Seminário lembra o legado de Chico Mendes

Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, nasceu em Xapuri (AC) em 15 de dezembro de 1944. Foi um seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista reconhecido internacionalmente. Em 1988, Chico Mendes recebeu o prêmio Global 500 da ONU. Aos 47 anos, em 22 de dezembro desse mesmo ano, foi morto com tiros de espingarda no peito a mando de um fazendeiro da região.

As primeiras reservas extrativistas foram criadas em março de 1990, concretizando o sonho de Chico Mendes de ver a floresta valorizada e assegurando uma perspectiva de futuro para filhos de seringueiros e extrativistas.

Encontro 30 anos de Chico Mendes, organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), em memória ao legado do seringueiro que deu nome ao Instituto de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), aconteceu neste final de semana.

Na abertura, que aconteceu no sábado (15), a secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Juliana Simões, agradeceu o convite do CNS para participar do encontro e destacou a importância das Reservas Extrativistas (Resex) para a conservação ambiental e o desenvolvimento das cadeias produtivas da sociobiodiversidade. “Essa é a nossa Convenção”, comparou ela, fazendo uma alusão à 24ª Conferência do Clima, encerrada no fim de semana na Polônia.

O representante da Aliança dos Povos da Floresta (indígenas e seringueiros), Ailton Krenak, lembrou que “as pessoas não são sozinhas, mas sim sujeitos coletivos”. Segundo ele, a natureza é toda diversa. “Os humanos são assim também, todos diversos na sua coletividade”, afirmou Krenak. 

O diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de Conservação do ICMBio, Claudio Maretti, também defendeu uma agenda comum de conservação ambiental e populações tradicionais.

“São mais de 23 milhões de hectares de Resex entre as unidades de conservação federais, com 70 mil famílias morando, tirando seu sustento delas e conservando a floresta em pé”, ressaltou.


 Claudio Maretti destacou que o ICMBio administra 87 unidades de conservação de uso sustentável com populações tradicionais extrativistas: 66 reservas extrativistas, 19 florestas nacionais e 2 reservas de desenvolvimento sustentável, que representam quase 23 milhões de hectares (cerca de 22 milhões na Amazônia e cerca de 1 milhão na zona costeiro-marinha). "Isso sem contar as populações tradicionais extrativistas e pescadores artesanais nas áreas de proteção ambiental (APAs), com as quais ainda não trabalhamos", disse.

“Meu pai veio para o Norte com a ideia de plantar algodão. Não deu certo. Depois de dois anos de tentativas ele percebeu que o melhor era viver dos produtos da floresta e aprender com os nativos. Quando entramos para o Projeto Reca (Reflorestamento Econômico Consociado e Adensado), nossa vida melhorou muito”, conta Silvana de Souza Lopes, moradora do Ramal dos Pioneiros, em Nova Califórnia, Porto Velho (RO), e uma das palestrantes da mesa Mulheres e Desenvolvimento Sustentável: Contribuição nas Cadeias de Valor dos Projetos Apoiados pelo Fundo Amazônia
 
O Reca é uma cooperativa de 30 anos que reúne 250 famílias associadas. No caso de Silvana, em um sistema agroflorestal, ela cultiva pupunha, cupuaçu, andiroba, açaí, castanha e cumaru. “Nosso primeiro carro a gente comprou por (meio de) semente de pupunha”, disse Silvana. As sementes são coletadas por ela, o marido e a filha e entregues na sede da cooperativa para beneficiamento, embalagem e comercialização.
 
                                                                                                                                                              

Foto: Letícia Verdi/MMA