O BRASIL SEM SAÍDA, CLAMA POR HONESTIDADE

Não obstante a exiguidade de tempo que teremos para o pleito eleitoral do ano em curso, por mais curto que o TSE tenha programado o período de campanha nessas eleições, por menos dinheiro que a Lei Eleitoral tenha permitido que se coloque nas mãos dos candidatos e dos partidos, por menor que tenha sido o tempo que foi oferecido a cada um deles na televisão , nada disso bastou para  livrar o povo brasileiro da chusma dos políticos aproveitadores, prometedores daquilo que eles nunca cumprirão; dos abutres, catadores de votos, dos profissionais da política sem compromissos para com o povo que, como corvos famintos, andam em busca de suas presas, em voos rasantes, de um lado para outro do bando, espreitando o momento de atacarem, aproveitando-se de um descuido de suas presas, a fim de cegar-lhes dos olhos da alma, que é a pior cegueira que há.

Pelo menos nenhum sinal do novo ninguém vê em qualquer dos partidos, ou dos postulantes aos cargos no presente pleito. Todos insistem no mesmo diapasão das mesmices de sempre.

Caso fossemos procurar um candidato desses que estivesse imbuído de seriedade e de boa vontade; sem interesses outros senão os de se locupletar após eleito, era certo que poderia salvar-se uma alma mas... duvido que isso acontecesse!

É bom que lembremos que, por muito menos que isso, na Grécia, por volta do ano 365 antes de Cristo, Sócrates bebeu Cicuta, passando deste Oriente para a Eternidade, indo dialogar com o Supremo Geômetra do Universo, sobre a podridão dos seus filhos.

De repente, na campanha atual, passou-se a considerar o errado como certo, a truculência como modo de dialogar e a força das armas, acima da força das Leis. Passou-se a considerar a prisão de um Ex-Presidente que, depois de julgado e de ter direito a todos os recursos nos Tribunais que qualquer outra pessoa teria, como manda nosso Sistema Legal, como mera perseguição da Justiça Brasileira, porque a mesma – Justiça - não soltou aquele homem para candidatar-se novamente a Presidente da República, ainda que lhe pesem nas costas as acusações de roubo, desvio de verbas públicas, corrupção, peculato e outros crimes mais.

 Vejam a que ponto chegamos!

O Brasil perdeu de tal maneira a tramontana, que está preferindo o errado em detrimento do correto. O crime ao invés do legal, o espúrio em vez do verdadeiro, o impróprio ao invés do próprio.

Acredito eu, que jamais estivemos diante de tão horrenda encruzilhada, jamais estivemos diante do grande mistério da Esfinge: “decifra-me, ou devoro-te!” Jamais, enquanto Nação, estivemos diante da cruz e da caldeirinha, de Deus e do Diabo.

Homens travestidos de “Salvadores da Pátria”, recitam um credo que fere os ouvidos dos menos atentos aos fatos políticos que nos cercam. Prometem o que não podem dar. Mentem, desavergonhadamente como se a sua palavra não tivesse compromisso algum. Encarecem um voto de confiança da população, após o que passam a esquecer, totalmente, esta mesma população que lhe confiou o voto por quatro anos, até que o próximo pleito se avizinhe, para começar tudo de novo.

Corrompem-se e são corrompidos. Desobedecem até mesmo as ordens judiciais, que têm força de Leis, como é o caso do Governo do Estado da Bahia, e a Justiça parece tremer diante do poder desses governantes, porque eles, ainda que agindo assim,  continuam incólumes, intocáveis, inalcançáveis por ela. Parecem estarem eles acima, bem acima, das Leis.

E o povo! Este, pobres coitados. Só aparece nas estatísticas para dar número às filas: sejam as “filas da morte”, como já estão chamando a fila da Regulação; seja a “fila dos desvalidos” , como há muito se chama a fila do INSS; ou a fila dos “deserdados da sorte”, como são chamadas as filas da saúde nos diversos equipamentos onde ela deveria ser um direito do Cidadão e um dever do Estado.

Gente morrendo nas emergências dos Hospitais e dos Prontos Socorros, por falta de médicos, de remédios, de leitos, de interesse ou de conhecimento profissional para fazer o diagnóstico correto da patologia do doente.

“Mas existe um povo que a bandeira empresta/ prá cobrir tanta infâmia e covardia.

Meu Deus, Meu Deus mas que bandeira é esta?”

Carlos Augusto Cruz - Médico/Advogado

Artigo Carlos Augusto Cruz