Incertezas políticas e econômicas faz o dólar ultrapassar a barreira dos R$ 5,50 pela primeira vez na história

O pedido de exoneração do agora, ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, por discordar da troca que o presidente Jair Bolsonaro pretendia fazer no comando da Polícia Federal, tirando o delegado Maurício Valeixo, fez com que o dólar ultrapassasse a barreira dos R$ 5,50 pela primeira na história. 

O fechamento desta quinta-feira (23/4) ficou em R$ 5,52. O novo recorde foi batido porque o mercado financeiro, que já vinha em um cenário extremo de aversão ao risco por conta da pandemia do novo coronavírus, viu sérias incertezas no rumo da economia e da política. Por isso, acelerou o movimento de fuga de capital, que tem colocado o dólar nas alturas e derrubado a Bolsa nas últimas semanas. A B3, por sinal, teve mais um dia de perdas e fechou com queda de 1,26%, aos 79.673 pontos.

“Ele era um dos pilares do governo. É uma baixa importante, que mostra o governo perdendo força. Então, cria um cenário de incerteza”, afirmou o diretor de câmbio da FBCapital, Fernando Bergallo, lembrando, que diante da crise do novo coronavírus, há incertezas demais rondando o mercado. “O setor externo vem guiando o ritmo nos últimos tempos, já que o coronavírus está afetando a economia de todo o mundo. E tudo afeta o mercado”, completou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Por isso, alguns analistas dizem até que, caso nenhuma boa notícia sobre o novo coronavírus dissipe parte das inseguranças nos próximos dias, o dólar pode chegar à marca dos R$ 6,00. 

“A percepção é que está mais fácil chegar a R$ 6,00 do que voltar para R$ 5,00. Afinal, não temos muita expectativa de melhora. Vemos um rali de aversão ao risco no mundo todo; a maior economia do mundo (Estados Unidos) continua descontrolada e, aqui, ninguém sabe até quando vai isso (os efeitos da pandemia)”, afirmou Bergallo, admitindo que “ninguém mais ousa” fixar um limite para o dólar. Afinal, a moeda americana começou 2020 cotado a R$ 4,02 e já passa dos R$ 5,50. Ou seja, subiu R$ 1,50 em menos de quatro meses. “No ano, a alta é de 38%. Não lembro de uma amplitude tão alta em uma velocidade dessa”, disse Bergallo.

Correio Braziliense