Falta de Recursos ameaça Museu Luiz Gonzaga, em Exu

Professor do curso de museologia da Universidade de Brasília (UnB), Emerson Dionísio Gomes de Oliveira foi diretor do Museu de Arte Contempranea e pesquisa museus de arte no Brasil. Para ele, o incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro é consequência de um plano de desmonte dos equipamentos culturais do país. Não é culpa de um governo específico, mas da falta de percepção política e social da necessidade de preservação da memória como parte da construção de identidade 

E, mais do que circunscrito apenas à área de patrimônio e cultura, é um símbolo do aprofundamento da desigualdade no país. “As pessoas, muitas vezes, perguntam qual a importância de um museu diante de tantas mazelas e precariedades. O problema é que as coisas se conectam. Temos um problema enorme de coesão social no Brasil, de desigualdade social, e isso também vem da ideia de que não pertencemos a um lugar-comum”, explica. 

“A gente não se vê, necessariamente, conectados a uma história comum, a um espaço público comum, e isso tem a ver com a maneira como tratamos a cultura, as instituições e a memória.” Segundo Dionísio, a perda de instituições culturais é mais um passo em direção ao aumento do fosso da desigualdade social e da dificuldade de perceber que a cultura também é um componente fundamental nesse processo.

“Você precisa aparelhar, precisa construir um conjunto de instituições que ajudem a construir uma identidade comum, porque sem ela, é a barbárie, sem ela, a gente não se reconhece. O problema é sempre do outro e, assim, todas as questões sociais ficam mais agudas. É um conjunto, os museus não se veem separados da sociedade. O universo da cultura, de modo geral, está sendo pauperizado demais”, diz.

Foto: Ney Vital