já estejamos no mês de março, externando uma revolta pouco comum contra os seus pares. 

Só para uma breve preliminar e entendimento do leitor que não teve acesso a esse vídeo, vejam o linguajar utilizado em plena sessão da Assembleia, na qual estavam presentes apenas 7 deputados: a) “Na minha terra aluno que faltava aula a gente chamava de gazeteiro, vagabundo. Aqui nessa Casa a gente chama vagabundo de excelência; b) Pra que desgraça se candidata a deputado? Para enganar o povo da Bahia, receber o salário e colocar o dinheiro no bolso e cascar fora! c) Quem achar que minhas palavras ferem o decoro, eu pergunto: qual a moral e ética essa Casa tem para apontar o dedo pra ninguém? d) Fecha essa Assembleia, bate a porta e apaga a luz que ninguém vai sentir falta. Esses 600 milhões dessa Casa que joga no ralo é pior do que papel higiênico usado! e) Isso aqui tá uma merda, uma droga, essa Casa virou bosta n’água. Toma vergonha na cara rebanho de vagabundo! f) Cadê meu presidente, o presidente da Casa que eu não vi ele ainda aqui este ano presidindo uma sessão”! Acho que basta!

Gostaria mesmo de que esse espaço fosse usado para coisas mais nobres e não ter de analisar palavreados e palavrões legislativos. Não obstante, qualquer silêncio diante de episódio tão excêntrico, remete-nos a recordar o pensamento do grande Rev. Martin Luther King: “O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O SILÊNCIO DOS BONS”. Assim, é impossível calar quando se assiste o próprio deputado jogando lama sobre a instituição que representa, cuja imagem todos eles têm a responsabilidade de defender!  

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.